Capítulo 02

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Talvez uma das coisas que mais me deixasse triste atualmente era a mudança de Jack, isso estava partindo meu coração lentamente, não porque eu fosse terrivelmente apaixonada por ele, é que eu conseguia ter a mesma sensação que tive quando minha mãe deixou-me sozinha para morar na Espanha com meu digníssimo irmão mais velho. De qualquer forma, devo animar-me e comemorar o motivo pelo qual Jack está partido, ele encontrou seu amor verdadeiro.

__ Você também encontrará o amor, Anne. __ disse Kate na tentativa de animar-me enquanto arrumamos as caixas da mudança.

__ Eu decidi que não buscarei mais o amor. __ dei risada. __ Seguirei o conselho da grande Lana Del Rey, onde ela diz que o dinheiro é o que nos mantém vivos, motivo pelos quais vivemos.

Evidente era uma piada baseada nas músicas de uma das minhas favoritas cantoras da atualidade, mas certamente Kate não entenderia, até porque a mesma está cursando literatura inglesa, então arrisco-me dizer que ela é sem dúvida uma grande romântica. Pobre Jack envergonhado por minha boba piada levantou-se de seu lugar e veio até Kate convidando-a para ir até o café na tentativa de alimenta-la.

__ Venha conosco, Anne. __ ele disparou.

__ Ah não, __ suspirei. __ vocês precisam ter um pouco de privacidade.

__ Teremos toda privacidade quando nos casarmos, já eu e você pouco nos veremos, por isso insisto, venha conosco.

Imagino que Kate costumava incomodar-se com os convites que Jack me fazia, mas sempre respeitou e nunca o repreendeu por isso. Em um dia normal, provavelmente teria recusado, mas eu estava faminta, exausta e deprimida. Por esses motivos, aceitei o convite e me dirigi com eles para a cafeteria. Kate tinha um belo carro o qual a mesma dirigia para todo lado e sempre me carregava no banco de trás.

__ Chegamos! __ disse animada ao ver o café.

Está era sem dúvida minha cafeteria favorita na cidade, eu poderia caminhar horas até chegar aqui para tomar um simples café, gostava da tranquilidade do lugar. Nos sentamos em volta de uma das mesas próximas as janelas, logo o garçom apareceu e fizemos nossos pedidos. Enquanto Kate e Jack falavam sobre sua festa de casamento, eu me mantive presa no livro qual estava lendo, era mais um livro de Bauman sobre a modernidade líquida.

__ Jack! Kate!__ ouvi a voz masculina vindo do lado direito da mesa. __ Srta. Austen. __ ao cumprimentar-me vi que se tratava de Thomas.

__ Sr. Shelby. __ levantei a vista e enxerguei sua figura.

__ Vocês se conhecem? __ disse Jacke sorridente.

__ Ele está hospedado no hotel onde trabalho. __ confessei para Jack sem muito entusiasmo.

__ A senhorita vem sempre a este café, não é?__ disse Thomas com ar curioso.

__ Jack, __ encarei meu grande amigo, desviando a conversa fiada de Thomas. __ por que não me disse que conhecia um inglês?

__ Thomas e eu nos conhecemos há muitos anos, éramos garotos ainda quando nos encontramos, mas nossa amizade se firmou na adolescência quando fomos roubados em uma festa. __ contou Jack em risos.

__ Aquela situação foi extremamente humilhante. __ disse Thomas.

Durante toda a conversa, onde Jack contava resumidamente a amizade desconhecida até então por mim entre ele e o Sr. riquinho. Poderia olhar com mais facilidade aquele rosto pálido e frio,  além disso, seus olhos também vinham de encontro ao meu vez ou outra enquanto Jack se animava na conversa. Thomas não esboçava nenhuma reação, mas as vezes dava um leve sorriso. Aparentemente, Thomas tinha um companheirismo por Jack e estava na cidade para prestigiar o casamento do amigo.

__ Eu vou ao banheiro. __ disse Kate levantando-se da mesa.

__ Espere-me querida, __ disse Jack levantando logo depois dela e a seguindo.

__ Deveria ler algo mais interessante, __ ele disse ao encarar meu livro. __ algo sobre o mercado financeiro.

__ Não me interesso por finanças. __ disparei revirando os olhos.

__ O que você estuda? __ ele agarrou sua xícara de café com bastante força a levou para a boca, tomando o conteúdo dentro dela.

__ Psicologia criminal. __ suspirei deixando meu livro de lado e voltando minha atenção para ele. __ Este livro é só um passa tempo.

__ Interessante, __ ele se curvou sobre a mesa. __ o que uma estudante de psicologia criminal faz trabalhando na recepção de um hotel?

__ Eu precisava do trabalho. __ disse sem muito ânimo. __ Pagam relativamente bem e o horário é flexível.

__ Devia tentar algo que pudesse de fato agrega-la, algo dentro da área que estuda.

A conversa poderia ter fluido, se não fosse pelo retorno de Jack e Kate, além disso, quando avistei as horas pelo relógio de pulso qual carregava, verifiquei que estava no meu horário de partir. Então, logo que Jack e Kate sentaram, tomei um ar de coragem e levantei-me já em despedida

__ Bem, preciso ir. Está no meu horário de trabalho.

__ Mas já Anne? __ questionou Jack.

__ Sim. __ sorri. __ Até mais Kate, Jack. __ encarei fixamente Thomas. __ Senhor Shelby.

__ Até mais senhorita Austen.

Como disse, eram poucas quadras até meu trabalho, poderia ir andando do café até o trabalho com facilidade. E foi exatamente o que fiz, mais um dia se passava no trabalho, um dia devo dizer extremamente cansativo e quente. Até que ao fim do dia, pude finalmente retornar para casa, cansada de todo aquele caos do trabalho e as aulas exaustiva na faculdade, pude entrar em meu apartamento, agora quase vazio e jogar-me no sofá. Mas não passaria muito tempo até que a campainha tocasse e eu tivesse que mais uma vez levantar-me para me dirigir até lá. Abri a porta. Tratava-se de um entregador de flores.

__ O que? __ encarei sem entender o jovem moço.

__ Seu nome é Anne Austen? __ disse levando o cartão.

__ Perfeitamente. __ disse ainda confusa.

__ O Sr. Thomas Shelby mandou que lhe entregasse estás rosas brancas, assine aqui por favor.

Não sabia que era necessário a assinatura dos destinatários para se recebe flores, mas enfim, assinei o papel, peguei as flores e voltei para dentro. Minha cabeça havia dado um nó definitivo, eu acabaria de receber flores enviadas pelo próprio Thomas Shelby, homem o qual só troquei algumas palavras e agora ele me enviava FLORES. Coloque-as em um jarro velho que pertencia a minha mãe.

__ De certo está louco. __ disse ainda confusa.

Quando agarrei o cartão, prestes para lê-lo, meu celular tocou, então, deixei sobre o balcão da cozinha ao lado do jarro de flores o cartão e ouvi a mensagem de voz deixada para mim. Toquei as pétalas macias enquanto ouvia o recado de minha mãe, contando-me sobre problemas em sua relação com meu irmão. Apenas desliguei o recado e parti para ler o cartão:

           De: Thomas Shelby
        Para: Anne Austen

Flores brancas são representantes da paz e harmonia, espero que possamos ter isso em nossa relação de amizade no futuro próximo.

Bom, não me parecia dos piores cartão que já recebi, além de ter sido extremamente gentil de sua parte me enviar flores e um cartão para simbolizar nossa possível amizade.

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