Capítulo 3

1.3K 129 419
                                    

  É praticamente impossível dormir sabendo que Shadow está dormindo neste exato momento em minha cama. Ajuda o fato do quarto de hóspedes ser desconfortável, mas saber que ele estava se cobrindo em meus lençóis, com a cabeça em meu travesseiro, me deixava, de certa forma, eufórico.

Não era nada demais o cara que eu supostamente gosto estar dormindo em meu quarto. Não é?

Gosto. Eu não gosto dele. Não, eu realmente não gosto.

Não.

Ter esses pensamentos me deu uma enorme vontade de… comer, talvez? Não tenho certeza se o que sinto é fome ou borboletas na barriga por estar pensando nele.

De qualquer forma, decido abandonar aquele quarto por um tempo, direcionando-me até o andar de baixo, onde situa-se a cozinha, me guiando pela luz da lua que vinha das janelas de vidro de alguns cômodos pelos quais passava.

Fico por algum tempo parado na entrada do local desejado, sentindo agora a fome (ou as borboletas?) sumir completamente. Mas isso não me impede de adentrar a cozinha, abrindo a geladeira e dando uma breve olhada nos itens ali dentro. Nada me interessou o suficiente naquele momento, portanto, fechei a porta do móvel, me virando e tomando um susto ao ver uma silhueta feminina parada em minha frente, avaliando-me com atenção e curiosidade.

— Que susto, Amy! — sussurro, temendo acordar os demais presentes na casa. Amy esboça um sorrisinho tímido, os olhos sorrindo junto, em uma combinação perfeitamente verdadeira de alegria.

— Me desculpe, não queria te assustar. Mas o que veio fazer aqui a esta hora? Sede? — me pergunta, sem tirar o sorriso bobo do rosto, me dando calafrios.

— Não exatamente. Meio que era fome, só que agora não a sinto mais. Faz sentido?

Em resposta, recebo um aceno de cabeça positivo. Mesmo no escuro, sou capaz de notar seus olhos vagando em mim, avaliando a maneira como estava, dos pés até a cabeça. Seu olhar prendeu-se ao meu, e sem aguentar aquela encarada, mirei o chão, as bochechas vermelhas de vergonha.

O sinal de perigo soava em minha cabeça, quase que implorando para me afastar e voltar ao desconforto habitual daquele quarto em que estava antes a tentar dormir, mas quando estava prestes a inventar uma desculpa para sair dali, as mãos de Amy me empurraram contra a parede, minhas costas se chocando com a frieza da mesma.

— A-Amy, o que você… — Sou interrompido pela mesma, que começa a falar rápido, sem pausas para impedir-me de tentar me opor.

— Cala a boca, Sonic, você não faz ideia do quanto eu quero beijar você agora. Sabe quanto eu esperei por isso? Muito tempo. E você sempre inventava desculpas, dava um jeito de fugir. Mas hoje não. Você é todo meu.

Por um breve momento, imaginei como seria se fosse Shadow a me dizer aquelas coisas. Eu não hesitaria em beijá-lo, em tê-lo finalmente como meu. Mas com Amy…

Não preciso dizer de novo que não a desejo e não a vejo como nada além de uma amiga, não é?

Como se ela fosse capaz de entender uma coisa dessas.

Minha barriga deu um salto quando percebo sua aproximação, nossos lábios a centímetros um do outro.

— Não vai fugir de novo — ela repete num sussurro. Estávamos tão próximos que conseguia sentir seu hálito quente, que cheirava a menta.

E eu queria gritar, a empurrar, mas estava mudo, imóvel. Era como uma paralisia do sono, só que eu estava mais do que acordado.

E então, sua boca se colou à minha. Foi impossível não sentir nojo. Não de Amy, mas pelo que ela estava fazendo comigo.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora