CAPÍTULO 4

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E V A N G E L I N E

Gregório está furioso, e me condeno porque agora todos vão perceber que não nos damos bem. Vir ao vilarejo, era mais que uma oportunidade de falar com minha família, mas, também a chance que todos os fofoqueiros vissem, o quanto estamos felizes e bem, porém, é difícil segurar minha boca fechada, e agora estou sendo arrastada até a casa dos meus pais. Ninguém realmente se importa, mas não significa que não vão falar.

— Por favor! Me deixe. — Ele virou seu corpo e me encarou, seu olhar está banhado em fúria. — Eu não aguento mais está com você. — Imploro, e ele me avalia ponderando. 

— Quer mesmo que te deixe, Evangeline?! — seu corpo se avolumou, enquanto espera minha resposta. — Quer ficar com eles, e com a vida que os seus, são capazes de proporcionar?! — hesito, porque se o que ele falou for verdade, estarei com problemas.

— Quero. — Seu olhar mudou para magoado, mas ele assentiu.

— Tudo bem. Vou revogar o nosso casamento, afinal não foi realmente consumado. — Declarou, e não me olhou mais, soltando meu braço como se algo o queimasse. — Vamos! Irei entregá-la, da mesma forma que recebi.

Ele não mais levou a mão as minhas costas, e estranhamente me senti desprotegida com o ato, e quando chegamos a minha antiga casa, realmente me assusto com a situação precária que se encontra. Não imaginei que meus pais estavam com tantos problemas financeiros, porque tínhamos uma vida razoavelmente boa.

— Erasmo?! — a voz de trovão, veio do homem ao meu lado. — Saia! 

— O que está acontecendo?! — meu pai saiu apressado. — Caçador?! O que está fazendo aqui? — encarou o homem nervoso, e nem mesmo me olhou.

— Aqui está sua filha. Nosso casamento nunca foi consumado, porque ela sempre me rejeitou, e como ela não quer mais viver comigo, estou aqui para devolvê-la. — Meu pai ficou pálido, e me senti tremer. — Ela é uma péssima dona de casa, mas, em consideração a última semana, do qual ela resolveu tentar ser um pouco melhor, vou tirar metade da dívida, mas, o restante quero em no máximo um mês.

— Espere! Não pode ser assim. — agora minhas duas irmãs apareceram na porta junto a minha mãe, todas bem mais velhas que costumavam ser. — não pode desfazer nosso acordo assim. É só insolência de mulher, seja mais pulso firme, que resolverá. — O conselho do meu pai me magoa, mas, prefiro pensar que é coisa do calor do momento. 

— Não irei mais obrigá-la a viver comigo. — Declarou, finalmente me olhando. — Virei deixar suas coisas em no máximo uma semana. — Virou e saiu, como se não importasse mais.

— Mamãe! — sorri, porque finalmente estou livre para voltar para casa, mas, o olhar dela foi de raiva e dos outros não foi diferente. — Não estão felizes que voltei?! — encolho ofendida, porque sempre foram todos muito cuidadosos comigo.

— Como pode fazer isso conosco?! — meu pai me olhou irritado. — Como vamos pagar essa dívida?!

— Eu irei trabalhar, e ajudarei. Sei escrever, e posso cuidar de alguma criança rica da vila. — Tento aliviar.

— Ninguém vai deixá-la cuidar de nenhuma criança. — Pela primeira vez, escuto a voz da minha mãe. — Com sorte, você poderá trabalhar com suas irmãs, na taberna.

— Taberna?! — meu corpo treme, somente em pensar naquele lugar cheio de bêbados sujos, e mulheres promíscuas. — Estudei, posso conseguir algo melhor. 

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