(Crônica) Esquecer, jamais!

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Quanto tempo demora para nos esquecermos de alguém? Essa é a pergunta de um milhão de Dólares, Libras, Euros (O que estiver valendo mais). Antes de tentar bancar o espertinho, note que eu não disse "superar", e sim esquecer. Superar é fácil, necessário, se comparado ao ato em questão. O bebê supera o seio da mãe, o cachorro supera o graveto perdido, o padre supera a missa vazia. Agora, esquecer? Indubitavelmente, o cérebro humano tem a linda necessidade de se lembrar de tudo o que gostaríamos de deixar pra trás.

Não me entenda mal quem lê esta crônica. Querer esquecer chega a ser covarde, acredito eu, mas, por Netuno, como gostaria que fosse simples de se fazer. Mesmo agora, escrevendo isso, de tanto digitar a palavra "Esquecer", já estou me lembrando de tudo e já não quero esquecer de nada. E isso poderia permanecer assim, se a realidade não me dissesse que essas mesmas recordações serão meus pesadelos à noite e uma garantia de sono perdido e soluços no travesseiro. É covarde, mas, se fosse possível, seria tão mais... fácil.

Eu não quero me esquecer. Perdão. Mesmo agora, eu não quero. Isso significaria deixar pra trás anos da minha história, discussões, lágrimas, risos, conversas que não levariam nenhum de nós a lugar algum, mas, de certo modo, levaram. Não quero me esquecer pelo simples fato de que amo ser a pessoa que me tornei após te conhecer, e, por mais que doa admitir, continuarei sendo mesmo com sua ausência. Mais importante ainda, não quero me esquecer pois qual seria a necessidade? Uma noite mal dormida, ou uma semana, ou meses, todos devemos enfrentar algum dia. E admito que tais noites me foram como um psicólogo natural da alma, na sua maneira mais poética de se dizer.

Quando assisti ao "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", lembro que cheguei a pensar que o Jim Carrey estava fazendo uma puta tempestade numa poça d'água. Agora entendo o quanto era pura a razão de tal tempestade. A tempestade ajuda a movimentar tudo, e a água é só mais uma desculpa pra ficarmos como estamos, procurando a eterna estabilidade onde ela já não existe, brincando de barquinhos de papel sem vento para movimentar uma simples onda. Hoje vejo que o vento me move, e move minha superação e todo o resto. Hoje, espero ásperos tempos e magníficas tempestades à frente. E como espero.

Salada de BalançosOnde histórias criam vida. Descubra agora