cap 23

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Boa leitura ❤️

Tudo ao redor do federal pareceu estar em câmera lenta, os ponteiros do relógio parando.

Scott, Yibo, o motoqueiro.

Um tiro.

A arma portava um dispositivo silenciador, mas aquele foi o maior ruído de toda a vida do agente. O prenúncio de algo inevitável, que ele jamais poderia impedir. Estava longe demais.

- NÃO! – Xiao gritou aterrorizado -YIBO!

Ele sentiu o baque em sua própria carne, o projétil lhe atingido através de um poderoso soco no estômago. A bile subiu, a garganta secou, os olhos arregalados. As mãos se fecharam raivosamente em punho com a constatação que ele não podia fazer nada para evitar.

Yibo caiu de joelhos no asfalto fazendo com que as pernas do federal prendessem para frente, um estímulo natural de seu corpo para ir até ele. Nada mais existia além da figura do homem caído e o sangue que, moderadamente, salpicava o asfalto.

O coração do agente começou a bombear em um ritmo alucinado, seu sistema liberando as endorfinas necessárias, a adrenalina correndo por suas veias. Outros tiros, mas dessa vez eram aliados, Scott disparava várias vezes contra o motoqueiro que agora fazia sua rota de fuga.

Xiao livrou-se das mãos que o retinham, mãos de sua irmã, mas que, naquele momento, nada mais eram que amarras o impedindo de salvar Yibo. Correu o mais rápido que pode, o medo crescente era alimentado a cada novo passo. Finalmente chegou até ele, ajoelhando-se a sua frente. Os azuis estavam fechados, as mãos delicadas, excetuando os eventuais calos de escrita e manuseio de armas, largadas em cima da calça, sujas de sangue.

- Meu amor, fala comigo! - Xiao  chamou e não reconheceu a própria voz. Estava estranha, rouca e parecia um sussurrar de desespero.

Levou as mãos até os ombros dele fazendo com que assim ele abrisse os olhos. Mas Yibo não estava ali. Os orbes estavam  opacos e sem vida, mirando algo muito além dele.

O federal tentou focar no que era importante: Achar o ferimento. Seus olhos hábeis percorreram o corpo masculino e ele percebeu que o tiro atingira a perna esquerda dele, porém, graças a escassa iluminação e a calça de lavagem escura, Xiao não pode definir em que local exatamente.

Por favor que não seja a artéria femoral.
Que não seja a artéria femoral. Ele rogou, inconscientemente, em seus pensamentos.

- Por que? - ouviu Yibo murmurar e percebeu que ele estava em um tipo de transe.

O rosto pálido elevou a preocupação do agente em níveis inimagináveis.

- Yibo? - Xiao mais uma vez chamou, e outra vez foi ignorado. Sem alternativas, o federal levou as mãos até a perna vitimada dele, tentando fazer uma ideia da dimensão dos danos.

A dor lacerante na perna esquerda trouxe Yibo de volta para a realidade. Por um breve momento, piscou os olhos, confuso.

Depois conseguiu processar que a dor era por causa das mãos do federal que, com cuidado, começava a examina-lo. Yibo mordeu o lábio fortemente, tentando conter o grito que sairia dali, mas não foi forte o bastante para aplacar o gemido agoniado que saiu de seu peito. Os olhos de Xiao voltaram-se para Yibo na mesma hora, preocupados, esquecendo momentaneamente do que faziam e deixando a perna de Yibo livre.

- Xiao, não me toque. - O mafioso grunhiu, arfando.

Seu peito subindo e descendo em um ritmo descompassado. Tentou engatinhar para
trás, para longe das mãos do homem que o lembrava do que tinha feito essa noite. Da traição da máfia. Mas Yibo não foi muito longe, surpreso com a dor forte que se abateu nele, assim que tentou movimentar a perna.

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