Capítulo 04

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Outra coisa que é meu padrão... Se meu time ganha, temos extra! Aproveitem!!!

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P.O.V. Beatriz

Que estranho, o colchão está macio. E tá tão quentinho, não quero acordar. Vou ficar quieta aproveitando até a minha mãe...

De repente me sento na cama assustada e um pouco confusa. Olho para os lados e me lembro de onde estou, e também que minha mãe nunca mais vai brigar comigo para levantar!

As meninas continuam dormindo e saio da cama devagar para não acordar as duas. Lembrar da minha mãe faz meu coração doer e está bem difícil segurar a vontade de chorar.

Ando depressa pelo corredor e desço as escadas correndo e é claro que algo acontece. Tropeço no último degrau e caio com tudo no chão, me esborrachando vergonhosamente. Dois pés esquerdos.

As lágrimas caem umas atrás das outras, e nada tem a ver com a queda. Estou tão triste que nem consigo me levantar, mesmo sentindo o chão gelado debaixo do meu corpo.

— Bia? O que você está fazendo no chão? — Minha madrinha pergunta preocupada mas não tenho vontade de responder. — Bia, fala comigo!

Ela tenta me levantar, porém meu corpo está pesado. Eu só quero chorar...

— Beatriz, levante-se imediatamente. — O padrinho fala com calma, mas mesmo calmo eu tenho medo dele.

E meu corpo tem pavor, porque mesmo sem que eu queira, me levanto vagarosamente e fico parada igual uma bobona chorosa na frente dos dois.

— Minha querida, o que aconteceu? — A madrinha pergunta com carinho enquanto me abraça.

— Eu acordei assustada porque a minha mãe não vai me chamar pra ir pra escola... não posso atrasar, e eu sempre cochilo depois que o relógio desperta e ela me acorda, aí como não tenho mais ela, eu sempre vou atrasar e...

— Bia, por favor, fale devagar!

— Eu não quero chegar atrasada...

— Minha querida, você não vai à aula essa semana.

— Não? Mas...

— Você está de licença por luto, Bia. Já comunicamos a escola.

— Padrinho, eu não posso faltar! Prometi pra minha mãe que seria a melhor aluna, não posso desapontar ela, ainda mais agora que ela não tá aqui pra brigar comigo e me mandar estudar!

— Beatriz, você não está conseguindo raciocinar direito, como pretende aprender alguma coisa hoje?

Ele tem razão, eu realmente estou mais lerda do que já sou.

— O que eu vou fazer o dia inteiro?

— Você pode me ajudar a lidar com as coisas da sua mãe. Eu pensei em doar as roupas dela, o que você acha?

— Tudo bem.

Assim que respondo as meninas surgem no topo da escada já vestidas para a aula. Sou arrastada para a mesa de café da manhã e eles não me deixam ir tomar meu lanche na cozinha. Morro de vergonha, mas me sento ao lado da Cacá.

Quando elas e o padrinho saem, entro no meu quarto com a madrinha e não tem jeito, choro de novo.

Não tem como não chorar olhando as roupas, sentindo o cheiro dela, lembrando da vida que passamos juntas nesse quarto. Minha mãe era brava e rígida, mas cuidava de mim.

— Você quer ficar com alguma coisa, Bia?

— Não, pode doar tudo. Vou ficar com as lembranças.

— Tudo bem.

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