-Bom dia, Dr Mendes! Aqui estão seus pacientes de hoje. Temos cinco aplicações de medicamento, sete consultas e três pacientes novos. - Sol, minha secretária na clínica, me atualiza assim que entro no consultório.
- Só isso, Solzinha? - Digo em ironia. - Pensei que ia ter muito trabalho hoje. - Completo e minha secretária revira os olhos.
- E ainda tem aquela reunião com o conselho. - Avisa e bufo.
- Essa parte eu vou pular. Não quero ouvir as mesmas coisas que ouvi nas últimas...sete reuniões?
- Oito! - Sol corrige minha fala e agora sou eu quem revira os olhos. Essas reuniões realmente me irritam muito!- Aquela vez que eles tiveram que vir aqui na sua sala para que o atendesse, também é considerada reunião. - Completa.
- Aquilo foi um abuso! A sorte deles é que tenho o gênio da minha mãe, porque se eu tivesse puxado a impaciência do meu pai, teria posto todos para correrem daqui. - Declaro, ligando o computador, deixando a mesa arrumada. Pego uma caixa de Trident da gaveta e posiciono sobre a mesa. Se eu tenho algo que possa ser considerado vício, é o consumo desses chicletes.
- Por que não gosta das reuniões, doutor? - Sol me pergunta curiosa.
- Eles querem me dizer o que tenho ou não de fazer. Fora insistem em me ensinar a cuidar dos meus pacientes. Achei que o médico era eu. - Ironizo. - Lembra-se do caso de dona Denise?
- Como eu posso me esquecer? Até a família dela já havia desistido da vida da mulher e o senhor continuou o tratamento. Meses depois assinou a alta dela. - Diz consternada. Realmente, a alta da dona Denise foi muito emocionante diante das circunstâncias. Até hoje ela me presenteia com suas muitas compotas caseiras.
- Foi exatamente isso que causou essa oitava reunião. O conselho de medicina achou que foi muito desperdício de dinheiro. Mesmo a mulher sobrevivendo. O Mais incrível nisso tudo é que o dinheiro em questão foi meu, não deles. - A mulher sorri.
-Por que senhor ainda precisa deles aqui? Essa clínica é sua, não é? Pode tomar a atitude que quiser. - Pontua.
- É minha sim, mas não é tão simples como pensa, Sol. Preciso deles para trabalhar de forma legalizada. Essas pessoas só pensam em dinheiro, em mais nada. Entretanto, enquanto eu puder lutar pela vida de alguém, ainda que eu tenha que vender o que eu tenho, farei. - Digo e a mulher sorri orgulhosa.
- O senhor é único, dr Mendes! - Elogia.
- Só tento fazer a minha parte, Sol! - Digo, vestindo meu jaleco. - Agora me responda uma coisa, como estão os preparativos do seu casamento?
Solange é uma amiga que conheci no hospital em que estagiava. Ela era uma copeira que sempre me levava lanche, pois meu plantão era muito puxado. Num certo dia, soube que o hospital havia feito um corte de pessoal e ela havia sido mandada embora. Fiquei triste com isso, pois já havíamos criado um laço de amizade bem legal.
Quando recebi de meus pais minha primeira clínica, sua imagem me veio logo a cabeça. Procurei saber onde ela morava e fiz-lhe a proposta para trabalhar comigo. Foi então que descobri que ela tinha curso de secretariado e a contratei para ser minha secretária pessoal. A mulher aceitou no mesmo instante.
Alguns acharam, e a inda acham, que temos uma caso, porém o único relacionamento que temos é como amigos. Ela até conheceu uma pessoa especial que lhe pediu em casamento e me convidou para ser seu padrinho. Claro que aceitei. Gosto e torço muito pela felicidade dela. Solange merece.
- Está tudo se encaminhando, doutor. Não quero uma coisa muito grande, pois ainda tenho que reformar minha casa, mas até o fim do ano marcaremos no cartório. - Explica.
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DYLAN FONTINELLY -TRILOGIA IRMANDADE II (concluído)
RomansaEssa trama trará a história do filho mais velho de Vittorio e Emilly Fontinelly que o adotaram ainda quando ele era um menino. A vida de Dylan foi marcada por lutas, dramas e a perda de sua mãe recém-descoberta. Contudo, encontrou em seus pais aditi...