Capítulo 6

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Dor. Era a única coisa que eu conseguia sentir. Desde aquele desastroso dia, não só meu peito ardia, como meu corpo inteiro.

Não podia negar que Sonic, em nenhum momento, deixou os meus pensamentos. Eram das nossas mais felizes lembranças até as mais doloridas, que serviam para apagar o sorriso de meus lábios e dar lugar a lágrimas gordas.

Eu me sentia péssimo e não conseguia parar de pensar se o ouriço sentia-se da mesma maneira.

A culpa continua sendo de Sonic.

Havia perdido a conta de quantos dias se passaram, de quantas noites em claro eu fiquei. A casa estava um lixo, assim como eu. Tudo que eu comia deixava espalhado pelo chão, e só me mexia para ir até o banheiro ou a cozinha, logo regressando para a sala e me jogando no sofá.

Esse mar de depressão estava acabando comigo de uma forma inimaginável e eu estava totalmente cansado disso.

Em completo desespero, resolvo levantar e deixar aquilo para trás. Eu não precisava ficar apenas deitado, enclausurado em minha casa lamentando o passado. Acima de tudo, eu precisava viver, me reencontrar e voltar a ser feliz.

Deixando a casa no estado deplorável, tomei um banho longo para compensar os dias anteriores e, juntando algumas coisas, saí do local. Temendo encontrar-me com Sonic pela cidade, a atravessei voando (no sentido da palavra "correr rápido", já que eu realmente não sou capaz de voar), parando somente ao chegar no aeroporto.

Sem pensar, comprei a primeira passagem para minha cidade natal e esperei pacientemente pelo avião. Eu precisava de uma pessoa agora, uma distração para a tristeza e solidão.

━⋆━

Depois de longas duas horas, finalmente atingi meu destino. A paz que aquela cidade me trazia era ótima; a nostalgia e as memórias antigas de minha infância eram tudo que eu conseguia pensar no momento, e agradeci mentalmente por ter vindo até aqui.

Enquanto caminhava pelo centro movimentado, apreciando as lojas e ruas como se fosse a primeira vez que ali estava, algo que vi de canto de olho me chamou a atenção. Virando o rosto para a direita, pude avistar um pequeno botequim, em que velhos barbudos e grisalhos riam alto e bebiam suas cervezas, rodeados de mulheres malvestidas que dançavam sensualmente.

Meu coração acelerou e me apressei em adentrar o local fedorento, puxando uma das garotas até um canto e a empurrando na parede.

- O que diabos você está fazendo aqui?! - sussurro alto, agarrando seus ombros e a sacudindo.

- Shadow? Eu que deveria te fazer essa pergunta! - Rouge tenta se soltar de meus braços, mas a seguro com mais força, fazendo-a resmungar.

- Você disse que trabalhava!

- Este é o meu trabalho. - Suas mãos pousam sobre as minhas, que então tiro de seus ombros, bufando.

- Que porra de trabalho, hein? Você consegue coisa muito melhor! Que caralho, desgraça! Nossa, eu vou...

- O que deu em você? Respira, para de soltar xingamentos do nada - me corta ela, cruzando os braços sobre o peito. - Você não parece você. Afinal, por que está tão estressado?

Me calo por um momento. Não sabia responder à pergunta. Meu corpo tremia, talvez pela adrenalina ou pelo choque, não tinha certeza. Rouge percebeu isso e me conduziu até uma mesa vazia, deixando-me sentar. Puxando uma cadeira, sentou-se ao meu lado, me avaliando e massageando meus ombros.

- Está tenso. Me diz o que aconteceu.

Engolindo em seco, resolvo contar tudo para ela: desde o momento que nos conhecemos até o nosso último encontro. Ela poderia já saber a maioria, mas me via na obrigação de desabafar, tirar aquilo de meu peito de uma vez por todas.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora