Capítulo 6

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No domingo de manhã, minha irmã perguntou se eu ia sair. Respondi que não, pretendia passar o dia com a minha sobrinha. E foi isso que fiz. Mariane e Vinícius foram trabalhar, mais tarde Sabrina e Paloma viriam pra casa e faríamos um churrasco. Noah continuou me ligando, mas eu teria que vê-lo amanhã na faculdade. Preferia não me preocupar com esse assunto por hora. Queria ficar com a minha família hoje. Eu o chamei para vir pra cá, mas agora não faria sentido. Não quando a família dele não me aceitava, dava para manter uma amizade assim? Com esse tipo de limitação?

Quer dizer, Vanda era negra e eu nunca passei por isso visitando a casa dela ou brincando com a Deby e o Jean. Como nunca fui de ter tantas amizades, não costumava frequentar a casa de ninguém a ponto de dar abertura a ofensas. A família do Breno também gostava de mim, na verdade a mãe dele fazia todo tipo de comida quando eu ia lá. Eu até sentia falta dela, mas não dava para fingir que ele não ficou com a minha ex-namorada enquanto estávamos juntos.

É, eu realmente não teria mais nenhum amigo verdadeiro ao longo da vida. Morreria sozinho, mas ao menos tinha minha família. Deveria bastar.

— Tio, Lu — Laís chamou, deitando no meu colo — Por que você tá triste?

— Não tô triste — menti, ignorando outra ligação do Noah — Vamos tomar sorvete?

— Obaa! — Sua animação foi suficiente para me distrair durante a tarde.

Não podia deixar que a Laís perdesse o apetite antes de almoçar, minha irmã chegaria mais cedo do trabalho para receber as amigas e preparar tudo. Vanda também viria ajudar, seria bom. Fazia um tempo que eu não falava com meus antigos amigos, talvez as coisas pudessem voltar a ser como antes.

Só talvez...

(...)

Mariane mandou mensagem perguntando onde fomos. Respondi que levei a Laís na sorveteira e já estava voltando.

Quando chegamos, já estavam todos em casa.

— Luan, quanto tempo! — Sabrina foi a primeira a me abraçar.

— Oi — retribui o abraço, um pouco constrangido.

Eu não me sentia confortável com demonstrações públicas de afeto. Só minha irmã me abraçava daquele jeito. Mas Sabrina era amiga dela e eu a conhecia desde criança. Éramos próximos também. Paloma veio me cumprimentar um pouco mais contida. Elas eram um casal desde que eu tinha uns doze anos. Trabalharam juntas na livraria, mas as duas foram transferidas para a matriz e agora se viam de vez em quando. A vida de adulto que trabalha não é fácil, eu não tinha urgência em fazer parte daquilo. Apesar de ter prometido que cuidaria da minha irmã, ela continuava cuidando de mim.

Em seguida, Jean me cumprimentou. Débora também era tímida, como eu, então acabei indo até ela.

Laís correu para a Sabrina, as duas eram bem apegadas. Eu deixei todos lá e subi para o quarto, queria tomar um banho. Ao retornar, já tinha música rolando, os adultos bebiam e eu até pensei em tomar uma cerveja. Mas logo descartei a ideia.

Me juntei à Débora, ela estava sentada no sofá brincando de UNO com a Laís.

— Posso jogar? — perguntei, querendo distrair a cabeça.

Ela fez que sim, então esperei a próxima rodada. Estavam todos animados, conversando e comendo. Minha irmã deixou tudo preparado ontem para hoje eles não terem tanto trabalho. Como sempre, The Killers tocava nas alturas. Mariane era obcecada por essa banda. Por mim colocava Avenged Sevenfold.

Não sei por quanto tempo a gente jogou, mas começamos a ficar com fome. Por isso fui atrás de comida. Vinícius estava na churrasqueira conversando com a Sabrina, enquanto ela bebia alguma coisa coisa colorida. Nem sinal do Lucca. O primo do meu cunhado, ele deveria estar com alguma mulher. Não era novidade.

Amor e outros processos sentimentaisOnde histórias criam vida. Descubra agora