Capítul 20

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Alana narrando

Eu estou apenas correndo desesperada e quando vejo o elevador a minha frente, não penso duas vezes. Para o meu alívio Pesadelo não está vindo atrás de mim, aparentemente.

As perguntas que rolam pela minha cabeça são infinitas, mas se eu parar para respondê-las ficarei paralisada. Por sorte a reunião do Lorenzo é no refeitório do hotel. Eu estou indo para lá desesperada e totalmente perdida. Ele é a única pessoa que pode me salvar.

O elevador chega ao andar do refeitório e saio correndo sem olhar para trás ou para os lados. Assim que piso no refeitório percebo que Pesadelo está logo atrás de mim. Estamos na frente de todos e mesmo que ele seja um ser humano completamente maluco, ele não quer chamar atenção de todos.

Para o meu total alívio, escuto Lorenzo me chamar.

- Alana ! - ele acena e me chama até ele.

Respiro fundo e caminho calmamente em sua direção.

Comprimento a todos e me sento ao lado do meu namorado. O tempo passa e logo a reunião termina.

- Está tudo bem ? - Lorenzo pergunta e percebo a preocupação na sua voz.

- Pesadelo descobriu que estou viva. - ele me olha assustado. - ele veio até aqui me buscar, mas por sorte consegui chegar até você. - deixo as lágrimas rolarem. - está tudo acabado Lorenzo. Ele não irá desistir até me ter ao seu lado novamente. - Lorenzo me abraça.

- Nós vamos resolver isso, Alana. - ele respira fundo. - não vou deixar ele fazer mal a você novamente.

- Olha, o importante agora não sou eu. Você precisa pensar em você. - o abraço. - mesmo que eu queira fugir imediatamente, preciso colocar um ponto final nessa história de uma vez por todas.

- Você está pensando em ir até o morro ?

- Não é necessário, eu sei que ele vai voltar. - olho em seus olhos. - isso não muda nada entre a gente.

- Eu sei, amor.

Voltamos para o quarto e o restante do dia foi tranquilo na medida do possível. Combinei com Lorenzo de ficar sozinha amanhã, pois quero conversar com Pesadelo.

Dia seguinte

- Tem certeza disso ? - Lorenzo pergunta e percebo sua preocupação.

- Fique calmo. - o tranquilizo. - se algo sair do controle irei notificar a recepção. - beijo seus lábios. - te amo.

- Também te amo. - ele me beija e sai.

Passo o restante do dia sozinha no quarto e quando estava prestes a desistir de esperar, escuto alguém bater na porta. Eu nem me dou ao trabalho de perguntar quem é, apenas abro e não me surpreendo nem um pouco ao vê-lo.

- Feliz em me ver ? - ele pergunta e sai entrando.

- Feliz não é o adjetivo correto. - respiro. - precisamos conversar.

- Não temos nada para conversar, você vai voltar comigo para o morro agora mesmo. - fala de forma autoritária.

Eu fecho a porta, entro no quarto e me sento em uma das cadeiras.

- Sente-se. - aponto para a cadeira a minha frente.

- Você não...

- Senta por favor. Eu preciso falar com você.

Ele reluta um pouco, mas depois de um tempo finalmente senta na cadeira e me olha nos olhos.

- Antes de você começar com seu papinho, eu quero saber sobre a minha filha. - por mais que eu saiba a resposta, a sua pergunta me deixou completamente sem reação. - eu não a vi e pelo que vejo, não parece ter coisas de criança nesse quarto.

- Ela... - as lágrimas surgem em meus olhos.

- O que você fez com ela ?

- Você realmente acha que eu seria capaz de fazer algo com minha filha ? - pergunto ofendida. - eu a amei muito antes de você, mesmo que ela não fosse fruto de um relacionamento saudável, eu a amei. - desabafo de uma vez só. - ela teve uma doença congênita no coração. Minha princesinha nasceu fraquinha e por isso não foi capaz de viver. - tento segurar as lágrimas. - naquele dia uma parte de mim morreu junto com ela.

Pesadelo está estático e parado a minha frente, ele parece não acreditar em minhas palavras.

- Eu sei que menti sobre a minha morte, mas não mentiria sobre a nossa filha. - falo chorando.

Vejo seus olhos encherem d'água e ele começa a chorar.

- Pesadelo...

- Eu estou bem. - ele tenta se controlar. - é só que...

- Pode falar.

- Quando soube da sua suposta morte, meu mundo caiu e fiquei completamente perdido. - ele faz uma pausa. - eu só conseguia pensar em vocês, na família que eu tinha perdido. - respira fundo. - quando descobri que você estava viva, por um momento meu mundo voltou a ter cor, pensei na nossa filha, em como ela seria, na cor dos seus cabelos, dos seus olhos, pensei em como vocês estariam.

- Pe...

- Mas tudo mudou novamente. Nossa filha não está mais aqui. - ele olha em meus olhos. - eu sequer a peguei no colo. - ele desaba a chorar e fico completamente sem reação.

- Também foi difícil para mim, teve um tempo em que eu não queria fazer mais nada, queria apenas morrer e me juntar a nossa princesa. - seco suas lágrimas. - mas então consegui seguir em frente e refazer minha vida. - olho em seus olhos. - você também será capaz de recomeçar. Não se preocupe.

Ele levanta e continua me olhando.

- Vamos continuar essa conversa outro dia, agora não tenho cabeça para mais nada.

- Por mim tudo bem.

- Eu venho amanhã, dê um jeito de se livrar daquele babaca, assim poderemos conversar sozinhos.

- Tudo bem. - O levo até a porta e quando ele vai embora respiro aliviada.

Pesadelo narradando

Eu perdi minha filha. Meu Deus ! Eu estou passando por toda aquela dor novamente.

- Seja forte, Hugo. - tento né controlar, mas não consigo.

Minha filha era tudo para mim e eu sequer pude criá-la, sequer pude participar do período em que ela ainda estava na barriga.

Mesmo que eu não a tenha fisicamente, minha filha sempre vai existir no meu coração.

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⏰ Última atualização: Nov 25, 2022 ⏰

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