CAPÍTULO 7

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G R E G Ó R I O

Sou um caçador, afinal!

Deveria ter sentido que tinha algo errado. Meu coração bobo e sempre apaixonado, se deixou levar com sua mudança, e acreditei, realmente acreditei, mas, ela não me enganara novamente. Evangeline foi minha maior decepção, porque apesar de tanto me acusar ser um mal marido, nunca tive nenhum exemplo bom para seguir, porém, mesmo assim sempre quis cuidar dela com amor e respeito. 

— Disse que não queria problemas com você, caçador. — A velha bruxa implora, mas, me recuso a me distanciar. — Já mostrei tudo! Eu só fiz o que ela pediu. — Indicou forçando suas amarras. 

A velha me mostrou a visão da Evangeline na sua toca, falando de mim com tanto desprezo que me deixou sem rumo. Com todos os problemas tínhamos, esperava que não me repugnasse daquela forma, ou não ao ponto de chegar a tanto. 

— Tínhamos um acordo. Eu não mexia com você, e você não mexia comigo. — Ela me olha, seus olhos brancos não me afetam, não poderá ver minha alma, mesmo que não possa me influenciar em nada. — O mesmo servia para minha mulher! 

— Foi ela que me procurou. Não me culpe, pela oportunidade que tive. — Neguei, sentindo a raiva escorrendo em cada ponto do meu corpo. — Homens como você não deviam se apaixonar, porque o máximo que ganharam, é o desprezo merecido.

Sai do casebre, e começo a incendiá-lo, com a bruxa presa em seu interior. Que inferno ela tinha que vir aqui?! Os riscos que aquela boba correu, apenas para tentar contra a minha vida.

Iria deixá-la apenas uma semana com aquela família horrível dela, deixando saber o que realmente são, e na primeira noite, me senti tentado a não prosseguir com seu castigo. Velei seu sono, na noite fria e aqueci seu corpo o quanto pude, e ainda deixando as previsões para se manter abrigada, porque o que realmente queria era envolvê-la em meus braços e trazê-la para minha proteção. 

— Pronto?! — meu cunhado aproximasse, e assinto vendo as brasas cintilantes, e o fedor podre da bruxa sendo queimada. — Ela está inconsolável. Até quando vai levar isso adiante?! — Carter se preocupa com a irmã, mas ainda estou muito furioso com ela.

— Não posso trazê-la agora. Saber que estava tentando me matar, foi, — Passo minhas mãos nos cabelos, me sentindo perdido demais para qualquer outra coisa. — Aterrador. Meu erro foi mimar demais a mulher que seria minha?! Quis apenas dar o melhor a ela. Você sabe, sabe que andaria em brasas, para que ela não se machucasse. Ela era muito nova! Não poderia trazê-la para mim quando aceitei ela como minha.

— Eu sei. — Ele suspira inquieto. — Não tinha como ela saber que meus pais são daquela forma. — Tenta amenizar.

— ELA QUERIA ME MATAR! — grito com ele. — mesmo quando ela me levava a todos os limites da paciência, nunca agredi. Nunca dei um tapa nela, e ela resolveu me envenenar. Sabe o que aquela mistura faria comigo?! — minha cabeça dói, cheia de desalento. — Iria me corroer aos poucos. Eu era realmente alguém tão ruim para merecer isso dela?! Você lembra no início do casamento?! Você sempre viu. Eu tentei ao máximo. Vivia como um cachorrinho, sempre a agradá-la, até que não fiz mais questão de tentar, vendo que tudo o que ela fazia era para me desagradar, e me humilhar.

— Eu sei, eu sei! — se rendeu, olhando para as cinzas que se formam. — Ela levou o casamento de vocês como uma brincadeira de criança. Me contou sobre como estragava sua comida, soltava o rebanho para que você passasse a noite fora tentando juntar, entre outras bobagens infantil.

— O risco que ela correu, vindo aqui. — Olho ao redor, a floresta fede a magia negra. — Maldita bruxa!

— Ela se aproveitou da ingenuidade da Evangeline. — Confirmo, não deveria ter deixado essa maldita bruxa viva, sei o quanto são traiçoeiras.

