Capítulo 2

148 15 24
                                    

Eu jogava com os fones no último volume, quando Vinícius abriu a porta e empurrou um colchão para dentro.

Curioso, pausei o jogo e fiquei observando. A briga deve ter sido feia para ele vir dormir no meu quarto. Vinícius não gostava de dormir sozinho, quando minha irmã brigava com ele, eu tinha que aturá-lo.

— O que houve? — Vinícius largou o colchão e sentou na minha cama.

— Sua irmã está brava comigo — resmungou, esfregando os olhos.

— Isso eu sei — respondi fazendo o mesmo que ele. — Você não traiu ela ou coisa do tipo, né?

— Luan, eu amo sua irmã. Não aconteceu nada demais — murmurou, jogando o cabelo para trás com a mão direita.

— Uma carimbo de batom na gola da camisa é bastante coisa — acusei, mesmo ciente de que Vinícius não faria algo assim.

Eu acho.

— Lucca e eu fomos em um bar ontem à noite, estávamos bebendo no balcão como sempre. Então uma garota veio cambaleando e meio que caiu em cima de mim, eu levantei assustado e a segurei para não piorar as coisas — iniciou, ganhando minha atenção. — Depois ela se desculpou e foi embora, apenas isso que aconteceu. Eu nem vi que ela deixou um carimbo na minha camisa.

— Boa sorte com a minha irmã — ironizei, ele rolou os olhos. — Sei que não deve ter feito nada. Você só falta latir pra ela.

— Queria que a Mari pensasse assim — retrucou, balançando a cabeça. — Mudando de assunto, como foi na faculdade? Tudo certo? — perguntou, ajeitando suas coisas ao lado da minha cama.

— Mais ou menos, a Betina veio falar comigo outra vez... — comecei. — Mas conheci um garoto legal, isso foi bom.

Vinícius assentiu.

— Fico feliz em saber que está conseguindo lidar melhor com a situação. — Ele foi até o guarda-roupa, em seguida pegou um edredom e um travesseiro de lá.

— Vini, você acha que é de boa achar outro cara bonito? — indaguei com um certo receio de ser mal interpretado.

Entretanto, como disse, eu falava quase tudo para o Vinícius. Pelo menos quando estava de bom humor.

Ele riu.

— Sim, não tem nada demais — afirmou se enfiando embaixo das cobertas. — Quem é tão bonito assim para ser digno da sua atenção?

— Esse garoto que eu conheci hoje, o nome dele é Noah — contei, sentindo meu rosto esquentar um pouco.

Sorte que meu tom de pele não permitia que eu ficasse vermelho.

— Achar outro garoto bonito te incomoda? — questionou, analisando minha expressão.

— Não — voltei atrás — Quer dizer, depende. Eu queria saber se é normal.

— Tem uma certa diferença entre achar bonito e sentir atração — explicou com paci, naquele tom típico dele. — É normal achar outras pessoas bonitas, agora você desejar essa pessoa que torna as coisas diferentes ou mais interessantes.

— Entendi — murmurei, ficando em silêncio por alguns instantes. — Você acha que eu sou crianção?

Vinícius riu outra vez.

— Qual é a dessa pergunta agora? — devolveu, ainda rindo.

— A Betina uma vez falou isso pra mim, se não me engano um pouco antes de me trair com o Breno... — me joguei na cama. — Que eu sou crianção.

Amor e outros processos sentimentaisOnde histórias criam vida. Descubra agora