Naquele dia os irmãos Wang completavam 49 anos, mas a única coisa que Ricado podia pensar enquanto saboreava o jantar, era que no ano que vem, aquela casa estaria tomada pelas vozes, risos, e música de boa qualidade.
Afinal, era de bom tom que todo homem proeminente na sociedade desse uma festa de 50 anos. E Ricardo abominava a ideia.
Claro que ele já teve sua época de festeiro... Não perdia uma noite nas noites
na noite Italiana. Mas então tudo aconteceu e, simplesmente, não tinha mais graça.
Pensar no ocorrido, por muitos anos, o deixava possesso. Agora olhando para trás, e concentrando-se nos bons momentos, Ricado ficava quase entristecido.
Terminou o jantar, e olhou para sua mãe. E a mesma lhe sorriu, largando a faca e pegando em sua mão. Não era dado aqueles gestos de afeto, mas no momento deixou que a mão da matriarca lhe fizesse um afago. Iria sair da mesa dispensando o pudim quando uma figura conhecida para ele apareceu pela porta e teve que se controlar para não sorrir.
- Parabéns, Tio. - Yibo proclamou, chamando a atenção da avó para si, que logo sorriu e fez um gesto com a cabeça para que adentrasse mais a sala de jantar.
- Filho... Não poderia ter usado alguma coisa para propícia para a ocasião? - Ela perguntou, escrutinando a jaqueta de couro e a calça jeans do neto. -Vou pedir para trazerem um prato para você...
- Yibo não vai comer conosco. - Ricado a cortou, antes que Yibo tivesse a chance. - Já acabamos.
- Ricado...
- Tudo bem. - Yibo falou, jogando os ombros em um gesto displicente - Não vim para jantar.
Ricardo deu uma risada.
- Bom saber que o seu senso de horário ainda está funcionando, Yibo. Mais duas horas e não poderia nem me desejar os parabéns.
Yibo abaixou a cabeça olhando para as mãos ocupadas por um embrulho. Sabia que deveria ter mandado um cartão, e não aparecido ali. Suas mãos agora pesavam quase uma tonelada, mas ele iria até o fim.
- Trouxe para o senhor.
Ele estendeu o embrulho, colocando-o em cima da mesa. Ricado o pegou com desinteresse aparente, mas quando livrou-se do embrulho teve que se controlar para não expressar nenhum sentimento.
Era um tabuleiro de xadrez. Todo feito de mármore, as arestas eram trabalhadas com uma substância dourada, que Ricado logo percebeu se tratar de ouro. Aquilo tinha sido feito por encomenda, com toda a certeza.
- Sei que o senhor gosta, e lembro que quando mudei para cá... Sempre jogávamos.
- Era o único modo de cansar a sua cabecinha. - Ricado murmurou, antes mesmo de se dar conta que o fazia.
Lembrou-se do menininho, que pela idade, jogava surpreendentemente bem. A carinha de frustração toda vez que perdia, praticamente o obrigando para mais uma partida. Mas logo ele deu lugar a outra pessoa. Uma homem. Ele acabava de ganhar, porque Ricado deixara, e sorria abertamente por pensar se tratar de uma vitória genuína.
- Pensei que podíamos jogar hoje mais tarde. - Yibo disse, arrancando-o da lembrança feliz, Ricado passou a mão pela borda do tabuleiro.
- Hoje não.
Ele apenas meneou a cabeça, e preparou-se para ir embora quando Ricado o interrompeu.
- Preciso conversar com você. Vamos ao escritório.
Ricado levantou-se da mesa levando consigo o tabuleiro de xadrez, abriu a porta do escritório e colocando o seu presente bem em cima da mesa, onde ele pretendia que sempre ficasse, cruzou os braços e esperou que a figura de Yibo entrasse pela porta.
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Network of Secrets
Mystery / ThrillerWang Yibo, nascido à sombra da criminalidade, possuía um futuro brilhante traçado por seu tio: o comando da máfia chinesa. Criado para ser frio e calculista, ele é a verdadeira arma de ouro da organização. O que Yibo não contava era que a barreira q...