A Outra.

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Anitta acordou pela manhã com um terrível mal estar, correu para o banheiro e começou a vomitar descontroladamente por minutos.
A claridade do banheiro só fazia piorar sua dor de cabeça, que parecia uma bomba relógio prestes a explodir em alguns minutos. Após passar a ânsia, escovou seus dentes e respirou devagar, questionando-se mentalmente porque havia bebido tanto a noite passada. Ao voltar para a cama, percebeu que Camila não estava mais lá, olhou o relógio e percebeu que ainda era muito cedo e o sol nem havia nascido por completo. Achou estranho. Chegou até olhar na escrivaninha esperando algum bilhete. Quando se deu conta, balançou a cabeça negativamente e pensou alto - Ela não é o Pedro. - Pegou o celular e tentou ligar, porém, o telefone de Camila estava fora de área. Não sentia culpa, medo ou vergonha quando recordou-se do que tinha dito e acontecido na noite passada. Convenceu-se que existem momentos que valem a pena dar passos loucos e correr riscos. Deitou-se sorrindo leve, mesmo ainda enjoada e com dor de cabeça, e novamente adormeceu.

Camila dirigia para casa, sem reclamar do transito no horário do rush e nem da chuva chata e fina que caía logo pela manhã. Estava cheia de si, com ar de dever cumprido, seu ego inflado como um pavão. Ao chegar em seu prédio, deu bom dia para o porteiro e até para a vizinha fofoqueira que estava na portaria, que não a respondeu, apenas lhe enviou um olhar de repreensão. A vizinha conhecia a fama de Camila e não a agradava ter aquele "tipo de gente" morando em seu prédio, sendo mal exemplo para as crianças e a família tradicional.
Ao entrar em seu apartamento, Camila leva um susto ao se deparar com Brenda sentada em seu sofá, olhando para o movimento da vizinhança pela janela.

- Meu Deus! Um dia você ainda me mata de susto.
- Esse apartamento é meu também, amor... - Diz Brenda se aproximando devagar, olhando fixamente para Camila.
- Claro... Eu só nã... - Camila se perde em seus pensamentos quando vê Brenda simplesmente, se despindo. Tirou sua blusa, a calça, o sutiã, a calcinha e ficou nua, na frente dela.
- O... Que voc... Ta tudo bem? - Questiona Camila, sem ação.

