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Han Jisung se sentia como um pecador nojento pela primeira vez.

Não se sentia assim por ser homossexual, como todos diziam que assim que deveria se sentir, mas sim por ter feito a burrada de magoar os sentimentos de seu melhor amigo, a pessoa que mais estava ali por ele nos momentos difíceis e nos momentos felizes.

Tudo o que Minho havia dito quando descobriu sobre seu erro ainda reverberava em sua cabeça como um martelo pesado batendo no meio de seu crânio, dolorosa e torturantemente. Querendo ou não, ele percebeu que aquilo havia acertado um ponto fraco de Minho que provavelmente nem o próprio conhecia, o que pode ter desencadeado seu surto na hora. Quer dizer, Minho, apesar de parecer meio impaciente e antipático às vezes, era uma das pessoas mais racionais e calmas que conhecia. Ter presenciado ele chorando copiosamente quase arrancado os cabelos por saber que havia beijado aquele ser maldoso foi assustador.

Lee Minho, de forma alguma, diria normalmente o quanto algo havia o machucado, fosse vindo de Jisung ou não. Esse fato o fazia ficar pior ainda em relação a si mesmo.

Como não pensou no principal motivo de ter começado sua vingança quando foi lá e devolveu o beijo de Christopher? Ele havia começado tudo aquilo exatamente porque aquele hétero top havia falado mal de seu amigo!

Por isso foi tanta surpresa quando encontrou Lee Minho escorado em Lee Felix no lugar que deveria ser o ponto apenas dos dois. Iria mentir se dissesse que havia ido no fliperama só por ir, porque foi sim pensando em Minho e com uma pontada de esperança de suprir sua saudade do melhor amigo fazendo coisas que eles faziam, mas sozinho. Sentiu um pouco de uma dor anormal ao ver eles juntos outra vez. 

Ao menos, quando ainda estava longe do campo de visão dos dois, conseguia ouvir risadas sinceras de seu melhor amigo, e assim sabia que ele não estava tão na merda quanto ele próprio estava. Notou que era isso que gostava afinal: de ver Lee Minho sorrir. Mas ter sido o causador de suas lágrimas e ver outra pessoa o fazer rir o deixou abalado. Muito mais abalado.

Outra noite se passou e Minho não havia voltado para o dormitório que dividia com Jisung. Sendo assim, Jisung se forçou a comer uma comida gelada que encontrou por ali e se trancou no cobertor, em cima da cama de seu melhor amigo. Não haviam motivos para cantar Katy Perry em pé na poltrona ou assistir séries românticas se não fosse com o Lee, mas deitar em sua cama e sentir o cheiro de sua colônia já o deixava menos agoniado.

ㅡ Está pior que quando eu tomo café de madrugada ㅡ Changbin fica o julgando com os olhos cerrados, parecendo um detetive. ㅡ Se eu não te conhecesse tão bem, até falaria que você está de ressaca.

ㅡ Changbin, não enche ㅡ Jisung rebateu impaciente.

ㅡ Calma, Jisung, só estou comentando de amigo para amigo. Tirando esse cabelo de louco e cara de psicopata, você continua muito gato, prometo.

Aquele era um dos raros dias em que Jisung não estava com o mínimo saco para cair na onda das brincadeiras de Changbin, por mais que este só quisesse o animar de seu estranho mal humor, e a vontade de sair socando alguém na rua só subia.

Changbin notou que sua expressão de assassino não havia sofrido mudanças e se encolheu.

ㅡ Perdão.

ㅡ Tudo bem, não é você que vai piorar meu humor ㅡ Jisung deu de ombros, seguindo seu caminho.

ㅡ Mas e aí? Não brinquei quando disse que você está três vezes pior que antes. Estou preocupado.

ㅡ Eu só ainda estou péssimo com Minho... e eu sinto falta dele ㅡ Jisung contou, deixando os ombros caídos. ㅡ É complicado.

ㅡ Vocês dois combinam mais do que míope combina com óculos, então tenho certeza de que vão se resolver logo! ㅡ Changbin deu um longo gole em seu café preto. Pelo visto ele não tomava aquela droga amarga só nas madrugadas e por isso é tão energético, pensou Jisung. ㅡ Só que vocês precisam conversar sobre... seja lá o que tenha acontecido primeiro.

BEIJO DOLOROSO ☆ MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora