cinnamon girl

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ROSEANNE PARK

Já fazia cinco dias que eu estava hospedada na casa de Leo. Ele dizia que gostava de ter companhia, mas eu sentia que se ficasse mais uma semana ia incomodá-lo. Ele parecia muito bem acomodado morando no meio do nada com seus passarinhos. Tentei usar o celular, mas o único sinal próximo da casa era 10km dali.

Tinha aproveitado aquele tempo para pensar em tudo. Depois das milhares de conversas com Leo, minha mente clareava com o tempo.

Eu não era só os meus traumas.

E ele estava certo, eu precisaria de todo apoio quando voltasse ao mundo real e tivesse que lidar com tudo.

Ia começar a fazer as sessões de terapia até recuperar boa parte da memória ou todas elas. Na última semana, eu acordava de madrugada gritando ou chorando. Leo ficou preocupado, e eu não consigo mais dormir depois que acordo de um pesadelo.

Andei pensando em Jungkook.

Cometi um erro deixando ele para trás e mentindo quando disse que não o amava. Eu era doida por ele. Não teve uma noite em que não desejei encostar a cabeça em seu peito, e não no travesseiro. Sentia falta do cheiro da sua pele, de arranhar suas costas quando o suor escorria enquanto ele me amava. Estava sentindo falta de tudo que Jungkook fazia, representava.

Estava com medo de tê-lo perdido para sempre.

E foi com esse pensamento que me levantei depois de seis dias e arrumei minhas malas.

— Eu te levo até a estação — Leo ofereceu.

— Devia ir pra cidade me visitar também, viu?

— Você vai continuar vindo aqui sempre. Eu estou velho demais para viver no meio daquele bando de gente que vive agrupada em Seul — ele abriu o porta-malas e deixou minha bagagem lá — Vai procurar o garoto?

Garoto era como ele se referia a Jungkook.

— Se ele ainda me quiser...

— Claro que quer! E caso ele não queira, vou pessoalmente fazer uma visitinha pra ele — eu ri com o lado protetor dele — Vamos, entre. Precisa resolver a sua vida.

O caminho até a estação foi cheio de música antiga, salgadinho de pimenta e uma cantoria desafinada de nós dois até o nosso destino. Eu tinha um pouco de ansiedade dançando em meu peito, e não sabia o que me aguardava na cidade grande outra vez.

Quando chegamos a estação, eu dei um abraço apertado em Leo.

— Obrigada por tudo. Mande notícias.

— A senhorita também — fiz cara feia com sua linguagem formal — Boa viagem, Rose.

Beijei sua bochecha e embarquei no trem. Fechei os olhos e respirei fundo. Ia dar tudo certo.

Meu celular começou a tocar no meu bolso — finalmente tinha sinal naquele lugar.

Era meu irmão.

Taehyung: sei que não quer falar comigo agora, mas Jungkook pediu demissão e vai embarcar para Taiwan em dois dias. Quis te avisar por que não sei o que diabos aconteceu entre vocês dois, e não sei se você quer mesmo que ele vá embora. É isso. Tome cuidado. Me ligue quando estiver pronta para falar.
(dois dias atrás)

Ah, meu deus.

Jungkook já devia ter embarcado a essa altura. As últimas mensagens que ele tinha me mandado era perguntando onde eu estava, quando eu dormi na casa de Jennie. Depois que eu o deixei, ele não enviou nada.

PANDORA | rosekookOnde histórias criam vida. Descubra agora