Cercada Por Predadores

●Primeira noite●

  Quando acordo estou olhando para um teto branco com uma lampada azul no centro. A cama na qual estou deitada é simplesmente a cama mais macia em que já deitei e leva apenas alguns segundos para notar que não estou no meu quarto, e mais alguns para notar que estou sendo observada por um par de olhos castanho claro.

   Quando minha visão entra em foco vejo que é um garoto que deve ter quase a minha idade. Ele tem a pele morena com um leve brilho dourando, sardas no rosto, um nariz empinado e lábios carnudos rosados, maçãs do rosto altas, cabelos ruivos ondulados e curtos. Seu cheiro é de mirtilo e cereja...espera eu conheço esse cheiro!
  
    Me levando num pulo e caio da cama, quando levanto para olhar a raposa...qual era o nome dele mesmo? Mi...Mi...Mikhail sim esse é o nome dele. Mas por que ele está sorrindo?

-Qual é a graça?- pergunto irritada.

-Nada.

-É que eu realmente quero saber por quê você está rindo. Já sei! É porquê agora eu sou seu...como você me chamou mesmo?? Acho que era troféu.

  Seu sorriso desapareceu e deu lugar a uma cara séria.

-Que bom que estava prestando atenção, minha irmã Lilyth lhe deu uma dose do inibidor dela, mas não conseguimos sair antes do meu pai chegar. Você pode tomar um banho e colocar uma blusa minha eu vou dormir no sofá. 
 
    Ele apontou para um sofá que estava a uns 2 métros na nossa frente, aproveitei e olhei ao redor. O quarto era maior que o meu. Tinha uma escrivaninha com um computador atrás de mim e uma enorme janela que estava com a cortina fechada, no lado direito da cama tinha uma mesinha de cabeceira com um abajur azul marinho e na parede do lado tinha uma porta que devia ser a saida e um grande armário de madeira escura. Andei em direção do sofá ciente do olhar de Mikhail me seguindo. O sofá era bege com almofadas azuis claras e uma coberta verde. Uma TV estava na frente do sofá e entre o armário e a TV tinha outra porta. Merda agora não sei qual é a do banheiro e qual é a saida.

-Está esperando o que? É só entrar.-Mikhail disse com um ar provocador.

Eu abri a porta entre o armário e a TV e descobri que era o banheiro. Entrei e fechei a porta. O banheiro era grande, com uma pia na parede oposta á porta, do lado direito tinha uma grande banheira que deveria caber umas 3 de mim, do lado esquerdo tinha um vaso. Abri a gaveta e olhei as toalhas enormes, peguei uma e abri. E grande é um eufemismo!

-Caralho!

  Me assustei quando ouvi baterem na porta. Olhei ao redor procurando algo que me ajudasse a sair dali, talvez algo pontudo que eu possa usar como arma.
Não! Isso só me colocaria em perigo.

-Posso entrar? -escutei a voz de Mikhail que por sua vez me deixou arrepiada, não exatamente por me dar medo, mas porquê sua voz é grave e suave.

-Por que você quer entrar?

-Para ligar o chuveiro, duvido que vá conseguir. E também para lhe dar uma camisa, não encontrei nenhuma calça que não fosse ficar larga demais.

  Lentamente fui abrindo a porta. Ele entrou meio curvado como se tivesse medo de mim.

-Eu não mordo! -Disse tentando segurar uma risada.

-Eu não queria te assustar. As vezes quando chego perto das presas elas se encolhem de medo. Eu...eu não gosto de ser tratado como se fosse um monstro sanguinário.-Sua voz era triste e sincera.

-Sendo sincera você parece uma raposa carente de atenção, mas ainda não me conformei com a ideia de você não estar me tratando como...como se eu fosse um troféu ou um lanche da tarde.

-Eu já disse que ou eu iria te comer ou iria deixar que fosse embora. Antes que pergunte sim você vai embora assim que possível. Meu pai deve sair amanhã para trabalhar, então vou levar você para o bairro de coelhos mais próximo.