Capítulo 12

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- Vai lá ver seu amorzinho? - É a primeira coisa que Rouge me pergunta assim que apareço em sua frente pela manhã totalmente arrumado e cheiroso. A morcega se encontrava deitada de cabeça para baixo no sofá, assistindo algum programa de culinária sem graça que com certeza não ensinaria nada de mais para ela, já que nada do que ela via era colocado em prática. Em sua mão esquerda havia um pacote de salgadinho, o qual ela devorada na maior lentidão, mastigando de uma forma que o crack produzido se espalhasse por todo o cômodo.

- Sim - respondo com tédio, mesmo tendo um sorriso discreto nos lábios. - Quer ir junto? Isso aí parece entediante.

- Não, valeu. - A resposta me assusta por um instante. Rouge não queria ir e ver Knuckles? Algo estava errado aí.

- É sério? Não quer mesmo ficar com o Knuckles hoje? Vocês brigaram? - Minha curiosidade fala mais alto, e logo após as perguntas, Rouge profere calmamente depois de mastigar mais dois salgadinhos naquela lerdeza toda:

- Ele está fora. Saiu para fazer compras. Depois que ele voltar, eu vou.

É claro que eles não brigaram. Nem parece do feitio deles. Bem, pelo menos do feitio da Rouge. Knuckles parece mais esquentado, ao que a morcega retribui com calma, carinho e, pelo visto, um sexo diário.

Me despedindo com um "até logo, então", saí na direção da casa de Sonic, assobiando alegremente uma melodia na rua, cumprimentando pessoas que nem ao menos conhecia. Só pelo fato de saber que veria-o hoje, que sentiria seus toques e beijos, já era o suficiente para me transformar em um outro ser, um Shadow diferente. E sabe que mais? Eu gosto disso de uma forma que jamais imaginei que fosse gostar.

Sim, Sonic, sua culpa.

Assim que parei em frente àquela casa, meu sorriso aumentou instantaneamente. Comecei a suar frio, o coração palpitando mais rápido, o nervosismo se instalando em mim. Sempre que estava perto de encontrá-lo, meu corpo reagia desta forma: agitado e entusiasmado.

Viva o amor, meus amigos!

Adentrando o local como se a casa fosse minha (de certa forma, até poderia ser mesmo), estranhei o silêncio. Logo, foi possível escutar um baixo guinchado vindo da cozinha, como choro e soluços. Imaginando o pior, corri até lá, assustando-me mais ainda com a cena que vi: Amy estava aos prantos, o corpo tremendo incontrolavelmente enquanto, em suas mãos, havia uma faca reluzente apontada direto para seu peito.

Eu a odiava, tinha demasiado ciúmes dela com Sonic, mas não era tão idiota ao ponto de deixá-la se matar em minha frente e não fazer nada a respeito.

Antes que aquela ponta afiada tocasse seus pelos, puxei-a contra mim em um abraço, arrancando o utensílio de suas mãos e o atirando do outro lado da cozinha, longe de seu alcance. A garota lutou em meus braços, tentando desvencilhar-se de mim e pegar novamente o objeto cortante, mas fui mais forte, abraçando-a cada vez mais, até finalmente esta ceder e cair por cima de mim tremendo mais do que antes.

- M-me deixa morrer, eu não tenho motivos para continuar viva! - choramingou ela, fazendo-me mexer a cabeça em negativa.

- Você não é louca de fazer uma merda dessas! Não importa o que tenha acontecido, você não pode resolver seus problemas assim! Se matar não vai solucionar nada. - A sacudi pelos ombros, notando, enfim, o quanto seus olhos estavam inchados. Ela parecia horrível, como se nem ao menos houvesse dormido pela noite. Pela sua crise de ansiedade, imaginei que fosse esse mesmo o caso. - Escuta - começo, medindo minhas palavras ao máximo para não feri-la mais -, eu não sei o que te aconteceu, mas mesmo que eu seja a pessoa que você mais odeie no mundo, eu quero que saiba que pode contar comigo se precisar... Ok? Mas... se machucar dessa forma não vai te fazer sentir melhor.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora