Capítulo 4

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  Segui meu caminho normalmente, caminhando como se nada houvesse acontecido.

Foi só cruzar a primeira esquina e sumir da vista de Sonic, que em nenhum momento se moveu da porta, que passei a correr em disparada, meu coração finalmente batendo acelerado e dolorido.

O que foi que eu fiz? Como fui capaz de dizer aquilo?

Não era totalmente mentira. Não existe nós.

Mas poderia existir. Pode existir.

Não é?

Meus olhos estão marejados quando entro em minha casa, fechando brutalmente a porta atrás de mim e me recostando nela, desabando ao chão. O desejo incontrolável de liberar as lágrimas que segurava aumentou, assim como as dores em meu corpo. A adrenalina foi se dissipando, a dor antes interna passando a ser juntamente externa.

Eu sou um merda.

Um grande merda babaca.

Eu gostaria de voltar lá, pedir desculpas, afirmar com toda a certeza do mundo que existe, sim, um nós.

Mas eu sou incapaz e covarde demais para o fazer. Sou covarde demais para admitir que o que sinto não é uma simples paixonite passageira.

Porque eu não quero aceitar que não é isso que sinto. Não quero aceitar que foi tão fácil a maneira como me apaixonei por Sonic.

E tenho medo de onde isso pode me levar. Coração partido? Uma ilusão? E se eu me cansar dele ou ele de mim?

Isso tudo me assusta, todos esses pensamentos desesperadores.

Mas… eu também não quero perder tempo. Também quero ver aonde isso vai me levar.

Sem ter consciência do que fazia, já estava com o telefone no ouvido, esperando por Rouge atender. Por que ela era sempre a primeira pessoa que pensava em ligar quando o assunto era amor?

— Já tava contando os minutos pra quando fosse me ligar de novo — atende ela com uma voz animada. Pude imaginar a morcega a sorrir do outro lado da linha, esperando pelas novidades.

— Eu preciso de ajuda… Cara, eu não aguento mais ficar longe de você! Volta pra mim, por favor — resmungo manhoso, minha voz chorosa ficando ainda mais evidente. Rouge se calou por um momento, talvez analisando para ter certeza que eu, Shadow The Hedgehog, o cara bad boy anti-romântico, estava realmente chorando.

— Isso tudo é saudade? Nossa, fiquei comovida — finalmente diz, dando um suspiro. — Tudo bem, me fala o que aconteceu. Você não é de chorar, então o assunto deve ter sido péssimo mesmo.

Faço um biquinho, que tremia enquanto tentava pensar em uma maneira boa de explicar, que não me fizesse chorar de novo.

— Sou um babaca — afirmo, me encolhendo cada vez mais em uma bolinha.

— Assim do nada? Você não parece alguém que choraria por ser babaca. Mas, olha, eu concordo.

— Nossa, ajudou muito. Valeu.

— Desculpa. Mas fala logo, filho da puta, eu não tenho o dia todo pra perder com você falando coisas óbvias.

— Eu te odeio. — Me levanto, sentando no sofá e cruzando as pernas, respirando fundo antes de iniciar a narrativa dos acontecimentos recentes. — Sonic me convidou pra ir na casa dele, foi tudo perfeito, noite perfeita…

— Ah, não, vocês se come…

— ROUGE, CALA A BOCA, NÃO — berro desesperadamente, a cortando antes de terminar a frase. — Pelo amor, não! Você só pensa merda, que porra. — Gargalho, limpando as lágrimas que escorreram de tanto rir. Apenas Rouge sabia me fazer chorar de rir. E apenas Sonic sabia me fazer chorar de dor. Ou fui eu mesmo quem me fez chorar? — É que… eu sou um babaca.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora