Prólogo

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Não tenho sorte no amor ou em quaisquer outros processos sentimentais, nunca tive.

Minha primeira decepção amorosa veio bem cedo quando fiquei na friendzone pela garota que eu gostava.

Eu sei até hoje que minha irmã queria rir quando contei que a Lívia gostava de mim somente como amigo. Foi chato pra caramba na época, mas nem se compara a ver minha namorada aos beijos com o meu melhor amigo.

Ex melhor amigo, devo frisar. 

Foi uma merda.

Cacete!

De todos os garotos, precisava ser meu amigo? Puta que pariu!

Alguns momentos na vida a gente quer rebobinar ou fingir que nunca existiu. Encontrar o Breno engolindo minha namorada no portão da casa dele, sem dúvidas, estava no TOP 1 dos momentos que eu gostaria que não existisse mais na minha memória.

Olha que a minha irmã me pegar em um momento íntimo comigo mesmo, antes estava no topo do pódio das piores lembranças da minha adolescência. 

Mas eu fui iludido ao pensar que não existiriam outros. 

— Eaí, parça. — Vinícius chegou em casa tarde naquele dia e me encontrou jogando videogame desolado na sala. — Você tá bem? 

— Na medida do possível — respondi indiferente.

Vinícius sentou ao meu lado e eu resetei o jogo, em seguida entreguei o segundo controle a ele. A gente sempre trocava ideia sobre tudo, assuntos que eu julgava constrangedor demais para falar com a minha irmã. Com o Vini era tranquilo e menos vergonhoso.

Tipo quando eu queria perder a virgindade e não sabia o que fazer, porque a Betina também era virgem... Droga, de novo eu pensando nela.

— Quer falar sobre o que está sentindo? — perguntou diplomático.

Essa era uma das coisas legais de conversar com o Vinícius, ele não forçava o assunto. Esperava que eu quisesse realmente falar ou não e hoje estava mais para não.

— Valeu, mas não tô afim... — iniciei escolhendo meu personagem no jogo. — Tomei um chifre, perdi a namorada e o melhor amigo de uma vez só. Não tenho nada a acrescentar de novo.

Vinícius assentiu, pude ver de relance. O silêncio se instalou entre nós por algum tempo até começarmos a jogar. Eu não podia dizer que eu o via como um pai, porque seria estranho demais ter um pai tão boa pinta. Acredito que nossa relação estava mais próxima de irmãos e naquele momento eu agradeci em pensamento por ele não insistir que eu me abrisse.

— Mari saiu? — Quebrou o silêncio entre nós, só o que se ouvia antes era o som da televisão.

— Ela foi pra casa de uns amigos estudar e pediu pra te avisar que vai chegar tarde — expliquei com calma, tentando dar o recado certo. Minha irmã vivia com o celular descarregado, era difícil falar com ela. — A Lalá tá dormindo no quarto.

— Hmm — resmungou se ajeitando. Vinícius morria de ciúme da minha irmã, mas nunca demonstrava. Pelo menos não na frente dela. — Que amigos?

— Você é tão previsível — objetei, dando risada. — Como pode ter ciúme da minha irmã? Se eu tivesse sua aparência na certa não teria levado um chifre.

— Eu não tenho ciúme dela — rebateu imediatamente.

— Sei.

— E cara, essa coisa de aparência é superestimada. Amor não se baseia só nisso — acrescentou, me fazendo revirar os olhos.

— Pra você é fácil falar — resmunguei. — Rico e bonito, podia ter todas as mulheres comendo na sua mão se quisesse.

— Eu queria sua irmã. — Soltou um suspiro. — E se você quer saber, minha primeira namorada terminou comigo. Ela só não me traiu. Uma coisa não tem nada a ver com a outra...

— Tá — murmurei amargurado. — Você é irritante às vezes.

— Quando você estiver menos revoltado a gente troca ideia. — Vinícius levantou e foi em direção aos quartos.

Eu realmente precisava superar a Betina o quanto antes, se nem o Vinícius estava me aguentando. Era porque eu devia estar mesmo insuportável. 

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Não acredito que veio aí o primeiro Spin off de TENL, tava tão doida que soltei com capa provisória. Gente deem amor pra essa história porfavor que eu tô bem empolgada kkk

Amor e outros processos sentimentaisOnde histórias criam vida. Descubra agora