( 3 ) - Orange

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O acontecimento no parque de diversões do dia anterior havia sido bem desanimador.

Bom, pelo menos interferiu no humor de Riki, que passou a noite em claro, desesperado, sem saber o que fazer ou por qual caminho seguir.

Tinha sido uma boa ideia perdoar o Yang? O Nishimura sempre tentou seguir o caminho mais lógico e usar o cérebro em situações que estivesse indeciso, mas talvez dessa vez, só dessa vez, Riki tinha deixado suas emoções o consumirem.

Ser apaixonado por seu melhor amigo nunca tinha sido bom, mas agora estava indo de mal a pior. Aguentar o sentimento em silêncio desde a época em que tinha o descoberto até os dias de hoje tinha sido até que tranquilo, mas com a notícia do namoro de Jungwon e Sunghoon, aguentar em silêncio passou a ser um fardo, e olha que fazia pouco tempo da descoberta.

Talvez fosse pela possibilidade de algum dia Jungwon retribuir seus sentimentos, pois o mesmo sempre afirmou não ter sentimentos por ninguém. Essa afirmação vindo de alguém que você cultiva sentimentos românticos pode ser desesperadora, mas para Riki foi motivo de esperança, pois ainda tinha tempo de conquistar o Yang, se já não tivesse o conquistado, e o que faltava era Jungwon perceber seus sentimentos. Mas parecia que Riki esteve enganado esse tempo todo, foi tudo ilusão de sua cabeça.

Gostar de alguém e não ser correspondido era tão exaustivo.

Ter deixado a emoção tomar conta de si e ter abraçado Jungwon sem pensar duas vezes foi um escolha horrível, Riki não sabia se conseguiria continuar, tendo perdoado o Yang apesar de tudo. Riki as vezes só queria voltar no tempo e desfazer o já feito, já que o abraço era praticamente uma mensagem subliminar de que o Nishimura teria o perdoado.

Carregado de preocupações e relembrando suas decepções, Riki caminhava até a escola, em passos lentos e preguiçosos.

Mas cadê a bicicleta dele? Hoje era um dia diferente. Mentira, não era não. O dia de hoje não tinha muito segredo, Riki só queria atrasar mais para chegar na escola, para poder pensar em sua vida decepcionante. Os pensamentos o remoíam por dentro com a negatividade, mas era a realidade, sua realidade negativa.

Ficar repensando todos esses pensamentos, que já tinham sido remoídos milhões de vezes, era uma ação que piorava toda a situação, mas infelizmente era inevitável. Era como um vício, e quanto mais Riki pensava, mas ele se afundava, e mais ele continuava remoendo.

Continuando no ciclo de mentalizar nos acontecimentos ruins e recentes de sua vida, Riki chegou na escola, tendo como sua primeira visão Jungwon e Sunghoon agarrados sorridentes com um Heeseung em sua frente rindo também.

Riki não conseguia ver, mas tinha certeza de que sua aura tinha ido de azul a preto em questão de segundos. Foi uma visão horrível, totalmente horrorosa para seu coração e mente, e que serviria de imagem para ser remoída junto dos outros pensamentos.

O Nishimura apenas passou pelo trio, passando em seguida pela entrada da escola, mas não sem antes dar uma olhada ligeira no casal, e quando fez isso, pôde jurar ter os olhos do Yang em si, olhos tristes e brilhantes.

As aulas passaram até que rapidamente, com Jungwon sentando em dupla com Sunghoon em uma aula de História onde uma atividade tinha que ser feita por duas pessoas. Quando o professor anunciou o exercício, Riki sentiu o olhar de Jungwon queimar em suas costas, mas podia perceber uma pitada de esperança junto.

O recreio foi silencioso, é claro, já que a regra de uma biblioteca é se manter em silêncio.

Retornar á biblioteca fazia Riki se lembrar do dia em que viu Jungwon e Sunghoon juntos pela primeira vez, com Heeseung e seu amigo de cabelos negros ao lado do casal. Riki não conseguia se conformar em como nunca tinha descoberto que Heeseung e Sunghoon eram melhores amigos, mesmo quando o Lee o visitava frequentemente na biblioteca.

Três Corações e Uma HistóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora