CAPÍTULO 3

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G R E G Ó R I O

Acordo sozinho, e vejo que o dia já amanheceu. A tempos não tinha uma noite tão reparadora, e comemoro internamente por isso. Evangeline não estava mais sobre meu corpo, como na madrugada, e imagino que esteja trabalhando nas carnes que trouxe.

Evangeline?! — chamo, mas não tenho resposta.

A mesa está posta. Existe leite quente, e pães. Após uma breve refeição, vou em busca da minha esposa, e encontro ela no galpão, cortando e deixando a carne pronta para ser defumada para guardar. 

— Quer ajuda?! — me ofereço, querendo que ela tenha um descanso.

— Não precisa. — Sorriu, secando sua testa suada. — Falta pouco para terminar. Estou desde que o sol soltou seus primeiros raios. — Conta, e me culpo por ter dormido até está tão alto.

— Poderia ter me acordado, e viria te ajudar. — Comento, pegando uma faca extra nas minhas bolsas, recebendo seu olhar incrédulo.

— Estava cansado e dormindo. Normalmente você fica bravo até quando ando pela cabana, não quis irritar. — Declarou hesitante.

Normalmente quando chego das caçadas, estou muito cansado, e todas as vezes ela briga porque sujo tudo por onde passo, e acabo ficando além de exausto com dor de cabeça, e parece que até seus passos pela casa são mais pesados, e tudo que ela toque vira um barulho horrível, me deixando possesso de raiva e desconforto. 

— Irei ajudá-la, assim terminamos mais rápido. — Me aproximo, e ela aceita sem questionar.

Enquanto trabalhamos nas carnes, puxo assuntos, e mesmo que suas respostas sejam curtas, isso me anima. Normalmente ela só fala o necessário, e quando realmente não pode passar sem, as vezes dias sem nenhuma palavra sua, a menos que a forçasse a falar, ameaçando dá-lhe um castigo.

— Sinto muita falta de andar no mercado. Fazer compras e também ver e conversar com as pessoas. — Deu de ombros, explicando sobre o que sentia saudades. — Também tem meus pais, e minhas irmãs. Talvez já tenham tido filhos e talvez até mais de um. Você nunca me fala sobre como estão todos, e... Meu irmão não fala muito.

— Iremos antes do inverno. — Seus olhos verdes brilharam de empolgação, e fiquei satisfeito com isso, mesmo que dentro de mim, o ciúme se alastre em cada parte do meu ser.

Evangeline é uma mulher linda, e com a família de merda que tem, muitos tinham esperança em tê-la. Seu pai venderia até a própria mãe, para ter dinheiro para pagar putas e jogos, e quando ele insistiu e persistiu para que aceitasse ela pela dívida, inicialmente aceitei unicamente pelo motivo que se não fosse eu, seria outro, e nem todos os homens a veriam apenas como uma menina miúda e sem atributos femininos, e seria algo que não conseguiria levar para mim, como culpa. 

— Obrigado. — Beijou minha bochecha, e voltou ao seu trabalho, dessa vez cantarolando algo baixo, em sua voz doce.

Os dias que se seguiram foram de extrema paz, e uma semana depois organizei a viajem até o vilarejo. É mais de meio dia de viajem, então vamos em cavalos separados, e com o tempo apenas no meu, e dar um descanso a fêmea que está grávida. Minha esposa parece radiante como jamais havia visto, e isso causa uma tensão estranha no meu estômago, um acelerado bom no meu peito. 

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