Cheguei na faculdade esperando não cruzar com nenhum dos dois traidores. Deu certo até agora, quando estava comprando um lanche, avistei Betina vindo até mim.
— Luan, precisamos conversar — anunciou com uma expressão triste nos olhos.
— Não temos nada pra conversar, Betina! — exclamei, perdendo a paciência. — Cacete, larga do meu pé. Você me traiu, o que mais quer de mim?
— Eu te amo, aquilo foi um erro — argumentou, me fazendo quase soltar uma gargalhada.
— Garota, você tá se ouvindo? — indaguei com o cenho franzido. — Você estava aos beijos com o meu melhor amigo, agora quer que eu te perdoe?
— Estou arrependida — sussurrou, segurando minha mão.
— Me esquece, Betina. — Puxei com força o braço e fui me afastando.
Me esquivei tão apressado, que não notei o outro garoto vindo em minha direção. Trombei com ele, entornando meu refrigerante em sua camiseta.
— Merda! — xingou afastando o tecido do peito. — Você me deu um banho!
— Foi mal, eu não te vi — murmurei, vendo o estrago que causei em sua camiseta clara.
Ele era bem mais alto do que eu e por um momento pensei que viria pra cima de mim. Sabe como é, alguns garotos resolvem tudo na porrada. Eu não estava a fim de brigar, não depois de discutir com a Betina pela enésima vez.
— Quer saber, tá tudo bem. — Ele me encarou por alguns segundos. — Vou trocar de camiseta.
Fui para a sala receoso de que ele mudasse de idéia, ciente de que a Betina não estava arrependida e se estivesse não faria diferença. Só que... Droga, ainda assim doía pra caramba vê-la e não poder beijá-la ou abraçá-la.
Respirando fundo, me joguei na carteira. Esperando que as aulas acabassem muito rápido, como ainda era cedo, comi meu lanche ali mesmo e esperei o primeiro professor chegar.
Foi quando o garoto do esbarrão surgiu na porta.
Era só o que me faltava!
Ele me olhou e veio em minha direção, vestia outra camiseta e não parecia nervoso por eu ter dado um banho de refrigerante nele.
— Você é da minha turma — refletiu, jogando a mochila na carteira ao lado da minha. — Vai ser bom conhecer alguém.
— Não tá nervoso por eu ter derramado refrigerante em você? — perguntei receoso.
— Não muito, você parecia estar lidando com uma situação meio chata. Posso te dar um desconto — mencionou, abrindo um sorriso de canto. — Além disso, sempre ando com uma camiseta reserva na bolsa. Porque às vezes vou direto pra casa dos meus avós.
— Ah — foi o que eu disse, pensando em encerrar o assunto. — Menos mal, então. — Dei de ombros, pegando meus fones para voltar ao meu jogo até que o professor chegasse.
Antes que eu conseguisse realizar a tarefa, ele chamou minha atenção.
— Qual o seu nome?
— Luan — respondi, estendendo a mão. — E o seu?
— Noah, prazer... — Ele sorriu de novo e eu desviei o olhar.
Era errado eu achá-lo bonito? Esperava que não, porque ele era bastante. Alto, cabelo escuro e liso... Balancei a cabeça, afastando os pensamentos. Eu achava o Vinícius bonito também, acho que estava tudo bem.
— O prazer é meu.
Ficamos em silêncio por algum tempo, até que o pessoal começou a surgir e a sala encheu. Joguei duas partidas ainda antes do professor chegar, as primeiras aulas passaram rápido e logo estávamos indo para o intervalo.
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Amor e outros processos sentimentais
Novela JuvenilLuan cresceu, agora seu hobby favorito não é mais colocar sua irmã em situações constrangedoras. Afinal, no auge de seus dezenove anos, tem outras preocupações maiores. Por exemplo, o fato da sua namorada trai-lo com o melhor amigo e como superar o...