Noah e eu tentamos manter o clima depois que as meninas foram embora, ainda bebemos mais um pouco. Só que não deu para disfarçar. Eu estava constrangido e surpreso, não em um sentido ruim para falar a verdade. E ele ficou mais silencioso, o que era estranho à beça. Porque eu era o quieto ali, se Noah não mantivesse a conversa, sozinho eu não ia conseguir. Então pagamos a conta e fomos embora, andando lado a lado pela madrugada.
Tinha bastante gente na rua, naquela região ninguém dormia cedo. Alguns bares ficavam abertos durante toda a madrugada.
— Certeza que sua avó não vai se importar de eu dormir na sua casa? — questionei para quebrar aquele silêncio insuperável.
— Não, provavelmente ela vai estar dormindo já — afirmou, dando risada — Minha vó tenta me esperar acordada, mas nunca consegue.
— Minha irmã também é assim — ri, pensando que ela sempre cuidou de mim como se fosse minha mãe.
E pronto, o assunto morreu outra vez. Por sorte os avós do Noah moravam perto e não demorou para chegarmos. Noah abriu o portão e entramos silenciosamente. A casa estava mergulhada na escuridão e ele não acendeu nenhuma luz, acho que para não acordar ninguém. Tive que me guiar pelo som dos seus passos, ele andava na minha frente.
— Por aqui — Noah segurou meu pulso, me guiando pelo corredor — Desculpa, não quero acordar eles agora.
— Entendo — sussurrei.
Noah continuou me segurando até entrarmos em um outro cômodo que eu julguei ser o quarto dele. Noah me soltou e finalmente acendeu a luz, olhei ao redor e o quarto era bem simples. A não ser pela bateria no canto direito e o videogame em frente à cama.
Eu não sabia que ele tocava bateria.
— Quer tomar um banho? — questionou, abrindo o guarda-roupa.
— Não vai acordar seus avôs? — franzi o cenho.
— Não — deu um sorriso de canto — Meu quarto tem isolamento acústico por causa da bateria e tem banheiro aqui.
— Por falar nisso, não sabia que tocava — fui até lá e toquei de leve um prato.
— Você não sabe tudo sobre mim — deu de ombros.
Fiz uma careta.
— Eu te contei quase toda a minha vida — ele riu.
— Seus segredos estão seguros comigo.
— Eu não tenho segredos — rebati, sentindo o rosto esquentar.
— Eai, quer tomar banho ou não? — insistiu — Posso te emprestar uma roupa.
— Quero sim — confirmei, sentando na cama de solteiro.
Ele pegou algumas peças e toalha, entregando na minha mão.
— Vou depois de você — assenti e entrei no banheiro.
Não demorei muito, nem curiei as coisas dele. Quando saí, Noah estava mexendo no celular. Ele levantou, pegou mais algumas roupas e entrou no banho.
A roupa do Noah tinha o cheiro dele, era lavanda ou algo do tipo. Peguei o meu celular e havia uma mensagem da Mariane. Eu avisei que ia chegar tarde e depois que ia dormir na casa de um amigo da faculdade. Mas a minha irmã ainda era apegada comigo e se preocupava atoa.
Luan: Tô bem, vou embora de manhã. Relaxa.
Noah saiu um pouco depois.
— Problemas? — sentou ao meu lado.
Ele cheirava a sabonete misturado com lavanda.
— Só minha irmã querendo saber se eu estou bem — mostrei o celular.
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Amor e outros processos sentimentais
Novela JuvenilLuan cresceu, agora seu hobby favorito não é mais colocar sua irmã em situações constrangedoras. Afinal, no auge de seus dezenove anos, tem outras preocupações maiores. Por exemplo, o fato da sua namorada trai-lo com o melhor amigo e como superar o...