E V A N G E L I N E
Me aproximo do casebre, sentindo-se hesitante. Meu coração bate tão acelerado, que até mesmo os animais da floresta, — Se é que existe algum nesse lugar sombrio — talvez possa ouvir, mas tenho algo a fazer, e não desistirei. A porta está fechada de modo miserável, e imagino como a velha senhora pode sentisse segura em um lugar como esse. A floresta ao redor é tão fechada e quente, que nem mesmo plantas rasteiras se desenvolve e as de altura parece que não se recuperaram durante a primavera, deixando apenas galhos pretos e secos, com o cheiro horrível de fungos e morfo.
— Entre. — A voz arrastada veio do escuro da cabana, e entro a passos inseguros. — Não precisa ter medo. Como pode ter medo, de algo que você mesma veio procurar?! — uma fresta de luz, entra pelo telhado desfeito, e posso ver os olhos brancos da velha bruxa. — O que deseja?!
Ofego um tanto temerosa do que farei, porque se ela disser ao caçador que vim até aqui em busca de sua ajuda, ele me matara, e muito provavelmente também a ela. Matá-la realmente não seria nenhum sacrifício, afinal esse é seu verdadeiro trabalho, e com toda certeza não se sentiria impedido pela face vulnerável da velha bruxa.
— Preciso que me faça algo para mim. Quero que faça um feitiço, e, me deixe livre do meu marido. — Peço, colocando algumas moedas sobre a mesa. — Quero ser livre. — Conclui com desejo e veemência.
— Me diga como é seu marido, Evangeline. — pediu, e quase entro em pânico quando ela diz meu nome. — mesmo que já saiba como ele é, quero saber em suas palavras. — Me encarou com seus olhos brancos tenebrosos e sem vida, e me vejo compelida a falar tudo o que vem a minha mente.
— Não me casei por amor, e sim por um arranjo do meu pai. Meu marido é um homem grosseiro, e ignorante. E me causa medo. — Conto a bruxa, que se concentra a mexer em um pequeno recipiente, fazendo uma mistura de ervas. — Um perfeito selvagem, que não me deixa ao menos ir à cidade ver minhas irmãs. Odeio ter que conviver com ele e toda a sua arrogância.
Penso em Gregório com certo asco. Seu corpo grande e com cicatrizes de batalha, e o modo que me observa parecendo apenas uma fera avaliando sua presa. As vezes ele passa semanas longe com meu irmão, fazendo suas caçadas e esse é meu momento de alívio, mesmo que ele me deixe praticamente trancada e nem mesmo vejo qualquer um que venha cuidar dos rebanhos, e deixar suprimentos na porta.
— Ele bate em você?! — neguei e me recrimino em seguida, ao lembrar da condição de visão da mulher.
— Apesar de ser grosseiro, ele sempre desconta a raiva em qualquer estrutura ao seu redor, mas nunca me bateu, apesar de me deixar com muito medo. — A velha assentiu, e continuou seu preparo. — Às vezes. Acho que ele está chegando em seu limite, e provavelmente um dia me batera. Eu vejo nos olhos dele, sentimentos que jamais vi em mais ninguém. — Fico nervosa, apenas em pensar na forma que ele me encara, como se pudesse me devorar, igual a uma fera selvagem.
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AÇÃO E REAÇÃO |+18|
RomanceCONTEÚDO ADULTO 🔞 Evangeline foi dada a Gregório, como pagamento de uma dívida. Casada com caçador, e morando afastada de tudo de todos, resolve ser a pior esposa possível, e dois anos depois, cria um plano para tirar a vida do marido. Gregório re...