Cap 12

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Xiao apertou o play e ouviu
novamente a voz de Yibo inundar
sua sala de estar. Não saberia
dizer quantas vezes tinha repetido
aquele mesmo gesto e sabia que se
encontrava viciado no ato, seus dedos
automaticamente já procuravam o
botão. Recostou a cabeça no sofá e
fechou os olhos absorvendo-se na fala
do homem.

"- Matei Thomas Barclay sim. Porque
para a máfia, ele precisava morrer.
Era uma testemunha e não poderia
sair daquele quarto andando. Eu não
sei por que Charles matou aqueles homens e, francamente, não
me interessa saber. Certamente se
meteram no que não deviam, ou então não estariam em sacos pretos agora.

-É impressionante o modo calculista
com que você trata o assunto.

Xiao ouviu a risada de Yibo, maléfica.

-Porque são negócios, e negócios
devem ser tratados assim. Ou
você acha que os traficantes com
que eu lido, os donos das casas de
prostituição, e mais tantas outras
figurinhas da criminalidade, me
respeitariam se eu fosse tomado de
piedade?"

Um barulho se fez na sala e Xiao
parou a gravação. Eram palmas. Sua
respiração travou e teve que conter-se para não esfregar os olhos.

Encostado em um canto escuro, totalmente vestido de preto, estava o dono da voz que ouvia repetitivamente nos últimos dias. Não soube detalhar o que sentiu, era inacreditável o fato dele se encontrar ali, parado em seu apartamento. Teve vontade de sorrir, há dois dias não o via, e por um momento chegou a pensar que ele não estivesse bem.

Levantou-se rapidamente do sofá, ao mesmo tempo em que as palmas dele cessavam. Nesse instante percebeu o que ainda carregava nas mãos, e consequentemente o que Yibo tinha ouvido...

- Yibo... - Começou receoso, mas ele não lhe deixou terminar a frase.

- Meus parabéns, Federal. Conseguiu gravar uma confissão de culpa sem que eu ao menos desconfiasse. Por um momento, fiquei impressionado.

Xiao deu um passo para frente, ao mesmo tempo em que o criminoso também o fazia. Ele estava com uma calça jeans, botas e uma jaqueta de couro. Esse estilo de roupas definitivamente caia bem para ele.

- É uma pena. - Ele suspirou, uma pitada de ironia tingindo a sua voz.

Xiao franziu as grossas sobrancelhas. Sua mente formulando o porquê de Yibo se encontrar ali. Teria conhecimento da gravação? Não era mais relevante, no entanto. Se ele não soubesse antes, tinha acabado de descobrir. O agente sabia que aquilo não era uma coisa boa e condenou-se mentalmente por toda sua procrastinação.

- O que é uma pena, Yibo?

Os olhos de Yibo congelaram-se no rosto do Xiao Zham.

- Que você tenha que morrer.

◇◇◇

Yibo tava na rua, tentando enviar algum sinal de saúde para seu rosto sem vida. Indo de encontro ao seu alvo.

Não dormia há algum tempo.

Passou os últimos dias estudando os horários de seu alvo, juntamente com a sua vida. Chegou cogitar ligar para Ricado e falar sobre a mãe e a irmã do Xiao e de como poderia chantageá-lo. Chegou a considerar desvendar o caso de Matthew e utilizar o que descobriria como moeda de troca. Porém, não adiantaria. E aquela demora incomodava Yibo. Era apenas matar uma pessoa. Uma vida, como muitas que ele já tirara.

Só que se tratava de Xiao Zhan. E não saber por que o fato chegava a arranhar a parede de sua consciência, estava deixando Yibo louco.

E agora ele estava ali, parado no meio da sala do Agente. Lugar aonde nunca imaginou se encontrar antes. Planejava interrogá-lo sobre a existência das provas, mas agora não era mais necessário. Ele realmente as possuía.

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