43. vinnie hacker

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Quando subi naquele palco e fiquei diante de todos os convidados, pude ter uma visão clara do grande público para quem eu iria falar esta noite.

O lugar era incrivelmente grande e iluminado, além da decoração luxuosa que ia do chão ao teto. Mas o que mais me chamou a atenção foi o número de pessoas bem vestidas e cheias de glamour que aguardavam as apresentações.

Eram possíveis investidores, donos de empresa, políticos e milionários no geral.

E mesmo me sentindo desafiado, segui com a minha palestra como da primeira vez, mantendo a minha dicção controlada, minha respiração dentro de seus limites e o olhar atento e confiante para o público.

No fim, tudo indicava que eu havia me saído muito bem, tendo em vista que recebi muito mais aplausos do que os outros palestrantes.

Depois de agradecer, saí do palco e fui em direção à Phoebe, que me recebeu com um sorriso e um abraço quente.

- Você foi incrível! - ela disse ao pé do meu ouvido.

- Impressionante, Hacker! - ouvi Morgan dizer ao meu lado. Me soltei do abraço de Phoebe e o encarei. - Não achei que você fosse se sair tão bem, mas eu me surpreendi.

- Por que seus elogios precisam ser tão ácidos, irmãozinho? - Catarina falou. - Eu tinha certeza que você seria demais, Vinnie. É ótimo com as palavras... e com todo o resto. - me olhou de cima a baixo.

- Bom... - Phoebe enlaçou seus braços em volta de meu pescoço, deixando Catarina longe do meu campo de visão. - Acho que a gente não tem mais que ficar perto dos Morgan's. - sorriu e eu retribuí.

- Imaginem, o show só está começando! - Allan colocou suas mãos sobre nossos ombros.

- Hora de conversar com os investidores. - Phoebe  revirou os olhos, mas se deu por vencida.

Nós quatro começamos a caminhar pela festa, conversando e respondendo as perguntas de todos. As pessoas ficaram mesmo interessadas nas duas empresas depois da minha palestra.

Quem tomava a frente das conversações sempre eram Allan e Phoebe, enquanto eu e Catarina observávamos, dando uma opinião ou outra. Sinceramente, aquilo estava sendo um saco pra mim. Eu era um publicitário, não um homem de negócios.

Allan andava na frente, sendo seguido de Phoebe, depois eu e Catarina logo atrás. Íamos em direção ao centro da festa, onde o prefeito se encontrava. Mas quando passamos pela frente do bar, Catarina segurou o meu braço para que eu parasse e eu nem tive tempo de chamar a atenção de Phoebe, que nem sequer percebeu que eu havia ficado para trás.

- Isso não é super chato? - Catarina disse.

- Achei que lidasse com isso o tempo todo.

- E você acha que essa é a profissão dos meus sonhos? - riu. - Só faço isso pela família. - ela fez sinal para o barmen. - Dois uísques, por favor! - pediu.

- Achei que preferisse as bebidas que dão trabalho. - eu disse.

- Ah, veja só, você se lembra do nosso primeiro encontro. - sorriu de lado.

- Não é nada demais. - dei de ombros.

- Claro que é. Pensei que você tivesse me esquecido por completo.

- Não tinha o que esquecer, Catarina. Você nunca esteve em minha mente. - fui direto.

- Au! - colocou a mão sobre o peito em sinal de ofensa. - Não sou tão ruim assim.

- Convive tanto consigo mesma que nem percebe. - ri.

- Conviveu tanto com a Phoebe que aprendeu a gostar dela, mesmo ela sendo igual a mim.

- Ela não é igual a você.

- Você nem teve tempo de me conhecer.

- Talvez, mas te conhecer agora é uma inutilidade.

Ela me encarou séria, mas nada disse e após a chegada dos nossos uísques, ela deu um grande gole e soltou um suspiro.

- Tem razão, eu prefiro as bebidas que dão trabalho. - colocou a mão sobre a testa. - Pode pegar o cardápio do bar, por favor? - apontou para o outro lado do balcão.

