Capítulo 8

38 5 5
                                    

A mãe do Noah trouxe ele para o shopping e depois de fazer mais algumas piadinhas e me dar um abraço, foi embora.

— Não liga pra minha mãe — pediu, balançando a cabeça.

Eu ri.

— Gosto dela.

Ele rolou os olhos.

— Que filme vamos assistir? — perguntou, ajeitando a mochila nas costas.

— Vamos dar uma olhada no que está em cartaz — informei, andando na frente. 

Noah me seguiu e acabamos escolhendo um filme de ação, além de comprar um combo de pipoca e refrigerante. Eu tentei agir normalmente durante o tempo todo em que ficamos ali no cinema e depois na faculdade. Não tocamos mais no assunto do que acontecera na casa dos avôs do Noah e muito menos falamos sobre o quase beijo que trocamos. Tudo parecia estar nos eixos novamente, se é que seria possível agora que eu já sabia mais ou menos o que sentia por ele. A voz insistente da Sabrina martelava nos meus ouvidos. Eu estava começando a gostar do Noah e isso era horrível porque ele era meu amigo e nada mais. O que eu deveria fazer? Ignorar até essa coisa doida passar e eu encontrar outra pessoa? Contar a verdade não era uma opção.

— Então vamos na BGS no domingo? — mencionei, lembrando que ele dissera há pouco que seria melhor naquele dia.

Porque sábado teria um compromisso.

Eu não perguntei qual, com medo de não gostar da resposta.

— Fechou! — respondeu, ajeitando a mochila no ombro.

Eu adorava quando ele fazia isso.

— Quer uma carona? — ofereci, olhando ao redor para ver se a mãe dele surgiria do nada.

— Tranquilo, eu vou dormir na casa de um amigo hoje — respondeu, olhando o celular.

Meu coração afundou no peito.

— Beleza, a gente se vê — respondi, indo para o estacionamento.

Ainda vi quando um outro garoto chegava naquele momento e eles sairam da faculdade.

Era isso.

Eu nunca teria chance com o Noah.

Era melhor aceitar desde já.

Cheguei em casa no automático.

Mariane e Vinícius estavam de chamego na sala, mas eu acenei e passei direto. Só queria ficar sozinho, porque era isso que eu era. Sozinho.

(...)

Quando acabei de sair do banho, encontrei minha irmã sentada na minha cama. Tomei até um susto porque a luz do quarto estava apagada.

— Que susto, Mari! — exclamei, quando ela falou comigo.

— Foi mal, não quis acender a luz e acordar o Vinícius.

— Está parecendo uma assombração — ri baixinho — E como ele acordaria se dorme em outro quarto?

— Ah, ele acorda — Mariane riu também — O Vinícius sente quando não estou ali.

— É, imagino. Ele é um grude com você — sentei ao seu lado na cama.

— Mas enfim, você está bem?

— Sim — respondi hesitante.

— Não tem nada demais acontecendo? Tipo um novo amor... — ela empurrou meu ombro.

Mordi o lábio.

— E se... — eu sabia que minha irmã ia me apoiar, mas ainda era tudo muito novo pra mim.

Amor e outros processos sentimentaisOnde histórias criam vida. Descubra agora