Entre tudo que eu já havia visto nesta casa, especialmente nesta cidade, em um país tão distinto do meu, eu deveria dizer que essa era sem sombra de dúvidas um jantar mais do que espacial, contando com exatamente dezesseis lugares a mesa. Havia na decoração pensada, um musicista para tocar piano, flores e velas. Me senti em um lugar completamente fora da realidade. Foi um longo de dia preparativo para a noite desse jantar, tinha certeza que o senhor Solomons era muito rico, já que havia tanto empenho para agrada-lo.
__ Oi, mãe. __ disse ao telefone. __ Você está bem? Eu tô ligando para não te preocupar, estou na casa de um amigo e devo ficar por um tempo, mas não fica preocupada.
__ Que amigo? Que eu saiba seu amigo Jack acabou de se casar e você não tem amigos... Está na casa daquele homem?
__ Mãe, quando voltar eu prometo te visitar. Preciso desligar.
__ Sua mãe? __ disse Arthur ao entrar na sala onde eu estava pendurada ao telefone.
__ É. __ me preparei para sair.
__ O que foi, Anne? __ ele se aproximou rapidamente de mim. __ Tem medo de mim?
__ Não. __ encarei-o.
Arthur era um homem bem ríspido, cheio de defeitos, muito bonito, mas explosivo. Não havia nele piedade, sua alma parecia ter sido estraçalhada e seu caráter era duvidoso. Eu não o temia, apenas não me sentia confortável, absolutamente na presença de ninguém.
__ Estou tentando ser seu amiguinho. __ ele riu.
__ Por que? __ questionei.
__ Porque o meu irmão gosta de você. __ ele declarou impaciente. __ É da família agora.
__ É cedo demais para declarar algo assim.
__ Será? __ ele deixou a dúvida no ar e se retirou.
Fiquei pensando o que ele gostaria de dizer, por quais razões ele não poderia simplesmente ser sincero sobre o que pensava. Ainda sim, voltei para o meu quarto e me preparei para o jantar. Pensei que um vestido violeta me cairia muito bem, era modesto, elegante, suave, feito de seda com um leve decote nas costas que as despiam quase que por completo, além de uma abertura sútil na perna direita. Combinaria perfeitamente com um belo colar de brilhantes que Tommy havia me proporcionado.
__ Está linda. __ disparou Polly ao entrar no quarto.
__ Polly. __ sorri amigável. __ Agradeço sua observação.
__ Sua eu quem escolhi, sabia que ficaria bom.
__ Polly, __ me aproximarei dela. __ o que existe de errado com o Tommy?
__ Anne. __ ela suspirou e tocou minhas mãos. __ o Tommy tem alguns anos há mais que você, um homem cheio de vida que já teve muitos casos com mulheres... Mas o Tommy... __ ela suspirou insegurança sobre essa informação. __ Amou uma única vez e teve seu coração quebrado, depois disso, ele se transformou em um homem frio e sem grandes emoções.
__ Quem era ela? __ questionei.
__ Ela não se parecia com você fisicamente. __ ela esclareceu. __ Mas suas personalidades são parecidas, doce, discreta, desprotegida.
Encarei minhas mãos geladas depois dessa notícia, estava sem jeito, me sentia como se estivesse interpretando um personagem e por isso ela não gostasse de mim. Via em mim o reflexo de uma ex namorada. Ela soltou minhas mãos e partiu, me deixando sozinha novamente. Perguntei aos céus e a mim o que aquilo queria dizer, se essa ex namorada ainda existia, de onde era ela e por que ela o havia deixado.
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MODERNIDADE E THOMAS SHELBY
FanfictionComo seria Thomas Shelby nos dias atuais? O livro baseia-se na figura de Thomas Shelby e o trás para a modernidade que vivemos. Anne é uma jovem estudante de psicologia criminal e acaba conhecendo Thomas, desse modo, sua vida muda drasticamente do d...