Acordar pela manhã, estava completamente desnorteada, não conseguiu de início identificar o lugar onde estava, então viu Lisa sentada na beirada da cama observando atentamente. Se lembrou da noite passada, do frio, da confissão, do carinho e do corpo de Lisa junto ao seu. O primeiro pensamento que lhe veio a mente foi: eu dormi com ela, literalmente dormi. E a sensação era boa, muito boa.
A outra não sorria, só olhava pra ela com uma cara preocupada.
__ Bom dia Jennie. Eu te acordei como me pediu, mas confesso que não queria fazer.
__ Bom dia Lisa, obrigada, acho melhor eu ir agora.
__ Não antes de tomar café.
Em cima da cômoda havia uma bandeja com o café da manhã, Lisa foi buscar e colocou no colo de Jennie. Era um banquete, considerando o pouco que costumava comer pela manhã. Ali tinha torradas, bolo, suco, alguns biscoitos e café, no meio dentro de um copinho havia uma florzinha roxa. Achou aquilo tão fofo, era mesmo a cara de Lisa fazer esses tipos de coisas, mesmo que ela não se achasse merecedora.
__ Caramba Lisa, tem muita coisa aqui, obrigada, adorei a flor.
__ Por nada, não queria que fosse para casa sem comer.
Só agora se dava conta de como estava a faminta, fazia quase 24 horas que não comia nada substancial, devorou quase tudo que a outra levou.
Achou estranho o silêncio de Lisa, não que esperasse que a outra tagarelasse sem parar as 5:00 da manhã, mas au menos algum comentário eu poderia fazer, o problema é que ela só ficava olhando com aquela cara séria, sem nem ao menos um sorriso. Será que ela tinha se arrependido de ajudar? Ficou apreensiva. Tentou se levantar, mas o corpo todo doeu e uma tontura forte fez a cabeça rodar.
__ Jennie, o que foi? você tá bem?
__ foi só uma tontura.
__levanta devagar, ainda está cedo.
Fez Jennie se encostar na cabeceira da cama, e então perguntou.
__ Vai me contar o que aconteceu para você sair de casa assim?
Não sabia o que dizer, tinha vergonha de dizer a verdade e sentia se mal em mentir. Resolveu seguir um ditado que sua mãe sempre dizia: "na falta de não saber o que dizer, sempre diga a verdade".
__ meu marido não é uma pessoa tão boa que todos da igreja pensam, quando chegou em casa e viu que a janta não estava pronta, se irritou, tentei argumentar e ele me colocou para dormir fora de casa. Por isso eu estava na praça, por isso não podia voltar para casa e ainda me proibiu de pedir ajuda.
__ e ele bateu em você.
Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Lisa tocou o canto da boca onde Kai havia batido.
__ Porque você aguenta isso tudo? Porque não denunciei ele para a polícia? Porque não larga esse animal de uma vez?
Ela já havia se feito essa pergunta um monte de vezes e a resposta era sempre a mesma.
__ Porque eu não tenho para onde ir. Minha família não me aceitaria, não tenho emprego e não estudei até me formar, seria bem difícil conseguir algo, eu dependo dele.
__ Que droga Jennie, você tem a mim. Eu cuido de você, não tem que voltar para lá.
Era tentador, muito tentador, mas não era a solução certa neste momento, e talvez nunca seria. O que Kai faria com Lisa se soubesse que Jennie havia largado dele para ficar com ela? Tinha medo de Kai, às vezes parecia que era um psicopata, também tinha mais coisas envolvidas.
__ Eu não posso, eu sairia de uma relação onde eu dependo dele e entraria em uma que defenderia de você.
Lisa olhou ofendida pra Jennie.
__ Eu não sou como ele, nunca te machucaria.
__ Não disse isso, mas se um dia você cansasse de mim? O que faria? Ficaria comigo por pena? Eu não iria suportar isso, seria pior do que as torturas de Kai, preciso arrumar um jeito de me sustentar e existe à igreja, você pode até não entender, mas foi a igreja, a fé que manteve a minha sanidade esses anos todos casada com aquele monstro. Preciso arrumar um jeito de tirar ele da igreja, de mostrar a todos que ele não merece estar ali.
O que mais poderia dizer? Não era mais um adolescente que pularia a janela de casa para fugir do pai carrasco, era uma mulher, media cada ato e suas consequências, inclusive pensando na segurança de Lisa.
__ Não quero que nada de ruim te aconteça. Lisa, agora eu realmente preciso ir.
A outra não disse mais nada, mas percebia pelo olhar, que estava triste. Tudo que Jennie sentia por ela vir à tona tudo de uma vez, carinho, amor, amizade, paixão, medo. Se levantou com cuidado e se dirigiu até a porta para ir embora, Lisa se mantia de costas pra ela. Então Jennie voltou, abraçou a outra pelas costas, encostou a cabeça no ombro e depois fez ela se virar ficando de frente. Viu as lágrimas que terminavam de cair do rosto de Lisa e por mais que ela tentasse segurar, seus olhos também se encheram de água. Dei um abraço forte e por fim um beijo de leve e sussurrrou no ouvido de Lisa.
__ Eu amo você, para sempre.
E então foi embora, enfrentar mais um dia terrível, mas levou duas coisas consigo, a florzinha e o sabor do beijo de Lisa misturado as lágrimas.
🌹
Voltei com a atualização galerinha, não sei se tinha alguém esperando o próximo capítulo, mas está aqui, desculpa a demora.
Até a próxima, tchaau 👋
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A mulher do pastor <{jenlisa)>
FanfictionKim Jennie se casou muito nova e vive uma vida infeliz, com um marido dominador e fanático. Mas tudo começa a mudar quando chega a nova vizinha, Lalisa manobal. Duas pessoas diferentes que se aproximam e se completam. Essa história é uma adaptação...