P.O.V. Isadora
Eu amo meu filho do fundo do meu coração, mas como que pode um serzinho desse tamanho cagar tanto e tão fedido? Meu Deus, esse menino come carniça? Sinceramente não sei o que tem no leite materno pra feder tanto o caminhão de cocô que o Juan produz.
A Bela me ajuda em tudo, menos a trocar fraldas. Segundo minha irmã, as tias devem fazer apenas as partes legais da relação, e que não incluam dejetos e fluidos. Eu mereço.
— Mas já está com fome de novo? Juan, meu filho, pra onde vai tanto leite? — Pergunto para a bolinha chorona que berra a pleno pulmões.
A enfermeira Kate tinha razão, eu consigo diferenciar os choros do meu filho, e esse escândalo logo após a troca de fraldas significa: já estou limpinho, agora me alimente.
O coloco para mamar no seio esquerdo e fico viajando na carinha feliz e saudável do meu filhote. Como ele é lindo! Mesmo ainda banguela é o sorriso mais lindo do mundo!
— Oh de casa!
— Entra, Júnior!
O pai do meu filho chega com três sacolas cheias e um sorriso largo.
— Como estão as minhas duas pessoas preferidas no mundo?
— Estamos bem, e você?
— Deus te abençoe, meu filho. — Ele dá um beijo na testa do Juan e na minha também. — Estou ótimo, apesar da dor no coração.
— Não sabia que você era cardíaco...
— Sou não, mas minha morena não me quer mais, aí meu coraçãozinho nunca mais foi o mesmo...
— Mas é cara de pau! Deixa sua namorada saber disso...
— Que namorada? Sou solteiro e largado no mundo.
— Sei, ahan.
Júnior já tentou me convencer a morar com ele, a reatarmos o namoro, até a nos casarmos, porém continuo não querendo compromisso. Ao contrário do que minha mãe vive dizendo em indiretas para mim, não preciso de homem para criar meu filho.
Meu pai morreu de cirrose oito anos atrás e a deixou com duas crianças para criar, e mesmo assim dona Luzia fez um ótimo trabalho. Se ela conseguiu, porque eu não conseguiria?
— Eu trouxe mais fraldas, o talco que ele usa e aquele suco que você adora.
— Suco? Pra mim?
— Sim, eu li na cartilha que a mãe quando tá bem hidratada e bem nutrida ajuda a produzir leite. Sua mãe não conversa mais contigo mas eu sei que ela não deixa faltar comida, então posso ajudar com os líquidos.
— Chocada!
— Qualé, eu sou um bom pai! E cuidar da morena é cuidar do meu moleque, tô ligado.
Se eu ainda tivesse algum sentimento amoroso pelo Júlio tenho certeza de que seria uma esposa muito feliz. Ele é atencioso, trabalhador e carinhoso. Uma pena que não passou de uma rápida paixão.
— Muito obrigada pelo carinho e apoio.
— De nada, Dorinha. Tu não fez o pequeno sozinha, a responsa também é minha.
Nós três levamos um susto quando um trovão estronda. Juan solta o peito e começa a chorar e tento acalmá-lo, porém é em vão, o garoto berra a pleno pulmões.
— Vem cá com o pai, meu filho. — O entrego o bebê e ajeito a blusa. — Shiiiuuu, já passou, já passou.
E não é que o pequeno para de escândalo? Traíra! Dessa vez me assusto com um raio e vejo pela janela o tempo fechado.
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RomanceDuas mulheres, duas vidas completamente diferentes. Beatriz é uma advogada criada por uma família de classe média alta, independente e com um lado nerd bem fofo, além de um humor um tanto direto. Isadora é uma mãe de dois adolescentes que descobriu...