Sempre tive absoluta certeza do que sentia, medo, raiva, tristeza, alegria, ansiedade, segura de mim, costumava dominar todas as áreas da minha vida. E então surgiu um homem, homem esse que mudou minha vida, meus sentimentos, minha maneira de enxergar o mundo. Ele me fez conhecer a paixão e tudo que a acompanha. Thomas foi o único homem que me interessei, que me apaixonei, mas isso estava me custando muito caro. Durante a noite, tive vários pesadelos com aquela cena, acordei diversas vezes e todas as vezes Thomas me tomou nos braços e me fez ficar calma.
__ Acho mais seguro ir para um hotel, o que você me diz? __ ele sugeriu durante a manhã.
__ Não. __ disse voltando minha atenção para ele que estava deitado na cama e eu me encontrava de pé, olhando pela janela o dia na fora. __ Vou passar para trancar a faculdade, pedir demissão do trabalho, tenho muito para fazer, se conseguir resolver tudo, podemos ir embora ainda hoje.
__ Claro. __ ele disse levantando-se. __ Faremos como você preferir, de qualquer forma, vou telefonar e pedir um quarto de casal em um hotel da cidade.
Havia um outro problema ainda não exposto, a possibilidade de uma gravidez, possibilidade essa que apenas eu conhecia. Mas eu não poderia me esquecer que eu tinha uma mãe na Espanha a qual eu não ligo desde que estive na Inglaterra. Por fim, Thomas me deixou para resolver algo, enquanto eu me dirigi pelas ruas da cidade, parando na primeira farmácia e comprando o teste de gravidez que eu precisava tanto fazer.
__ Será agora!
Disse tentando encorajar a mim mesma, mas por dentro estava completamente apavorada com a ideia de estar grávida de um homem que eu mal conhecia. Como Jack faz falta nesses momentos, tenho certeza que ele me daria os melhores conselhos, talvez ele até me falasse "eu avisei a você", mas agora era tarde pra expor tudo isso. Então, voltei para casa pronta para fazer o teste, definitivamente não existia espaço em minha cabeça que me permitisse resolver assuntos burocráticos. Por alguns instantes eu implorei para deus que não me concedesse um filho nesse momento, estava desesperada, mas quando marcou os dois tracinhos, tive certeza, que eu não estava louca, na verdade eu estava grávida.
__ Não. Não. Não. __ disse desesperada.
Agora eu não estava só com medo, estava em completo pânico, além de está com um braço machucado que estava doendo, tinha um bebê dentro de mim, era demais para mim. Por indicante senti meu corpo fraco, prestes a cair, mas então eu me recompus. Precisava de alguma maneira contar para ele, mas não havia coragem suficiente em mim para isso. Foi quando ouvi a porta abrir, deveria ser ele. Deixei o teste no banheiro e me direcionei a sala.
__ Tommy, eu preciso falar com você... __ me preparei, mas ele me interrompeu.
__ Eu primeiro. __ ele sentou-se e acendeu um cigarro. __ Estou indo embora.
__ Espera, eu não consegui resolver tudo, mas lhe prometo que até o fim do dia irei fazer isso.
__ Você não entendeu. __ ele suspirou no meio de um trago e outro no cigarro. __ Anne, estou indo embora sozinho, percebi que não somos compatíveis e você não está preparada para viver uma vida ao meu lado, é melhor que fique aqui e continue vivendo sua vida parcial. Suas expectativas de vidas não distintas das minhas, nossos momentos foram agradáveis, mas acabou aqui.
__ O que? __ sentei-me logo que senti meu corpo enfraquecer. __ Você está indo.... Indo embora? Depois de ter matado um homem no meu apartamento, de me ver quando sendo assassinada por sua causa? De me fazer largar tudo?
__ Querida, __ ele sorriu. __ foi interessante e você teve a oportunidade de conhecer a Inglaterra. Mas a minha vida, exige muito de mim, percebi que você tira meu foco e me torna volúvel. Será melhor para você não ficar ao meu lado, muitas coisas ruins podem te acontecer, se você voltar para sua vida pacata, ainda pode ser feliz ao lado de qualquer homem capaz o suficiente de te proporcionar tranquilidade.
