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ROSEANNE PARK

Eu estava dormindo todas as noites no hospital, revezando entre o quarto do meu pai e o de Jungkook. Graças a deus, o meu segurança recebia alta ainda hoje. Eu tinha acabado de pintar o cabelo e furar as orelhas, e estava ansiosa para ver a reação deles.

— Meu deus — Taehyung riu, sem acreditar no que via — Você ficou incrível.

— Obrigada — sorri de orelha a orelha — Jennie é uma baita cabeleireira.

— Deixou aquela doida pintar seu cabelo? Você realmente não tem medo de ficar careca.

— Falou o cara que já pintou o cabelo a cada mês do ano. É um milagre você ainda ter cabelo na cabeça.

— Touché.

Ele passou o braço pelos meus ombros e nós fomos ao elevador, caminhando até os quartos dos nossos familiares. Eu estava segurando uma muda de roupa para Jungkook se trocar e irmos para a casa.

Quando digo casa, me refiro ao velho apartamento onde fiquei nos primeiros dias de perseguição.

Fui dar uma olhadinha em meu pai antes de seguir para o quarto do meu homem.

— Meu deus do céu — ele colocou a mão no peito — O que foi que você fez?

— Eu pintei! — sorri.

— Você tá linda — Lisa disse no canto da sala, e eu agradeci, percebendo que ela estava ali. Precisava agradecê-la por tudo que ela tinha feito.

— Você tá... diferente. Não de um jeito ruim — eu sabia que ele não ia ter uma reação imediata, o meu pai precisa se adaptar às coisas antes de dizer se elas são boas ou ruins.

— Isso é o de menos. Tem certeza que não vai infartar?

Ele arregalou os olhos, e eu puxei algumas mechas de cabelo para trás da orelha, mostrando os furos. Meu pai encostou as costas no travesseiro, atônito, olhando para mim. Dramático.

— Estamos em 2022, pai. É normal garotas terem piercings — eu ri, e ele respirou fundo.

— Eu sei, eu sei.

Beijei sua cabeça e saí do quarto, sabendo que ele e Lisa estariam trabalhando antes de eu interrompê-los. Parei em frente a porta do quarto de Jungkook, e chequei meu cabelo antes de abri-la. Eu agia como uma adolescente idiota perto dele.

— Olá — sorri, chamando sua atenção. Ele abaixou o jornal e seu queixo caiu no instante em que colocou os olhos em mim.

— Caralho.

— Boca suja.

— O que foi que você fez?

— Pintei meu cabelo, ué.

Ele me chamou com as mãos e eu andei até ele. Jungkook tocou o meu cabelo com todo cuidado do mundo, como se fosse um recém-nascido.

— Você tá incrível.

— Obrigada — sorri — Você ainda não reparou na minha orelha, não é?

Mostrei os piercings e sua boca caiu.

— Eu realmente preciso sair daqui — ele tomou a muda de roupa dos meus braços e foi para o banheiro. Seria uma longa noite.

Menos de quinze minutos depois, estávamos saindo do hospital e indo para o apartamento. Tivemos que ir pela porta dos fundos, e sabendo que queríamos privacidade, dispensei os motoristas que Lisa ofereceu. Jungkook tomou o volante e voltamos a estrada, sem nem um pingo de tensão em nosso corpo. Como era bom saber que não corríamos risco de morte a todo instante.

O apartamento estava como sempre esteve. Agora era nosso.

•••

Acordar nos braços de Jungkook era como ter dormido por quinhentos anos e ainda assim não se cansar nunca. O jeito que minha cabeça se encaixava perfeitamente em seu ombro... era insano. Quando acordei naquele dia e ele ainda dormia, eu fiz um esforço danado pra deixar a cama e ir até o banheiro escovar os dentes.

Passamos praticamente a noite toda dentro do quarto, então quando fui para a sala e vi caixas em cima do sofá fui abri-las de imediato. Eram as coisas que tinham ficado na casa onde me escondi por dois meses e meio.

Roupas, retratos da minha família que eu tinha levado, alguns itens que já estavam na casa quando cheguei lá... e a caixa. A caixa que eu tinha encontrado com fotos da minha infância, com meu irmão, mãe e o meu tio. Aquelas fotos me causavam uma sensação esquisita, me sentia um pouco sufocada só de olhá-las.

Segurei uma das fotos, uma que eu não tinha prestado muita atenção. Minha mãe segurava o ombro de Taehyung e o meu, ela sorria de orelha a orelha e eu e meu irmão não parecíamos felizes.

Meus olhos passaram pela pele do meu irmão, e parei quando percebi algo embaixo da mão da minha mãe. Espremi minha visão o máximo que conseguia e pude enxergar um hematoma roxo e azul.

Depois eu olhei para a minha versão pequena na foto. Eu não parecia machucada, mas encontrei uns arranhões em minhas mãos e braços. Podiam passar imperceptíveis, mas eu conseguia enxergá-los.

De repente, senti uma força brutal contra o meu corpo e me desequilibrei, caindo do sofá.

"— Eu já mandei você parar de chorar na frente dos outros! — o cinto me acertou novamente, e eu senti minha pele abrir.

— Desculpa! D-desculpa mãe! — eu choramingava, implorando pra ela parar.

Ela continuava me batendo. O cheiro daquele lugar... era horrível. Ela me levava até lá para me torturar, por que sabia que eu odiava.

— Me desculpa — eu implorava entre lágrimas.

— Chega! — quando olhei para a porta, meu irmão apareceu.

Ele era pequeno, e tinha uma arma em suas mãos.

— Nunca mais vai encostar nela.

Ele disparou. Eu retraí o corpo. Fechei os olhos."

— Rose? Rose? — Jungkook balançava meus ombros, e meus olhos não focavam nele — Você tá me ouvindo? Pelo amor de deus, diz que está me escutando!

— Kook... — coloquei a mão nas têmporas, sentindo a tontura ainda mais forte — Eu preciso...

— Do que você precisa? Eu pego para você agora.

— Taehyung. Eu preciso ver Taehyung.

•••

agora o pau vai torar!!!

PANDORA | rosekookOnde histórias criam vida. Descubra agora