Brenda esboça um sorriso, puxa Camila pela camisa e a conduz até o sofá, sentando-se sob ela, pegando suas mãos e colocando-as sobre seu sexo e diz baixo e diz roçando seus lábios nos dela - Transa comigo.
Camila vira o rosto, empurra Brenda e diz já se levantando do sofá - Espera... Brenda... - Se recompõe. Estava nervosa com a situação e começou a andar em círculos. Quando percebe, Brenda ainda nua, na sua frente, a olhando com cara de desejo, desce sua mão até o seu sexo e começa a masturbar-se ali. De pé, com as pernas abertas.
Ela tocava seu sexo, seus seios e cabelo enquanto Camila a encarava de longe. Aquele desinteresse que Camila demostrava para Brenda acabou se tornando muito interessante. Ela ali, completamente nua, frente a frente e Camila totalmente vestida. Aquilo estava excitando ambas, talvez até mais do que um possível contato físico, e elas sabiam, porém, Camila não demostrava. Começou a gemer e dizer coisas impensáveis, então sua perna bambeou e caiu ajoelhada aos pés de Camila, sem parar de se tocar. Seu corpo tremia e Brenda implorava para que ela a tocasse, a submetesse, a usasse para tudo que tinha vontade, enquanto a mesma só a encarava. Até que vem o orgasmo de Brenda, que morde firme os lábios para não gritar. Porém, ela não estava satisfeita e disse por meios de palavras pesadas o que ela queria que Camila lhe fizesse. Camila a desejava e sem pensar a obedeceu. Aproximou-se de Brenda, segurou firme seus cabelos e puxou para trás, com força. Foi até seu pescoço e sussurrou: Você é louca. - Lambeu seu seio e foi subindo, até chegar ao seu pescoço, aonde sugou forte, fazendo roxear o lugar em poucos segundos. A jogou no sofá e abriu suas pernas bruscamente e colocou língua em seu sexo fazendo-a se contorcer de tesão. A chupava com vontade, com gosto, penetrando sua língua bem fundo. Parecia ter sede daquele gosto, daquele gozo, da submissão daquela mulher, que não demorou muito para ter seu segundo orgasmo, dessa vez mais forte, como se fosse explodir. Não conteve-se e gritou. Gritou muito. De prazer. Foi voltando devagar, empurrou a cabeça de Camila com força pra trás dizendo - Estou satisfeita. - Enquanto ela passava a mão na boca, fazendo cara de que ela não estava, porém, recuou.
Foi até Brenda para lhe abraçar, mas ela a empurrou. Deitou-se no chão do apartamento e ficou ali, inundada de suor, em silêncio, até sua respiração se tranquilizar e voltar a si. Enquanto isso Camila foi até o braço do sofá, sentou-se de pernas cruzadas, acendeu um cigarro. Percebia algo diferente em Brenda, ela estava distante, porém, nada fez e continuou agindo normalmente.
Brenda depois de alguns instantes vestiu-se. Nenhuma das duas dizia absolutamente nada, até que Brenda se aproximou e resolveu quebrar o silêncio perturbador daquela sala, dizendo para Camila: - Não precisei nem ser vidente para saber com quem você dormiu. - Pegou o cigarro que ela estava fumando e deu um trago. - Você sempre consegue tudo que quer, não é? E parece que o universo conspira sempre ao seu favor... Não precisa mais mentir pra mim, ou fazer malabarismos para que eu não descubra. - Diz Camila serena e rindo. Continua - E eu sabia que vocês duas iriam além do que aqueles flertes no "jantar de negócios" - Camila escuta calada. - Que você não tem respeito por mim, eu já sabia. Só que você realmente quer estragar a vida dela desse jeito? Você sabe que com ela não vai ser diferente, não é? - Pergunta Brenda, olhando para Camila, enquanto a mesma desvia o olhar. - Me dói pensar que eu achei que você poderia mudar. Dói perceber que todo meu esforço não passou de uma perda de tempo absurda, uma eternidade investida em algo que todos me diziam que não daria certo, por pura ignorância minha, por acreditar que você merecia uma chance. Burra. Cega de amor. Eu larguei tudo por você e olha aí... Agora que você conseguiu o que quer, parte para a próxima vítima. Vaga, vazia, formada de osso, carne e vento. Não ama ninguém, só a si mesma. E eu observando a forma como você envolve outras pessoas, as usa e depois joga fora, como se elas fossem descartáveis, objetos, brincos que você até esquece que possui quando enjoa deles. Você brinca com sentimentos das pessoas como se elas fossem fantoches. Você até daria uma ótima atriz, sabia Camila? - Questina Brenda. Enquanto Camila ouve, friamente, sem esboçar nenhuma reação, acendendo outro cigarro - Olha... Uma pessoa consegue interpretar um sentimento e um alguém tão bem sem ao menos ter um script? Ou será que você sempre teve e eu nunca soube? A história que você vai contar para ela largar o namorado é a mesma que você contou para eu largar o meu? Egoísta. Não pensa em ninguém além de você. Você quer saber o motivo desse desejo todo repentino nela? Eu te falo; Porque ela ainda não é sua. Porque ela está do outro lado, ela não pertence ao seu mundo. Você só a quer enquanto você não a tem. Você não a alcança e isso te instiga. Você passa por cima de qualquer coisa pra satisfazer um capricho seu. E joga baixo. Você é baixa. Você vai foder a vida dela como fodeu a minha e de todas as outras milhares de mulheres que passou pela sua vida. E você sabe disso. Você é um robô, e eu tenho vontade de rasgar seu peito com uma faca só para ter a certeza que aí tem mesmo um coração.
- Com ela é diferente! - interrompe Camila.
- Você não tem nada por ninguém Camila. Você não é nada e nunca foi nada. Você sabe bem disso. E gosto demais de mim mesma para aceitar uma coisa dessas. Foi por isso que eu estou jogando a toalha. Só pensa direitinho no que você vai fazer da sua vida, enfim, agora é um problema só seu...
- Camila segura o braço de Brenda dizendo - Espera.
Camila puxa seu braço - Não me encosta. - Brenda pega sua bolsa e sai do apartamento batendo a porta sem olhar para trás.

Do Céu ao InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora