Uma Noite Chuvosa

Capítulo 2

Seher chorando sentada na cama e Yaman em pé ao lado dela, colocou a mão em seu ombro. Olhou para as mãos dela e não pode deixar de observar que ela tinha a marca de aliança no dedo.
- Você está fugindo de alguém? Se não quiser falar não tem problema, afinal você mal me conhece, mas saiba que eu só quero ajudar. Falou Yaman entregando a ela um lenço.
Seher ainda chorando e em silêncio pegou o lenço, começou a secar suas lágrimas. Olhou para ele e falou:
- Desculpe.....ela deu uma pausa e recomeçou a falar. - Eu não estou fugindo de ninguém não... Neste momento uma lágrima caiu. – Eu só fui expulsa de casa pela pessoa em quem eu mais confiava.
- Seu marido?
- Como você sabe? Ela perguntou com espanto.
- Não pude deixar de perceber a marca da aliança. Ele respondeu apontando para o dedo dela
-Hurrum, era sim meu marido. Ela abaixou a cabeça com um semblante triste.
- Pelo jeito você o amava muito.
- Eu achava que sim. Mas no momento o que eu estou sentindo por ele é apenas ódio. Como ele pode fazer isso comigo? Logo eu, que sempre fui uma dona de casa dedicada. Sempre fui uma boa esposa. Nós sempre vivemos com dificuldades financeiras, eu nunca pedi nada pra ele, fazia de tudo pra economizar com as despesas de casa e agora que ele ganha na loteria me põe pra fora de casa.
Yaman ficou calado o tempo todo só escutando, não conseguia dizer nada. Apenas em pensamento estava com ódio desse homem, como ele pode deixar essa mulher desamparada desse jeito? Essa mulher frágil e linda. Onde ele estava com a cabeça?
Seher continua:
- O pior foram as palavras que ele me disse, foram como facas entrando em mim. Ele disse que ñ queria viver com uma mulher sem graça e sem sal como eu, e que não me tocava porque não tinha desejo por mim. Mas o pior de tudo foi quando entrou uma mulher muito bem vestida com um vestido muito colado no corpo e decotado, parecia uma mulher da vida. Ele disse que era ela que ele amava e que eu nem chegava aos pés dela. Seher falava tudo isso com a voz embargada e as lágrimas rolando. Depois de uma pausa longa, Yaman pega um copo com água para ela e senta ao seu lado, e ela continua:
– Agora eu tenho que me reerguer e ir embora, não posso ficar aqui. Não tenho família aqui em Stambu.
Yaman logo se propôs a ajudar:
- Olha como já disse antes, eu sei que nós não nos conhecemos mas se você quiser eu posso te ajudar. Você não precisa ir embora, eu posso te arrumar um emprego.
Nesse momento são interrompidos, alguém bate na porta, era uma enfermeira.
- Vim olhar se a senhorita está precisando de algo?
Ela responde: - Eu só quero sair daqui.
Então Yaman pergunta a enfermeira se os resultados dos exames ainda iriam demorar, e ela disse que o médico já está com exames e está vindo para conversar com eles. Enquanto Yaman está conversando com a enfermeira, Seher ficou olhando para ele. Vendo o jeito dele falar, como ele se expressava com gestos com as mãos, sentiu o coração acelerar, mesmo ele longe olhava para a boca dele e passou língua nos próprios lábios. – O que isso Seher? Meu Deus que homem lindo, nunca ví um homem assim. Deitou na cama e fechou o olhos.
- Senhora está sentindo alguma coisa?
- Não, obrigada, só quero descansar um pouco.
- Ok, o médico já esta vindo, me deem licença. A enfermeira foi embora e eles ficaram a sós novamente.
Yaman se aproxima da cama, fica a observar aquela menina delicada, linda, deitada na cama, ele a olhava com desejo, com vontade de beijá-la, queria abracá-la, protejê-la e fala:
- Então Seher, você aceita minha ajuda?

Continua...