O presente que me deixou

Capítulo 2

As semanas estavam passando de forma lenta e torturante para Lena Luthor. Ela estava sozinha ali, todas as pessoas que amava estavam nos EUA, enquanto ela estava na Irlanda cuidado da filial das empresas Luthor. Lena sempre foi muito inteligente e dedicada, se formou aos 22 anos em duas graduações diferentes. Atualmente, com 26 anos, Lena não poderia dizer que é dona do próprio nariz, já que ainda faz tudo que sua mãe manda como forma de agradá-la ou compensá-la por ser diferente.

Sempre foi assim, a morena sempre procurou agradar seus pais, pois tinha medo de ser rejeitada por eles por ser diferente da maioria das mulheres, Lena é intersexual. Seus pais e seu irmão, sempre a apoiaram, estiveram do seu lado para tudo. Porém, Lena sentia-se no dever de compensar eles de alguma forma, por isso Lillian se aproveitava desse detalhe da filha para dominá-la. Mesmo a morena se aceitando da forma que era, ela tomava distância das pessoas que a olhavam com interesse ou como um objeto de uso sexual, com o único objetivo de cumprir fetiches.

Ao longo dos anos, ela se relacionou com poucas pessoas, pois tinha medo de se doar e sair ferida depois, afinal, as pessoas eram más e cruéis, mas nem todos eram assim. Há pouco mais de um ano, ela conheceu uma mulher que a fez perceber que existem sim pessoas boas, mesmo que poucas. Kara Danvers entrou em sua vida por acaso, mas permaneceu nela por escolha própria, até que Lena, por sempre fazer tudo que a mãe manda, a afastou depois de quase um ano de relacionamento.

Lillian nunca assumiria em voz alta, mas ela não achava Kara a escolha certa para sua filha. Ela queria que Lena se casasse com alguém de renome e não uma repórter qualquer. Por isso, ela aproveitou que a filial da Luthor-Corp da Irlanda logo estaria pronta para mandar Lena tomar conta da empresa. Usando sua influência sobre a filha e um pouco de drama, ela conseguiu fazer com Lena terminasse com a namorada e voasse para o outro lado do mundo.

Lena nunca havia conhecido alguém como Kara. Uma pessoa com uma alma tão linda e pura, capaz de alegrar seu dia apenas com um sorriso. Foi impossível não se apaixonar. E Kara, nunca a rejeitou, sempre a amou da forma que ela era, com seus defeitos e imperfeições. Kara dizia que tudo aquilo fazia parte de quem ela era. Lena sorriu olhado para o céu através da varanda de seu apartamento, lembrando-se da mulher que amava e sabia que esse sentimento nunca iria lhe abandonar.

Flashback on:

Lena e Kara estavam saindo a quase dois meses, mas nunca haviam passado de beijos e alguns toques. Kara estava começando a pensar que Lena não a desejava de forma mais intima e isso a estava atormentando. Precisava confrontar a Luthor, mas tinha medo de ouvir a verdade. Elas estavam no apartamento da loira, vendo um filme na sala, as duas cobertas com um edredom fofinho.

– Lena? – Kara chamou, mesmo que com medo.

– Sim? – Lena desviou sua atenção da TV para a loira entre suas pernas. Kara fechou os olhos e respirou fundo.

– Tem algo que eu gostaria de perguntar, mas não sei bem como. – Lena percebeu o nervosismo da loira e se endireitou para ficar de frente para ela.

– Pode perguntar, querida. – Lena disse segurando suas mãos.

– Tudo bem. – Respirou fundo mais uma vez para tomar coragem – Por que nós nunca transamos? – Lena abriu a boca, mas nenhum som era emitido através de seus lábios. Ela sabia que esse momento iria chegar, mas não sabia se estava preparada para isso – Sempre que as coisas começam a esquentar entre a gente, você foge. Você não sente desejo por mim? – Ela perguntou um pouco triste e Lena levantou a cabeça rápido, não poderia deixar Kara pensar isso.

– Kara, não é isso. Ei, olhe para mim – com delicadeza, levantou o rosto dela – Claro que sinto desejo por você, mas... – exitou um pouco – o que a gente tem é algo tão especial, que tenho medo de estragar.