A Herança

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Sinto a carne arder
Nos extremos de nossa sociedade oligárquica
Na minha pele, vejo-a queimar
Cinzas de um futuro incerto

Sim, nas cinzas
No cerne daqueles os quais
Não mais me aparecem
Senão em pesadelos inquietantes

Nossa hipocrisia, falsa modéstia,
Oblíqua fraternidade ambulante

Sinto irmãos e irmãs nus
Observando boquiabertos
O prato de comida
No lixo de ontem

A generalidade em nós
Destronando lobos e leões
Em função de outro nome
Que de novo arderá, pobre carne
Até quando, de tão escura,
Ainda reste a herança de nossos
Últimos, latentes, dias

Fome
Miséria
Covardia

Salada de BalançosOnde histórias criam vida. Descubra agora