P.O.V de Davi
Eu ofendi o orelhudo. Eu nem precisei de ajuda para me foder...
Se controle, Davi, não se desespere. Lívia vai me tirar daqui... Ela não é tão insensível, afinal... Ela vai me resgatar.Aliás, as masmorras não são ruins, elas são uma prévia do que é morrer. Elas são frias e apertadas, e os elfos não me trouxeram nem um pão dormido, e eu estou morrendo de fome. Eu acho que a culpa é do rei, ele vai me castigar até que eu quase bata as botas.
"Eu queria não ter lido o maldito livro do demônio...", murmuro, deprimido.
Eu estou sentado no chão e encostado contra a parede da cela, olhando pelas frestas das grades. Há luzes de tochas e estas iluminam o calabouço que é grande e abarrotado de escadas e curvas, muitas curvas. O silêncio é ensurdecedor e o meu estômago, que está roncando, é o único que, nestes amplos salões subterrâneos, está fazendo um baita barulho.
"A barra está limpa, Orfeu... Venha.", diz uma voz e nela há uma pitada, quer dizer, meia xícara de má intenção.
Eu então me levanto e procuro pelo dono desta; eu suponho que seja um menino.
"Quem está aí?", pergunto, baixo.
"O que eu lhe disse, maninho? Ada o mandou para uma bela cela...", ri o lazarento que eu não consigo localizar.
"Por que eu ainda perco tempo apostando?", pergunta outra voz, bastante mal humorada, e logo o dono da mesma se coloca à minha frente.
"Porque você acredita que um dia você vai vencer.", retruca o primeiro, sarcasticamente. "Dez moedas, não se esqueça."
"Qual é a de vocês, seus moleques piolhentos?", pergunto, estressado e levantando a voz.
"Ei, não precisa gritar. Nós não somos surdos.", replica o garoto de cabelos vermelhos. "Eu sou Orfeu e o irritante do meu irmão é Eros."
"Quem...", começo, bancando o idiota.
"Ele, Eros.", responde Orfeu, inocentemente, enquanto fica na ponta dos pés.
"...te perguntou?", termino, sorrindo, indiferente.
"Ele veio da Terra, com certeza.", comenta Eros, que parece estar invisível.
"Eu não estou com vontade de...", começa o garoto, chateado.
"Você vai amarelar, irmãozinho?", pergunta o outro, com deboche. "Que decepção!"
"O quê? Não, é claro que eu não vou!", nega o de cabelos vermelhos, chacoalhando a cabeça para os lados.
"Ótimo!", ri Eros, diabólico. "Eu vou indo, eu não quero ser pego por um guarda."
"E eu vou ficar...", acrescenta Orfeu, entediado e enojado.
"Até logo, maninho!", se despede o pirralho, todo esnobe.
"Vocês andaram em meu quarto outra vez?", pergunta uma voz feminina, um tanto aborrecida.
É Lívia, ela apareceu no último instante e apanhou o que pareceu ser o vácuo para então puxar uma espécie de capa de cima de Eros, e revelar a figura da peste.
"NANA?!", exclama o moleque, e ele parece estar se cagando de medo. "Eu, nós... É..."
"Eu não quero desculpas, eu disse aos dois para não voltarem a surrupiar a minha Capa da Invisibilidade ou vocês teriam problemas!", vocifera a ruiva, e a sua sombra aumenta conforme ela fala, extinguindo a luz produzida pelas tochas.
"Eu o avisei, nana.", se defende o meu suposto companheiro de cativeiro. "Aliás, eu não entrei no quarto, nem roubei a capa."
"Dedo duro!", cospe Eros, bravo.
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A Rainha e a Plebeia
FanfictionDez anos após a batalha que reescreveu o destino de Esgaroth, Maeve Gaunt, uma bruxa muito bela e forte, quer vingança. Enquanto Lívia Gryffindor goza da paz de seu palácio, ao lado dos filhos e do marido, a mais nova inimiga da feiticeira está disp...