Capítulo 5

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Noah e eu tentamos manter o clima depois que as meninas foram embora, ainda bebemos mais um pouco. Só que não deu para disfarçar. Eu estava constrangido e surpreso, não em um sentido ruim para falar a verdade. E ele ficou mais silencioso, o que era estranho à beça. Porque eu era o quieto ali, se Noah não mantivesse a conversa, sozinho eu não ia conseguir. Então pagamos a conta e fomos embora, andando lado a lado pela madrugada.

Tinha bastante gente na rua, naquela região ninguém dormia cedo. Alguns bares ficavam abertos durante toda a madrugada.

— Certeza que sua avó não vai se importar de eu dormir na sua casa? — questionei para quebrar aquele silêncio insuperável.

— Não, provavelmente ela vai estar dormindo já — afirmou, dando risada — Minha vó tenta me esperar acordada, mas nunca consegue.

— Minha irmã também é assim — ri, pensando que ela sempre cuidou de mim como se fosse minha mãe.

E pronto, o assunto morreu outra vez. Por sorte os avós do Noah moravam perto e não demorou para chegarmos. Noah abriu o portão e entramos silenciosamente. A casa estava mergulhada na escuridão e ele não acendeu nenhuma luz, acho que para não acordar ninguém. Tive que me guiar pelo som dos seus passos, ele andava na minha frente.

— Por aqui — Noah segurou meu pulso, me guiando pelo corredor — Desculpa, não quero acordar eles agora.

— Entendo — sussurrei.

Noah continuou me segurando até entrarmos em um outro cômodo que eu julguei ser o quarto dele. Noah me soltou e finalmente acendeu a luz, olhei ao redor e o quarto era bem simples. A não ser pela bateria no canto direito e o videogame em frente à cama.

Eu não sabia que ele tocava bateria.

— Quer tomar um banho? — questionou, abrindo o guarda-roupa.

— Não vai acordar seus avôs? — franzi o cenho.

— Não — deu um sorriso de canto — Meu quarto tem isolamento acústico por causa da bateria e tem banheiro aqui.

— Por falar nisso, não sabia que tocava — fui até lá e toquei de leve um prato.

— Você não sabe tudo sobre mim — deu de ombros.

Fiz uma careta.

— Eu te contei quase toda a minha vida — ele riu.

— Seus segredos estão seguros comigo.

— Eu não tenho segredos — rebati, sentindo o rosto esquentar.

— Eai, quer tomar banho ou não? — insistiu — Posso te emprestar uma roupa.

— Quero sim — confirmei, sentando na cama de solteiro.

Ele pegou algumas peças e toalha, entregando na minha mão.

— Vou depois de você — assenti e entrei no banheiro.

Não demorei muito, nem curiei as coisas dele. Quando saí, Noah estava mexendo no celular. Ele levantou, pegou mais algumas roupas e entrou no banho.

A roupa do Noah tinha o cheiro dele, era lavanda ou algo do tipo. Peguei o meu celular e havia uma mensagem da Mariane. Eu avisei que ia chegar tarde e depois que ia dormir na casa de um amigo da faculdade. Mas a minha irmã ainda era apegada comigo e se preocupava atoa.

Luan: Tô bem, vou embora de manhã. Relaxa.

Noah saiu um pouco depois.

— Problemas? — sentou ao meu lado.

Ele cheirava a sabonete misturado com lavanda.

— Só minha irmã querendo saber se eu estou bem — mostrei o celular.

Amor e outros processos sentimentaisOnde histórias criam vida. Descubra agora