Resultado: estou aqui, cheia de olheiras e morrendo de sono, a caminho de mais um dia... Meu dia.
- Bom dia a todos, sou o delegado Alan Bloomgate. Hoje 05 de novembro de 2022 iniciamos o último dia do julgamento do senhor Jake Donfort. Hoje, nossa testemunha será: s/n.
Assim que me levantei, pude sentir todos olhando para mim. Até o Phil compareceu naquele dia, ele me soltou uma piscada de olho, aposto que se o Jake viu, ele ficou com ciúmes.
- Bom, senhorita! Senhorita? – O advogado chama minha atenção.
- Ah, perdão. Estava distraída.
- Iniciemos. Nos fale, como você conheceu o senhor Jake Donfort? – O advogado começou.
- Eu recebi uma mensagem do Thomas, me falando sobre o caso da Hannah. Logo após uma conversa com o grupo, o Jake entrou em contato comigo me dizendo que eu seria importante, até porque meu número havia sido enviado pela própria Hannah.
- Então desde o começo o senhor Donfort sabia seu papel? – perguntou o insuportável, advogado.
- Eu diria que, se sua esposa fosse sequestrada e o senhor recebesse meu número por mensagens da sua esposa, o senhor também me acharia uma peça fundamental, não? – Pergunto, arrancando uma risada genuína do Dan, Phil e até uma risada de canto do Alan. Pareceu que o Jake continuou inexpressivo, mas eu não poderia afirmar, afinal eu não dirigi meu olhar para ele.
- Continue.
- Então, os dias se passaram e nós fomos coletando provas, pistas e mais pistas, montando nosso próprio quebra cabeça.
- E isso era só entre vocês?
- No começo, sim. Mas aí compartilhamos tudo que sabíamos com os outros.
- Então, daí, vocês cortaram o contato entre si?
- Não, ainda conversávamos.
- Senhorita, me diga, se vocês compartilhavam tudo com o grupo, por que ainda conversavam em particular?
- Bom. Eu não queria passar informações erradas para ninguém, eu e o Jake nos entendiamos e assim que achávamos a solução, a gente passava ela para os outros.
- Certo, mas só conversavam sobre pistas e quebra cabeças?
- Perdão? Onde o senhor quer chegar?
- Você e o senhor Donfort mantinham um relacionamento?
- Nunca chegamos a falar sobre relacionamento senhor, mas haviam sentimentos e...
- Eu quero falar algo. – Ouço uma voz, uma voz rouca, que eu não havia escutado ainda. Logo me veio na cabeça: Jake.
- Senhor Donfort, não sei se é permitido... - o advogado tentou intervir.
- Eu quero ouvir. – O juíz falou, interessado, o Jake não havia se posicionando em nenhum outro testemunho, o que ele iria fazer?
- Eu só usei a s/n para chegar até a Hannah. A usei como meios para um fim! Eu queria minha irmã salva e bem, não sei o motivo pelo qual ela mandou o número da s/n, mas sei que seria importante. Em momento algum houve sentimento, eu só queria minha irmã. – O Jake falou, friamente e cada palavra que saia da sua boca me causava dor, eu senti meu coração sendo despedaçado em infinitos pedaços.
Sem perceber eu comecei a chorar, eu não sabia o que tinha me atingido mas doía mais que uma facada bem no meu coração. Como ele podia? Como ele pôde? Aquilo acabou comigo, aquilo me deixou sem chão, sem ar, sem forças. Como pode o amor destruir tanto alguém assim?
Eu só senti as mãos da Jessy me segurando, e a sua voz dizendo que tudo ia ficar bem. Também ouvi o Phil xingando o Jake, o Dan ajudando o Phil e o Alan tentando acalmar todos.
Um tempo depois, o caos acabou, todos estavam sentados e o juíz me pediu para continuar.
- Eu...
- Meretíssimo, não podemos remarcar? Não sei se ela se encontra em condições. – Implorou Alan.
- Não Alan, vamos continuar daqui. – O juíz decidiu.
- Assim como eu disse, nós compartilhamos tudo com os outros. E quando descobrimos onde Hannah estavam, o Richy me pediu para ir lá, claro que como Homem sem Rosto. Eu ia, mas meus amigos me impediram... E então o Jake decidiu ir.
- No trajeto do senhor Donfort, até a Ironsplinter vocês, conversavam?
- Sim, eu só queria saber o status da missão. E ele me informava. – eu estava desnorteada, mas meu coração ainda queria ajudá-lo. Será que eu não poderia só dizer "Sim, o Jake era ajudante do Richy" e foder com a vida dele igual ele fez com a minha? Eu queria, mas as palavras só saiam da minha boca. Na verdade, acho que o que eu mais desejava era que o julgamento acabasse e eu pudesse me jogar na frente de um caminhão, ou simplesmente dirigir em alta velocidade até bater em algo...
- Senhorita? – O advogado me chama novamente.
- Perdão. No final, eu fiquei sem notícias dele, e só descobri que ele foi preso pelos jornais.
- Certo, obrigada, encerro aqui.
Assim que o advogado disse isso, eu saí dali, eu não olhei pra ninguém, eu ouvia Jessy, Cleo, Lilly, Phil, Dan e até Alan gritando meu nome "s/n espere, s/n se acalme" e eu só continuei andando, até chegar no meu carro e dar a partida, eu não sabia o que fazer. Ouvi Jessy batendo na janela e tentando me falar algo, mas eu só ignorei e dirigi, sem rumo algum, sem vontade de viver...
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STORM - a tempestade pós caos
DiversosA consequência de uma mensagem respondida, o caos que se criou entre nós, e após isso... Uma tempestade. Desde que Thomas falou comigo pelo telefone me dizendo que sua namorada desaparecida havia enviado meu número para ele, minha vida virou de cabe...