Capítulo 7

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Quando cheguei à faculdade, já estava disposto a conversar com o Noah. Pelo menos esclarecer o que eu senti, graças a Sabrina, estava compreendendo melhor os meus sentimentos. Não somente sobre o que os avós dele fizeram, mas sobre o beijo em si. Ainda que tenha sido apenas um selinho, eu estaria mentindo se dissesse que não senti nada. Mas sobre isso não pretendia falar com ele. Noah perguntou se o beijo não afetaria nossa amizade e eu garanti que não. Portanto, teria que lidar sozinho com esses sentimentos confusos.

Essa parte eu deixaria escondido só para mim.

— Luan — Ouvi sua voz assim que entrei na sala.

Alguns alunos já estavam por ali também, mas Noah foi discreto ao falar comigo.

— Oi — sentei na carteira ao lado.

— Desculpa — foi dizendo aos atropelos — Desculpa mesmo, não sabia que meus avós fariam algo assim. Eu...

— Tudo bem — menti, não era exatamente verdade.

Mas Noah não tinha culpa de nada.

— Sério — ele mordeu o lábio inferior — Eu tô me sentindo muito mal, conversei com eles...

— Noah — chamei seu nome um pouco antes do professor entrar na sala — Acho que não quero mais falar sobre isso. Tá tudo certo, foi mal não ter te atendido. Eu precisava ficar um pouco sozinho.

— Certo — Noah olhou para a frente quando o professor deu boa noite e iniciou a aula.

Eu estava confuso e incomodado ainda, não podia negar. Também não pretendia ir mais à casa dos avós dele, também não queria que isso afetasse nossa amizade.

O que eu deveria fazer?

Na hora do intervalo, fomos comprar dois lanches e encontrei com a Betina. Ela me olhou com os olhos suplicantes, mas apenas ignorei. Não estava com cabeça para lidar com ela hoje e provavelmente nunca mais. Breno também estava ali conversando com um grupo de amigos, aparentemente eu já era um peso morto. Diferentemente de mim, que não tinha facilidade em fazer amigos. Ele conversava com geral. Não que isso fosse um problema na nossa antiga amizade, mas logo percebi que eu era descartável. Se não fosse ele não teria ficado com a minha namorada.

Comprei meu lanche em silêncio, Noah fez o mesmo.

— Tá tudo certo mesmo? — Quis saber, abrindo a sua lata de coca.

— Sim... — balancei a cabeça — Vamos mesmo na BGS?

— Claro, eu estou super animado! — Dei risada.

Era isso, estávamos de boa, certo? Eu só não pretendia conhecer mais nenhum familiar do Noah. Também não queria dar mais atenção do que a situação merecia. Eu tinha a minha família que me apoiava e a melhor irmã do mundo. Não podia reclamar de nada.

— Vou comprar os ingressos amanhã — informei, mordendo o meu lanche — E meu aniversário é no próximo mês, sei que a Mari vai querer fazer alguma coisa. Se quiser conhecer minha casa.

— Certo — ele engoliu em seco — Queria que as coisas tivessem sido diferentes...

Eu o cortei.

— Vamos esquecer isso, sério — pedi suspirando — Vamos passar uma borracha no que aconteceu.

Ele assentiu.

Quando o intervalo acabou, voltamos para a sala num clima mais leve. Em partes o acontecido fez com que não tocássemos no assunto sobre o beijo. Não que eu pensasse sobre isso com frequência. Para ser sincero, eu pensava sim. Principalmente depois de conversar com a Sabrina.

Droga.

Me apaixonar pelo Noah era tudo o que eu não precisava agora.

O restante das aulas passaram rápido, fiquei pensando sobre...

— Quer uma carona? — perguntei, quando estávamos saindo da faculdade.

— Tá suave, vou ir pra casa da minha mãe e ela vem me buscar — informou, ajeitando a mochila ombro.

— Valeu, até amanhã então — respondi, fazendo menção de ir para o estacionamento.

Mas antes que pudesse me afastar, uma mulher abordou a gente.

— Te achei — ela abraçou o Noah.

— Oi mãe — respondeu, retribuindo o abraço.

Pensei em sair pela tangente, porque estava meio traumatizado com os familiares do Noah. Mas ela sorriu para mim e eu fiquei sem graça de ser rude.

— Você deve ser o Luan — comentou ainda sorridente — O Noah fala bastante de você.

— Ah — senti o rosto esquentar — Prazer.

— O prazer é meu, querido — ela respondeu com o mesmo sorriso no rosto.

— Vamos, mãe? — Noah pegou em sua mão.

— Qualquer dia marca com o Noah de vir almoçar em casa — assenti constrangido.

Então eles se foram.

Podia ter sido pior, então voltei para casa ao som de Avenged Sevenfold.

Estava tudo silencioso quando cheguei em casa, achei melhor dessa forma. Minha irmã geralmente esperava para dormir, mas devia estar cansada hoje. Até que quando estava abrindo a porta do meu quarto, ela surgiu:

— Chegou cedo — balbuciou sonolenta.

— Vim direto pra casa — respondi baixinho.

— Está tudo bem?

Fiz que sim com a cabeça e sorri.

Mariane assentiu, voltando para o quarto.

(...)

No outro dia, acabei acordando tarde e não vi quando minha irmã saiu com o Vinícius para levar a Laís para a creche. Sabrina e Paloma também não estavam em casa, então eu tomei café sozinho e liguei o PC para comprar os ingressos da BGS. Só fiquei em dúvida sobre o dia, mandei uma mensagem no whatsapp e fiquei jogando videogame enquanto ele não me respondia.

Quando já estava ficando com fome de novo, meu celular vibrou.

Noah: Qualquer dia pra mim tá ótimo.

Dei risada.

Eu: Sábado então, fechou?

Noah: Fecho... Ah, desculpa pela minha mãe ontem...

Eu: Que nada, ela foi super legal.

Noah: Ela gostou de você. Perguntou se era meu namorado, então se encontrar com ela de novo, não liga pras indiretas.

Meu rosto queimou.

Eu: Sua mãe acha que somos namorados?

Noah: Aparentemente não se pode mais comentar sobre os amigos...

Respirei fundo, tomando coragem.

Eu: Tá fazendo alguma coisa?

Noah: Não.

Eu: A fim de ir ao cinema?

Noah: Bora!

Mandei um áudio dizendo que ia buscar ele, para me passar o endereço. Combinamos de ir direto para a faculdade depois disso, mas eu não queria ficar em casa sozinho. Era bem solitário quando a Mariane e o Vinícius estavam no trabalho e os filhos da Vanda, que antes eram meus amigos, agora também tinham suas obrigações. E para ser sincero, eu podia assumir ao menos para mim querer ficar perto do Noah. Na faculdade, com as aulas e tudo o mais, não dava para conversar direito fora do intervalo. Não tinha nada de errado em querer passar mais um tempo com o amigo, certo?

Era o que eu dizia, mas internamente eu já sabia que não era bem assim...

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Como prometdo, ca estou eu <3


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