Capítulo 7

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  Era terrivelmente constrangedor e doloroso estar vivenciando aquilo. Eu nunca pensaria que Shadow fosse capaz de me superar tão rápido. Como ele pôde? Eu me sentia traído, o coração partido em trilhões de pedaços, jamais podendo ser colado novamente.

Eu evitava o máximo possível olhar para o ouriço, mas meus olhos se forçaram a seguir em sua direção, e o ciúme eminente emanava deste. Me surpreendi por um momento, notando uma raiva nele sendo direcionada ao companheiro ao meu lado.

Repentinamente, os rubis cintilantes de Shadow se voltam para mim, encarando-me de uma maneira em que fez meu mundo abalar-se.

Abro a boca, pretendendo falar algo, mas minha voz se torna inexistente naquele momento. Não sabia exatamente o que pensar ou como agir, eram coisas demais para digerir em poucos minutos.

Aquele longo silêncio pareceu ter durado horas, quando minha voz o interrompe, dizendo a primeira coisa que me veio à mente.

— Vocês são namorados?

Por um momento, tudo voltou a se calar, a morcega e o ouriço negro se encarando estranhamente. E tão logo o silêncio começou, ele voltou a ser quebrado com altas gargalhadas da parte de ambos.

— Namorados?! — questiona, entre os risos, a alada, sua frase sendo terminada por Shadow.

— Eu sou gay! — E, com essas palavras, tão simples para Shadow, mas tão profundas para mim, eu sinto algo. Como se meu mundo tivesse se acendido. Como se tudo ficasse mais claro. Como se eu finalmente entendesse que tenho uma chance. Ao perceber a forma como o encarava, parou de rir, sua expressão se fechando. Eu não sabia entendê-lo, nunca soube, mas dessa vez, pude perceber suas bochechas avermelhando-se levemente, um brilho diferente em seus olhos. Ele parecia mais bonito, mais… feliz.

— Vocês querem jantar na minha casa? — Minha voz fica trêmula enquanto pergunto, temendo ser rejeitado, mas Shadow me lança um sorriso amigável e, sem questionar sua amiga, assente com a cabeça, contente com o pedido.

— Adoraríamos.

Seguimos caminho até a casa, o ouriço e eu andando lado a lado, mais para trás de Silver e Rouge, que descobri ser a melhor amiga de Shadow. Enquanto Silver parecia desconfortável, Rouge tagarelava sem parar sobre qualquer coisa que lhe parecesse interessante. Logo atrás, nós dois estávamos aproveitando nosso silêncio. De certa forma, Shadow sabia que eu precisava de um tempo para pensar, e me deixou assim até ter a certeza de que era hora de falar.

— Você e Silver têm algo?

Nego com a cabeça, me surpreendendo com a pergunta. Era estranho pensar em nós dois tendo um tipo de relacionamento sem ser amizade. Não combinávamos em nada!

— Não. Ele é só meu melhor amigo também. Que coincidência! — Rio, pensando em como era engraçada a situação de termos nos encontrado justo com nossos melhores amigos.

— Hum — Shadow diz friamente, olhando na direção da morcega e do ouriço com ciúmes. — Olha… — Ele suspira, fitando o chão. — Eu sinto muito pelo que aconteceu na última vez… Eu não estava pensando direito, eu fiquei cego pela raiva. Eu só queria dizer que… eu vou me esforçar. Vou me esforçar para provar para você que eu não sou assim como disse. Vou te mostrar o melhor de mim. Só, por favor, diz que é capaz de me perdoar. Por favor.

Cada palavra era como uma facada em meu peito: doída, mas libertadora. Ele está disposto a lutar por mim. A me provar que ele é, sim, digno do meu amor. Esses pensamentos me fazem sorrir, olhando o perfil lateral de Shadow, que parecia tímido.

— Eu já te perdoei. — Toco seu braço, atraindo seu olhar para o meu. Seu sorriso radiante me obrigou a desviar os olhos para meus tênis, completamente derretido por sua nova versão.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora