Passado PT 4

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Naquele momento meu coração começou a disparar, não estava conseguindo respirar eu senti os meus pulmões pesados, era como se o próprio ar tivesse impedindo que ele mesmo passasse. Tudo que havia minha volta ficava em câmera lenta, o meu mundo tinha desabado.

Naquela estante milhões de possibilidades passava em minha mente, mas nada comparado com a culpa e com ela veio a loucura. Fui tirado do transe quando ouviu Baji falar.

_ Ele não tá respirando - disse Baji desesperado

"Não não não, por favor não" pensei em meio ao caos que estava em minha mente. Sai correndo para verificar o que Baji estava dizendo era verdade, o que eu mais temia se tornou realidade, pois o maior deitado em minha frente realmente não estava respirando.

Notei que Baji se levantou pegou o telefone e disse ao meio as lágrimas que caiam em desespero.

_Vou chamar a ambulância - não reclamei e muito menos o impedir, pois eu não estava em condições de dizer algo e muito menos brigar. Na verdade no fundo eu ainda tinha esperança de que o homem deitado no chão ainda estivesse vivo.

Meu cérebro tava um caos a cada segundo que se passava a culpa tava me remoendo por dentro, meu coração estava doendo, o meu cérebro não raciocinava direito até que veio um pensamento." É tudo culpa do Mikey. Sim se ele não estivesse fazendo aniversário eu nunca teria a ideia de roubar uma moto e consequentemente eu nunca teria matado o irmão dele"

_ Sim isso mesmo é tudo culpa Makey - disse em voz alta sem perceber. Senti algo líquido, quente e um pouco salgado também, escorrendo minhas bochechas. Lágrimas novamente brotaram sem permissão, não paravam por mais que eu tentasse.

Antes que eu dissesse alguma coisa sentir braços quentes e aconchegantes me abraçarem, era Baji no intuito de me acalmar, sem muita delongas retribuiu o abraço apertando o máximo que eu conseguia de alguma forma aquilo me acalmava.

Ficamos abraçados por um bom tempo até eu ouvi barulhos de sirene da ambulância e da polícia soarem. Perguntei para o Baji se ele também tinha chamado a polícia ele balançou a cabeça positivamente indicando que sim. Sem muitas enrolações enfermeiros andaram em direção ao corpo verificar se ainda estava respirando. Eles realmente confirmaram que ele estava morto.

Quando a polícia recebeu a notícia prendeu eu e o Baji imediatamente. Quando a gente saímos da loja havia muita gente, provavelmente fofoqueiros e também havia muito repórteres quando esse povo todo chegou? Perguntei a mim mesmo. Mas uma única pessoa me chamou atenção era o Mikey. Ele parecia desnorteado sem entender o que estava acontecendo. Enquanto isso o Baji estava pedindo desculpas não deu para mim dizer nada pois estava muito longe de ambos. Já que eu tinha sido o primeiro ser abatido pelos policiais.

Quando chegamos na delegacia os policiais nos interrogaram, resolvi assumir toda a culpa já que não era justo com a tia e também não era uma mentira pois foi eu que planejei roubar a moto e foi eu que matei o irmão do Mikey. Baji tentou também assumir a culpa, impedir que ele fizesse isso com o pretexto de que se nós dois formos preso a tia iria ficar sozinha

Após um mês fomos levados a julgamento, eu fui condenado a dois anos no reformatório e Baji foi condenado a seis meses no reformatório e mais seis em liberdade condicional, já que ele só foi acusado de tentativa de roubo.

No começo não foi ruim já que o Baji estava comigo, mas também foi o tempo necessário para mim criar uma grande independência emocional por ele. Ele também conseguia me defender dos valentes de lá.

