CAPÍTULO TRINTA E UM

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  Olho para o ruivo, ele me encara todo sujo de tinta, seu sorriso faz algo em meu coração aquecer

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Olho para o ruivo, ele me encara todo sujo de tinta, seu sorriso faz algo em meu coração aquecer. Ele estava feliz, eu estava feliz, mas... eu tinha algo para fazer, eu tinha que fazer.

Eu já tinha tomado a minha decisão, não iria voltar atrás, eu não podia, era o futuro dele, era a vida dele, era... ele.

Eu nunca colocaria nada na frente dele, porque eu o amava e isso que importava, para mim, e esse foi o motivo da minha escolha, amor.

Era engraçado pensar que as pessoas não acreditavam que eu poderia me apaixonar, e no final, eu estava aqui, abrindo mão da minha felicidade, para que ele possa ter a dele, mas eu não iria abrir mão dele, eu o queria na minha vida, não estava desistindo dele, só fazendo o que eu acho que está certo.

- O que aconteceu? - O ruivo perguntou, era estranho em tantos anos, finalmente perceber o que meus pais falavam.

Não era o mesmo sentimento de amor, quando você encontra o amor da sua vida, nada parece o mesmo, o seu mundo nunca parece o mesmo, o sentimento que sempre cresce em você, a preocupação com os detalhes, ver a outra pessoa sorri, saber que o relacionamento pode não ser para sempre, destrói você, mas mesmo assim sabe que essa pessoa é o amor da sua vida, pode não ser o amor para a sua vida, mesmo assim, você sabe que aquele sentimento não vai sumir, pode diminuir, mas sumir? Jamais.

- Eu fui deixada em um convento, dentro de uma caixa de madeira, que estava toda cheia de enchimento - Os olhos verdes de Dean brilham.

- Olivia, não - Faço com que ele pare de falar.

- Eu tomei a minha decisão, deixe que eu fale - Ele parou, mesmo que seu rosto mostre que está receoso, ele aceita.

Puxo a minha perna mais perto de mim, era a primeira vez em anos que eu contava aquela história, e tudo que eu estava tentando fazer era não chorar.

- As freiras me acharam, elas fizeram todo aquele processo chato e demorado dentro da lei, para que no final, elas tivessem que ficar comigo, pelo menos até acharem um lar para mim - Dean engoliu em seco - A pequena Olivia dentro da caixa foi registrada como Olivia Bryan, era o sobrenome da freira que me achou. Quando eu tinha quatro anos, eu comecei a perceber que eu não tinha mãe, muito menos pai como as outras crianças da televisão, dos comerciais, eu não tinha aquilo, e isso doía, eu perguntei diversas vezes, "Cadê a minha mãe e o meu pai?" - Dou uma risada sem graça - As freiras não sabiam o que responder, e respondia a coisa mais lógico para uma criança "Tem um casal, que pode não ser seu sangue, mas vão ser as pessoas que mais vão amar você" elas estavam certas, um ano depois, eu conheci meus pais, e eu não tenho nada do que me arrepender, mas alguns meses antes disso eu achei uma carta, uma que a minha progenitora tinha escrito, eram palavras fortes, palavras que uma garotinha de cinco anos não entenderia, mas uma criança de 12 anos sim. Eu posso recitar essa carta de trás para frente, de tanto que eu a li.

A carta começa a aparecer na minha mente como se eu estivesse com ela nas minhas mãos.

Oi, se você está lendo isso, já tem idade o suficiente para saber ler, então vai ser daqui a uns 5 ou 6 anos, mas espero que só leia quando tiver mais idade. Não estou escrevendo isso para me desculpar, ou falar que você pode me procurar, porque não pode, eu estou escrevendo, porque eu quero que você saiba que tem um motivo pelo qual eu deixei você, mesmo contra a vontade de todos e até mesmo da justiça.
Justiça, que piada.
Não vou me apresentar, por que não quero que me conheça, Olivia, eu dei a luz a você, mas você não é minha filha, seu rosto está gravado na minha mente assim como o seu choro, assim como tudo que eu passei por causa da gravidez, melhor de como você foi gerada. O que eu vou falar vai doer, mas não como em mim, você foi fruto de um abuso, quando eu descobri as pessoas falaram para que eu continuasse, sabe o que é isso? A dor de ouvir as pessoas que você ama dizer para continuar com o fruto do meu estrupo? Por causa desta insistência eu continuei, eu estava com meu psicológico acabado. Mesmo sem ninguém saber eu já tinha tomado a decisão de dar você, mas só tive certeza quando peguei você no colo, e vi aqueles mesmo olhos verdes que ele. Foi a porra do golpe em mim, doeu muito, eu até mesmo me senti mal por você, por ter algo daquele... monstro.
Então Olivia, viva a sua vida, uma que pode ser essa dor, uma com pessoas que realmente a amam, porque eu não posso, eu não posso amar você, eu juro que tentei, mas... era como se estivessem me matando. Deus, EU TINHA 23 ANOS, eu mal sabia o que era a vida direito. Como poderiam querer que eu fizesse isso? Não conseguia cuidar de mim, imagine de você que era tão frágil no meu colo, eu não podia, não tinha como, então eu fiz o que eu imaginei ser o melhor, eu dei você, coloquei em um lugar que eu pesquisei, e todos fizeram que era bom, fiz isso para que pudesse ser feliz, longe dessa merda, longe de mim, porque no final, sempre vai doer em mim, vai sempre doer na vítima.
Espero que mesmo com essa merda toda, você seja feliz, porque eu entendo que você não fez mal a ninguém, você pode ser uma pessoa incrível, e eu acho que vai, mas não comigo, não ao meu lado, você vai ser feliz com outra família, espero que você se sinta amada, Olivia.

Perdendo - Irmãos De'Lucca 1Onde histórias criam vida. Descubra agora