__ Sai daqui! __ grite eu. __ Pega o seu jatinho e vai embora, não me procura nunca mais.
__ Adeus. __ ele disse levantando-se e preparando para partir.
__ Por que está fazendo isso comigo? __ disse quase em sussurro.
__ Talvez seja para o seu bem.
Nesse momento, ele se aproximou de mim, tocando minha cintura, ele beijou o topo de minha cabeça alguns instantes. Depois, ele se retirou do apartamento sem olhar para trás, deixando ali não apenas uma mulher apaixonada, mas um filho que estava em meu ventre, um filho tão pequeno que ainda nem se quer poderia ser considerado uma vida. Me senti completamente devastada e me lembrei do que Jack havia me dito sobre Thomas. Lembrei do judeu e de toda a família de Tommy. Eles estavam certos, sabiam o que estavam falando sobre ele, era um homem frio, um homem que iria me abandonar.
__ Eu odeio você! __ gritei enquanto chorava.
Chorei por bastante tempo, deitada sobre a cama, com uma sensação de tristeza e angústia. Algumas horas se passaram e eu ainda estava ali, chorando por um homem que acabava de me deixar, especialmente grávida. Meu telefone tocou, era Jack, desde o casamento eu não havia telefonado, deveria ter muitas novidades, ainda que eu não quisesse atender, por não estar bem o suficiente, preferi tentar o contato para não parecer que algo estava errado.
__ Oi Jack! __ disse ao atender.
__ Anne, você está bem? Não tem me telefonado, está com problemas?
__ Não, está tudo bem Jack. __ suspirei. __ Eu andei muito ocupada, depois que você foi embora, ficou muito vazio este apartamento.
__ Eu sei. Mas escuta Anne, eu gostaria muito que você conhecesse minha nova casa, somos como irmãos, não consigo ficar sem ter você por perto.
__ Assim que possível, eu irei, prometo.
__ Você está bem? Sua voz parece triste.
__ Sim, estou. Agora eu vou terminar de preparar algo para comer, prometo voltar a te ligar, está bem?
__ Anne, eu amo você, não se esqueça disso.
Estava exausta da viagem e dos demais acontecimentos, então, eu adormeci sem perceber que não havia ingerido nenhum alimento, chorei até dormir como quando era criança. Durante um período de sono, tive alguns pesadelos que me causaram fortes dores abdominais às quais eu tinha a sensação de ser física. Quando acordei, percebi que a dor era mesmo física, sentia uma enorme dor, era como uma cólica do que três vezes mais forte, uma dor insuportável. Tentei levantar e percebi que meus lençóis estavam molhados, cheio de sangue, tinha sangue por todo lençol.
__ Não. Não. Não.
Comecei a ficar desesperada, estava sangrando, era um aborto espontâneo, me esforcei para sair da cama, tropeçando e caindo no chão, a dor só aumentava, eu precisava chegar ao hospital para tentar salvar a criança e a mim, um aborto como esses era um risco. Peguei o telefone ao lado da cama e telefonei para Joseph, o único mais próximo, e implorei para que ele me atendesse. Por sorte ou destino, Joseph me atendeu, vindo ao meu encontro, ele levou-me para o hospital, mas o sangramento não parava.
__ É um aborto, precisamos retirar o saco gestacional. __ informou a médica.
__ Você está grávida? __ Joseph falou em surpresa.
__ Eu também não sabia, até hoje de manhã. __ falei ainda sentindo fortes dores e chorando.
__ Está grávida de seis semanas, um mês e meio, são comuns aborto nesse período de tempo. Fique calma e tudo vai melhorar.
Foi um episódio horrível, a dor de perder um bebê é certamente pior do que qualquer dor física que possa ser mencionada. Lembro-me de chorar durante todo o processo de coleta do feto, assim como, chorava por tudo que estava me acontecendo.
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MODERNIDADE E THOMAS SHELBY
FanfictionComo seria Thomas Shelby nos dias atuais? O livro baseia-se na figura de Thomas Shelby e o trás para a modernidade que vivemos. Anne é uma jovem estudante de psicologia criminal e acaba conhecendo Thomas, desse modo, sua vida muda drasticamente do d...