A morte deixada

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Não mais ao pé do leito derradeiro,
Mas na mira de um tiro certeiro,
Anotado num ficheiro,
Dum necrotério lotado;

Perto da praça,
Onde amantes andam de mãos dadas,
Cheios de esperanças criadas,
Numa luz opaca batendo na vidraça;
Escoando a água pelos olhos,
Enquanto os dentes rangem descontentes,
Com o pensamento num gatilho,
Junto de outros que se fazem de crentes,
E com o eco do silêncio vigente;
Retiram a vida de uma memória deixada,
Por um tiro certeiro,
Que na luz opaca,
Na vidraça quebrada,
E o brilho da lágrima,
Escassa de esperanças,
Que se convertem em nada,
Numa lástima alada;
Já em seu coração,
A plena desgraça.

Salada de BalançosOnde histórias criam vida. Descubra agora