Finalmente era meu aniversário, então minha irmã fez a festa para os nossos amigos em casa, como eu suspeitava. Estava calor e Vinícius limpou a piscina para que a gente pudesse entrar de boa. Então agora eu observava Noah nadando como se fosse um atleta olímpico, Débora e o Jean faziam o mesmo. Só eu que preferi ficar na borda, pensando em como fui permitir que algo assim acontecesse.
Quando comecei a sentir vontade de beijar o Noah de verdade, fiquei em pânico. Quer dizer, a possibilidade de ele me corresponder era tão surreal. Era o Noah, ele era inalcançável. Não somente por sermos amigos, mas porque nunca sequer demonstrou ter qualquer tipo de interesse em mim depois daquele selinho que trocamos.
— Não vai cair? — perguntou, jogando o cabelo molhado para tirá-lo dos olhos. — A água tá uma delícia.
— Acho que agora não — murmurei, desviando o olhar com medo de entregar minhas emoções conturbadas.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, apoiando os braços no meu joelho. Senti um arrepio na espinha, mas fingi tranquilidade para não me entregar — Tem algum tempo que estou te notando meio distante.
Minha garganta fechou.
— São só as provas finais — menti, abrindo um sorriso amarelo.
— Cara, você é o gênio daqui, se alguém tem que ficar preocupado sou eu — disparou, dando aquele sorriso que me fazia querer beijá-lo.
— Não força — ri.
Ele apertou meu joelho.
— É teu aniversário, bora aproveitar — Noah me puxou pela mão e eu caí na água.
Em um segundo Jean começou a jogar água em mim, enquanto a Débora ria. Eu tinha me afastado um pouco dos filhos da Vanda, amiga da minha irmã, mas fiquei feliz quando eles vieram. A gente se conhecia desde criança, não dava para ignorar isso.
— Pensei que você ia passar o dia todo com cara de poucos amigos no dia do seu aniversário — Débora provocou.
Fiz uma careta.
— Eu tava de boa — garanti, sem graça.
— Não estava mesmo — Jean acrescentou, apoiando a irmã. — Vou pegar a bola pra gente jogar volei, topam?
Noah assentiu.
— Deixa que eu vou — Débora se ofereceu, nadando até a borda da piscina.
Ela era muito bonita, lembrava um pouco a Sabrina, tinha cabelos longos e cacheados e o corpo definido. O maiô rosa fluorescente marcava bem suas curvas, então acabei esquecendo os olhos nela por alguns segundos, enquanto subia pela escada para sair da piscina.
Noah deu um peteleco no meu braço.
— Ela é linda, né? — disparou, me fazendo corar.
Sorte que o Jean estava distraído, do contrário ia começar a me zoar. Ele dizia que a Débora gostava de mim, mas eu pensava que não.
— Hãm... — enrolei constrangido — É sim.
Ele riu.
— Aproveita que hoje é seu aniversário e pede um beijo de presente — falou, jogando água no meu rosto.
Abri a boca para dizer que ela não fazia meu tipo, talvez antes de eu me apaixonar pelo Noah. Mas agora eu apenas a considerava bonita e nada mais. Entretanto, ao invés de retrucar, apenas me afundei na piscina desejando não ser tão covarde. Se eu me declarasse, na certa levaria um fora e estragaria nossa amizade.
Eu não queria isso.
Era melhor lidar com meus sentimentos sozinho, uma hora iria passar.
Tinha que passar.
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Amor e outros processos sentimentais
JugendliteraturLuan cresceu, agora seu hobby favorito não é mais colocar sua irmã em situações constrangedoras. Afinal, no auge de seus dezenove anos, tem outras preocupações maiores. Por exemplo, o fato da sua namorada trai-lo com o melhor amigo e como superar o...