Fiquei de pé e andei até lá. Peguei um dos cardápios de bebidas e voltei para onde ela estava.

- Aqui está.

- Obrigada. - enquanto ela analisava as opções, eu bebi toda a bebida do meu copo. Olhando em volta, eu não conseguia avistar Phoebe em nenhum lugar.

- Acho melhor procurar a Phoebe e o Allan agora. - falei ficando de pé.

Senti uma tontura bater em minha cabeça como um martelo, mas aquilo era impossível. Só bebi uma dose de uísque, então não teria nenhum efeito.

- Você está bem? - Catarina tocou meu ombro e eu ouvi sua voz que parecia chegar de longe.

- Acho que eu levantei muito rápido e a pressão caiu. - deduzi.

- Melhor ir à um lugar menos barulhento.

Ela começou a me guiar por entre as pessoas, mas eu não tinha forças pra questionar nem me impor aquilo. O mundo ao meu redor girava de tal forma que eu mal conseguia distinguir os rostos de todas aquelas pessoas, nem mesmo podia prestar atenção para onde Catarina estava me levando.

Aos poucos, o barulho da festa foi ficando cada vez mais longe até que as vozes se silenciassem. Não havia ninguém, só eu e Catarina num corredor com várias portas.

Ela abriu uma delas e nós entramos numa sala com alguns sofás, uma enorme penteadeira e uma estante de acessórios que eu não consegui identificar.

Sem relutância, a acompanhei quando ela fez sinal para que eu sentasse no sofá ao seu lado.

- Onde estamos? - perguntei ainda atordoado.

- Num lugar mais calmo. - ela disse, começando a correr seus de dos por meus braços. - Só relaxa. - tocou meu peito, fazendo menção de retirar o blazer que eu vestia.

- Ei! - segurei seu pulso, mas eu não tinha forças para impedi-la.

- Vincent, relaxa. - foi me empurrando até que eu jogasse todo o meu corpo para trás, me deitando no sofá.

Eu olhava o teto acima de mim que parecia se mexer cada vez mais conforme eu piscava.

Mesmo com meu corpo ficando dormente, eu podia sentir os lábios molhados dela por meu pescoço, suas mãos desesperadas por desabotoar minha camisa e suas pernas, postas em cada lado do meu corpo.

Era como se eu estivesse quase desmaiando de tão tonto. Como se meu corpo já não respondesse aos meus comandos, me fazendo ficar indefeso para que Catarina usasse e abusasse de mim.

- O-o que você fez comigo? - perguntei num tom baixo.

- Só te dei uma coisinha especial pra que eu pudesse te lembrar o porquê de eu ser melhor do que ela.

- Vo-você armou isso... não é? Quando eu fui... - não conseguia nem mais falar.

- Quando você foi pegar o cardápio? Sim. - riu. - Nunca se afaste do seu copo numa festa, querido.

Ela votou sua atenção para o meu pescoço e dessa vez, subiu seus beijos até a minha boca. E por mais que eu tentasse empurrá-la para longe de mim, não conseguia ter forças em meus braços e o pior, toda vez que eu erguia as minhas mãos, ela fazia questão de me forçar a abraçá-la.

A única coisa que eu tentava fazer era me concentrar para manter os meus lábios parados, dificultando suas tentativas de me beijar, mas de uma forma ou de outra, ela corria sua língua por dentro da minha boca e me tocava como podia.

Foi quando eu ouvi a porta abrir e do nada, uma gritaria começou. Catarina foi pega pelos cabelos e arremessada no chão.

Com muita dificuldade, me esforcei para sentar e assisti enquanto Phoebe proferia palavras terríveis não só para Catarina, mas para mim também.

Por mais que eu não entendesse o que ela dizia, ver ela chorando e apontando o dedo em meu rosto já deixava claro o que estava passando por sua cabeça.

𝗗𝗢𝗡𝗔 𝗗𝗘 𝗠𝗜𝗠 ✗ vinnie hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora