Cheguei, minha negada,
Na serra pelada,
Ao som de um pandeiro festeiro;Cai dentro de mim, amigo estimado,
Das alegrias do povo, no estopim,
Onde o reto é mais um torto,
Que embora agora vai;
- Adeus! - digo enfim;- Mas para onde tu vais? - milhares perguntam;
Respondo que para onde for,
Vou com o universo atrás;
- E onde ficarás?
- Responder irei quando descobrir onde estou;- Perdido irá ficar - insistem em dizer;
- Perdidos todos estamos, e não há o que fazer;
E sento na sargeta, minha única certeza de apoio;
Sei que todos olham pelo canto do olho;- Fique com Deus, então! - Despedem-se.
- Pois não: Fiquem para vocês!
Por onde trilho, agora trilho sozinho,
Sem nenhum milagre no caminhoPensando na vida, uma comparação:
Fora uma vida cega,
Sou um alimento fora de seu vidro de conserva;
Ai de mim, minha querida;
Espero ser um alimento difícil de se fazer,
Mas mais gostoso de se comer,
Pois assim o caminho é mais longo,
E sei que no fim todos vamos perecer.Cheguei, minha negada,
E já vou,
Pelo caminho que ninguém trilhou,
Sem replay, sem bis:
Aqui vai um alimento feliz.
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Salada de Balanços
PoesiePoesias, minipoesias e crônicas para todos os momentos. Obras originais. Capítulos novos Toda quarta e sábado.