03. Your lips, my lips, apocalypse

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Kyle estava sentado na escada da saída de emergência do seu apartamento, tragando lentamente o cigarro enquanto observava o movimento da rua abaixo. O prédio era um clássico pré-guerra, com sua fachada de tijolos vermelhos, janelas grandes e detalhes em ferro. O apartamento de Kyle ficava no quinto andar.

Ao entrar, todo o ambiente tinha o cheiro do seu perfume, chão era de madeira com sinais de desgaste, as paredes eram pintadas de um branco, mas o que destacava eram os grafites que ele e Blake tinham feito, assim como no apartamento dele.

A maioria dos móveis foi comprado em brechó ou lojas de antiguidade, Kyle realmente não se importava muito com a decoração do lugar, passava mais tempo fora.

A pequena cozinha no canto direito tinha armários de madeira escura e um balcão de mármore que contrastava com o fogão e a geladeira, os azulejos antigos da parede exibiam um padrão delicado em tons de azul e verde.

Aquele era um apartamento estúdio, e isso significava que não tinha muitas divisórias, o quarto e a sala era um ambiente só.

A cama, ao lado da janela maior, estava coberta com uma colcha azul-escuro, e ao seu lado, uma estante cheia de objetos jogados e um tanto empoeirados, o guarda-roupa era o compartimento baú da cama de casal, e encostada na parede, havia os monitores e outros eletrônicos que Kyle usava para trabalhar.

Kyle resolveu fumar na escada de emergência, estava impaciente, sabia que precisava parar de fumar antes que destruísse o próprio pulmão. Faz dois dias desde que ele e Blake haviam se beijado, seu estômago dava voltas de nervosismo, que ele fazia questão de ignorar, tragou novamente o cigarro, sentindo o sabor da mente e deixando a fumaça escapar lentamente, eles eram melhores amigos certo? Às vezes isso acontece entre amigos e está tudo bem.

Além do mais, Blake havia levado ele pra casa, eles tinham se divertido no caminho, se despediram normalmente, mas... a mente de Kyle insistia em voltar para aquele momento.

Ok, ele tem que admitir que estava tão emocionado e afetado assim porque ele tinha uma queda por Blake.

Bom, ele tinha pensando em beijar o amigo várias vezes, mas nunca fiz até dois dias atrás por causa da porra de um jogo de verdade ou desafio, Kyle se sentia um adolescente que tinha dado o primeiro beijo em um jogo daqueles, que patético.

Ele se perguntava o que Blake sentia, se aquele beijo havia significado tanto para ele quanto para Kyle. O ar do fim da tarde estava fresco, uma brisa leve balançava seus cabelos platinados, trazendo um pouco de alívio para a tensão que sentia.

O som de passos trouxe Kyle de volta à realidade, ele apagou o cigarro na grade de ferro e virou-se para encontrar Blake subindo os últimos degraus da escada de emergência. Os olhos de Blake encontraram os de Kyle, e por um momento, o silêncio parecia carregado de tudo que não haviam dito desde aquele beijo.

- Oi - disse Blake, um sorriso nervoso nos lábios ao mesmo tempo simpático. - Tava tatuando um desenho ridículo em um cara.

- Aposto que você só fez piorar a tatuagem. - Kyle soltou um riso breve, mas sincero, que dissipou um pouco da tensão que pairava no ar.

- É óbvio que sim.

Blake deu de ombros e encostou-se à grade ao lado de Kyle, seu corpo quase tocando o dele. O silêncio voltou a se instalar, mas desta vez era mais confortável, como se ambos estivessem tentando encontrar as palavras certas.

- Já pensou na sua próxima? - Blake finalmente disse, olhando para o horizonte, evitando os olhos de Kyle.

- Ah, pensei bastante em tatuar o seu rosto, como uma homenagem, o que acha?

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