perched in the dark.

91 19 6
                                    

Uma mulher apareceu na delegacia segurando um cigarro nos lábios e coçando o queixo. Estava meio bêbada e perdida.

Seus cabelos estavam armados e seus olhos azuis eram claros como o céu. Parecia como a ovelha negra de alguma boa família.

O senhor Jaeden declarou que achara a mulher no meio da estrada, saindo de uma cidadezinha no interior de Goldland, ela procurava por alguém chamado "Boo".

"Eu precisava voltar para Folks, xerife, então a trouxe comigo. Fui buscar remédio para Anisa, ela não está muito bem."

Louis perguntou onde a mulher estava, e a encontrou de costas, olhando através da cerca as grandes plantações de legumes e verduras.

Ele se recostou ao lado da mulher, sem precisar a olhar nos olhos para reconhecer. Pediu para que Jaeden deixasse que ele resolveria.

"Não sei mais o que fazer para te ajudar." Disse calmamente, a guarda baixa e os ombros encolhidos.

"Eu vim aqui..." A mulher sussurrou, a voz pouco embargada e o cigarro aceso na mão esquerda. "Porquê preciso de dinheiro." ele se manteve em silêncio, sentindo uma sensação ruim palpitando em seu coração. "Qualquer coisa, Boo."

A pontada em seu peito se fez presente, assim como em todas as outras vezes que teve que presenciar sua pobre mãe nesse estado, usando de sua maior artimanha para arrancar qualquer migalha que Louis pudesse oferecer.

"Eu não— Não posso, Johannah." Ele inspirou e expirou. As pernas de repente um pouco mais fracas que ontem e anteontem. "Não vou contribuir para isso."

Johannah passou a vida inteira deixando seus dois filhos na casa de parentes para que pudesse se aventurar com suas paixões. Lottie se foi com onze, tia Margot descobriu o tumor muito tarde. Johannah nunca pareceu abalada pela morte da filha, e sinceramente, Louis tinha quatro anos e só não pôde lidar com aquilo.

Algumas noites a mulher aparecia na tia Margot, com os olhos manchados de graxa e as unhas roídas. Ela segurava Louis nos braços enquanto dormia, e quando ele acordava, ela já não estava mais por lá.

Sua última memória fresca desses tempos fora o apelido, Boo. Era tudo o que tinha sobrado para ele.

E apesar de ter tentado fugir desse passado congelado em um vidro abafado, tudo sempre voltava pra ele.

Então ele tinha sua vida de mentiras em Folks, um coração cheio de compaixão pela mãe que nunca teve, e uma cega ambição no peito.

breakfast at folks | hiatus.Onde histórias criam vida. Descubra agora