Capítulo XLIII: Vida

23 1 0
                                    

P.O.V do Narrador

Noite, silêncio. Lívia vigiava uma fogueira, no centro da clareira em que Maeve e ela haviam sido surpreendidas pelo passado da primeira com a ajuda da Poção Memoria, enquanto a platinada, encolhida em um canto mais afastado do calor do fogo crepitante, encarava os próprios pés, com a sua mente vazia, e a mais velha cuidava da jovem de longe.

"Ei, pequenos.", chamou ela, a elfa conversava com vagalumes, atraídos pela luz dourada, própria, da feiticeira. "Vão e animem a bruxinha."

"Eu não estou surda, a ouço perfeitamente.", sussurrou a garota, fracamente, deprimida. "Por que você continua assim, Aureum?"

"Dourada?!", exclamou Lívia, lisonjeada. "Nossa... Apelido perfeito. Bem, eu notei que quando eu fico assim, 'dourada', não sinto fome, frio, sono."

"Hum... Isso é uma bênção, você disse antes?", perguntou a bruxa, suspirando.

"Sim.", consentiu a outra, enquanto os insetos brilhantes, 2 dúzias, voavam para perto da mais jovem. "Você não está surda, mas está deprimida."

"Você queria que eu estivesse sorrindo igual a uma idiota?", replicou Maeve, a voz rouca. "Perdão, mas... Ser feliz o tempo todo é para..."

"Drogados?", sugeriu a de madeixas douradas, descontraída.

"Loucos, eu ia dizer loucos.", a corrigiu a platinada, séria, o que era normal para ela.

"Perdão... Eu me lembrei de meu professor de biologia, ele dizia essas coisas ridículas.", pigarreou a outra, se levantando de um tronco de árvore, que servia de banco, e indo até a garota. "Eu não sou o tempo todo."

"O quê? Feliz?", perguntou a bruxa, confusa.

"É.", sorriu a elfa, apanhando um cobertor felpudo e quente, e o colocando sobre o corpo da outra. "Ser feliz o tempo todo é impossível. A não ser que você more em Aman, do contrário..."

"Como?", insistiu Maeve, interessada e descrente.

"Ãhn... O que você quer dizer com esse 'Como?'?", respondeu a feiticeira, com outra pergunta, desentendida. "Explique isso claramente, pois eu não estou a fim de invadir os seus pensamentos de novo."

"Vo-você é...uma, ãhn, rainha.", começou a mais jovem, parecendo acanhada.

"E?", a provocou Lívia, divertida.

"Ah, você sabe. Você é idolatrada como se fosse uma deusa. As pessoas a veem e dizem: 'Pelas barbas de Merlin! A Garota da Profecia!'.", retrucou a platinada, menos entristecida. "Um rei, príncipes, princesas, os seus filhos, é, fama, ouro, palácio, poder ilimitado. Eu aposto que você é perfeita, sem defeitos e todos a amam."

"Ãhn?", riu a mais velha, consigo mesma. "Você é engraçada, Gaunt. Eu não sou perfeita. Ok... Não faça essa cara. 100% perfeita? Não, sem chance. O meu marido me contrariaria, eu sei, mas... Ah, você supôs o começo errado. R-E-I-S. Porque eu vivo cheia de pretendentes e Duil odeia eles."

"O que eu disse?", sorriu a outra, tentando se esquecer de tudo o que incomodava o seu âmago. "Você é mais famosa do que Merlin e, também, mais poderosa do que ele. Topás adora você e me infernizava com histórias sobre o quão incrível a amiga elfa dela era."

"Segundo Sirius, a sua raça não me conhece, não de verdade.", argumentou a de madeixas douradas, distante.

"Como assim?", perguntou a garota, curiosa.

"Eu não nasci aqui, era humana antes da profecia, a primeira, e mais fodida do que você, Platinum.", respondeu a elfa, solene.

"O QUÊ?", gritou a bruxa, os olhos brancos arregalados. "Como isso é possível?"

A Rainha e a PlebeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora