fake smile

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ROSEANNE PARK

O cheiro de casa era estranho agora. Mas era bom. Quando olhei para o edifício que carregava um legado que minha família construía há anos, senti um peso sair do meu peito. Passei as mãos no rosto, limpando qualquer resquício de lágrimas que um dia estiveram ali. Passei os últimos trinta minutos chorando dentro do carro, tendo em mente que os dois seguranças estavam vendo aquilo e só fingindo que nada acontecia no banco de trás.

Uma mulher caminhou até o carro e abriu a porta para mim.

— Olá senhorita Park! — ela tinha um sorriso de orelha a orelha.

Forcei meus lábios a se repuxarem para cima enquanto saía do carro. Uma fortaleza de homens estava cercando o lugar que um dia não precisava de tanta segurança assim.

— Seu pai está ansioso para vê-la.

Ela acenou para que eu a acompanhasse, e assim o fiz. As pessoas dentro do meu edifício me olhavam — só então notei os trajes que eu usava. Uma camiseta três vezes o meu tamanho e um shorts que caía em meu quadril, o qual eu precisava ficar levantando toda hora.

— Imagino que queira tomar um banho e trocar de roupa, providenciarei isso o quanto antes — ela arrumou o óculos na face, e fiquei surpresa por sua franja não se movimentar quando ela andava.

— Qual o seu nome? — perguntei.

— Ah, sou Lalisa Manoban — ela estendeu a mão em minha direção quando entramos no elevador, com dois seguranças nos seguindo — Mas sinta-se a vontade para me chamar de Lisa.

Lisa! Ela era a garota que tinha ligado para Jungkook.

— Ok, Lisa.

Ela começou a falar sobre as reformas recentes que o prédio tinha passado, sem citar a questão da segurança para não me deixar desconfortável. Estava frio naquela caixa de ferro, e quando chegamos ao andar do escritório do meu pai, praticamente corri para dentro.

— Rosie! — meu pai me abraçou forte assim que me viu — Quase me matou do coração.

— Oi.

Taehyung estava do outro lado da sala, examinou o meu rosto, e mesmo que não houvesse uma pista de que eu tinha chorado, ele notou no instante em que me viu.

— Como você está? Passei dias tentando de todas as formas achar você. Ainda bem que Jeon ligou e...

— Eu quero tomar banho — o interrompi, antes que ele citasse Jungkook outra vez.

— Claro, Lisa, pode providenciar isso?

— Com certeza.

A secretária saiu da sala e começou a discar em seu celular, meu irmão se aproximou de mim deixando a proximidade com a janela do escritório.

— Aposto que está com fome.

— Acertou — suspirei.

Eu ainda estava meio brava com Taehyung por propor a ideia de que eu deixasse Jungkook, mas a minha raiva se dissipou dando lugar a angústia do que estava por vir. Meu irmão passou o braço pelos meus ombros e me levou em direção a porta.

— Vamos comer alguma coisa, a gente já volta pai — ele avisou, e nós saímos daquela sala.

Eu sabia que seguranças nos olhavam enquanto íamos até o elevador. Assim que encostei minhas costas na parede de ferro, senti o impulso de chorar de novo. Não só por Jungkook, mas por toda aquela situação que parecia não ter fim. Foi a primeira vez em dias que percebi o quanto queria ter a minha vida de volta — queria poder sair com minha melhor amiga, andar pelas ruas sem ter seguranças me seguindo, poder pegar um dos livros da minha velha estante e ler em um dos bancos do parque. Eu só queria que aquilo acabasse o quanto antes.

PANDORA | rosekookOnde histórias criam vida. Descubra agora