— Isso não muda o fato, que ela veio procurar. — Comento, ainda tão magoado que dói.

— Não muda. O que fará?! — questiona preocupado com a irmã.

— Não sei. Mas, não existe nenhuma maldita chance de ficar sem ela. — Declaro, sentindo uma fúria ardente, rastejando em todo o meu corpo.

Recordar de estar com ela deixa meu corpo ardendo e suplicante para tê-la novamente. Eu sinto que Evangeline realmente se entregou naquele momento, e usei tudo de mim para conseguir me controlar e não confrontar sobre o veneno, ou deixá-la para sofrer sobre o toque de outro. 

— Tratou ela como uma prostituta. — Me olha ressentido.

— Quer mesmo que repita o que ela pretendia fazer comigo?! — levanto a bolsinha de couro, e mostro o maldito veneno.

Estava com saudades, mas, sabia que devia passar essa semana longe. Cárter faria seu trabalho em protegê-la discretamente, e não deixaria os seus pais ir longe demais. Estava ansioso para moldá-la em meus braços e trazê-la para casa, porque mesmo triste com sua família, ela havia prometido que estava tentando por nosso casamento, então tínhamos chances.

— Talvez minha irmã não seja tão diferente dos meus pais, mesmo tendo sido criada praticamente por você. — Carter está preocupado com o futuro da irmã, e entendo ele.

— Eu me deixei se enganar, pelo meu enorme desejo de damos certo. — Assumo, não sabendo como reagir a tudo isso.

Estava odiando Evangeline, e até pensei em deixar que fosse para outro naquele leilão, mas, não consegui. Meu coração não permitiu, e por fim tive ela nos meus braços, mas na minha cabeça, não esquecia o fato que tudo aquilo, é falsidade, e ela estava apenas esperando o momento certo para me matar.

— Sou um marido rude, mas sabe como fui criado. Matei minha mãe no parto, e ainda era uma criança quando meu pai me abandonou na floresta. — Aponto ao redor, lembrando do motivo de odiar as malditas bruxas. — Me levantei do nada, e ainda mais após seu pai ter me dado Evangeline. Queria dar o melhor futuro a ela, e me tornei o mais rico e temido do vilarejo, mas não consegui o que mais desejava. — Lamento, sentindo que tudo foi em vão.

Fico ali na floresta, assistindo até o último pó da casa e da bruxa queimar, e finalmente caminhamos para casa, porque esse lugar é tão sujo que nem mesmo meus cavalos, aceitam estar aqui. Meu cunhado retornará a vila, e cuidará de Evangeline, porque ainda não estou conseguindo isso. Minha raiva por ela ainda está muito na borda, e não quero magoá-la mais, porque mesmo sabendo que ela tentou contra a minha vida, não consigo gostar de vê-la sofrer.

Sozinho na cabana, observo cada lugar deixando limpo. Sujeira, remete à podridão das bruxas ruins, e não gosto de algo que liguem elas a minha casa.

Sinto falta de Evangeline, como se um dos meus membros estivesse faltando, e me condeno por isso. Deve ser uma doença isso que sinto por ela, talvez alguma bruxa tenha me amaldiçoado a isso. A cada instante, lembro da sensação incrível que foi tê-la, mesmo que estivesse controlando toda a raiva por ela, porque não poderia machucar minha esposa. Seu olhar assustado, ao ver o divórcio, me fez ainda mais irritado, porque seu desejo de estar comigo, não vem de gostar de mim, e sim com o medo do que seria dela sem minha proteção.

Ela buscou algo, e agora junto ao meu amor, também tem minha raiva. Não estamos mais falando de como ela estragava os alimentos, deixava a casa suja, ou quebrava ou destruía minhas coisas, apenas para tentar ser a pior esposa, ela tentou me matar, e a todo instante, coloco em uma balança, para tentar saber se precisava chegar a tanto.

Deixo que passe dois dias, e finalmente retorno ao vilarejo. Um plano organizado na minha mente, e meu coração aos saltos a cada passo menor a distância dela, porque apesar de tentar odiá-la com tudo de mim, não sou totalmente capaz.

[...]

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