Seis meses passou voando e logo logo o Baji foi solto. Foi aí onde o verdadeiro inferno começou, não tinha ninguém mais para me ajudar então eu estava à mercê dos ventos. O Valentão que sempre insistir me incomodar agora podia fazer o que quisesse comigo. Eu apanhava todo dia sem exceção, eu era e escravo fazia tudo que ele mandava e se eu não fizesse era surra.

Mas esse inferno acabou quando um dia eu tive que trocar de cela, inacreditávelmente não havia quase ninguém lá somente eu e um parceiro de cela desconhecido. Não dissemos uma palavra durante dias até que ele puxou um papo comigo.

_ Ei você ái, qual é o seu nome? - disse garoto um pouco nervoso.

_ Kazutora - eu disse com a cara fechada e um tom sério. Qualquer um que me visse daquele jeito pensaria que eu era um gangster. Estava me divertindo confesso.

_ O que te levou está aqui?

Fiquei um pouco surpreso já que todo mundo que estava ali sabia, então presumi que ele era um novato.

_Tentativa de roubo e assassinato. E você o que te levou está aqui?

_Vandalismo - o garoto disse com o tom gentil, eu realmente não entendi porque ele tava tão tranquilo naquela situação. Então decidi perguntar para ele, e o que ele me disse me surpreendeu.

_ Eu me apeguei alguma coisa

_ Como assim?

_ Olha eu me apeguei ao pensamento de quando eu sair daqui eu vou poder ver minha família de novo. Assim o tempo aqui passa mais rápido e também me dá mais forças para mim sobreviver a esse lugar, e não virar mais um alvo de um valentão como você. Por que você não tenta fazer isso também?

_Eu não tenho família... Não depois de tudo que eu fiz!

_Umm entendo, então tenta se pegar outra ideia.

Depois daquela conversa chamaram a gente para comer aquela gororoba que se chama comida. Eu já estava comendo quando a quele valentão de novo veio me perturbar, mas dessa vez não dei muita importância já que estava pensando naquela conversa que eu tive anteriormente com meu parceiro de cela. Então instantaneame eu lembrei daquela noite.

" É tudo culpa do Mikey. Sim se ele não estivesse fazendo aniversário eu nunca teria a ideia de roubar uma moto, consequentemente eu nunca teria matado o irmão dele" mas dessa vez esse pensamento veio com tudo, e o pingo de sanidade que me restava foi embora.

Aquele pensamento veio com intensidade. Trazendo com ele ódio misturado com a loucura,e para completar a desgraça o valentão não parava de gritar no meu ouvido e isso intensificou mais o meu ódio.

No Pique da minha loucura peguei a colher de plástico que usávamos para comer e ataquei o valentão que era o dobro do meu tamanho. Mas o fato de eu ser mais pequeno fazia eu ser mais ágil e assim eu consegui enfiar a colher no olho dele, mas como a colher era de plástico não consegui de primeira mais na segunda eu enfiei com toda a força que eu tinha. Sangue jorrava para todo lugar, ouvir os gritos de dor e de agonia do valentão eu estava me divertindo com aquilo. Sim por muito tempo eu não me diverti assim sem pensar nas consequências.

Outro pensamento homicida veio "E se eu matar o Mikey? E se eu matar o vilão? Foi ele que me trouxe aqui, eu sou inocente então eu sou herói né? Então está decidindo! Quando eu sair desse inferno iria me vingar do violão e assim salvar todos"

Depois daquele dia ninguém nunca mais mexeu comigo, com medo que eu fizesse o mesmo que fiz com valentão. Mas obviamente não iria durar muito, as pessoas iriam perder o interesse e o medo se eu não fizesse mais nada. Então comecei a arrumar briga sempre, arrumando encrenca com alguém mais grande e mais forte que eu, e graças a isso eu aprendi a lutar também. Comecei a ficar mais esperto e mais ágil. No intuito de completar minha vingança.

Deu minha hora rapaziada. 🏃‍♀️🏃‍♀️🏃‍♀️🏃‍♀️

Querido diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora