i locked it down.

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"Você quer ir em um lugar?" Pergunto, não conseguindo conter o insano anseio que se reverbera entre o pé do meu estômago e a sensação de formigamento se perdurando no céu da minha boca.

"Oi pra você também, Harry Styles." Ele responde, e eu sinto meu pescoço queimar.

"Me desculpa." Falo baixo o suficiente para que ele não perceba minha vulnerabilidade palpável, e abro espaço entre a porta. "Oi, Lou...is."

"Minha irmã me chamava muito de Lou." ele diz casualmente, retirando o casaco e o deixando entre o vão do sofá.

"Não sabia que tinha uma irmã."

Sinceramente, nossas conversas eram um pouco limitadas. Acho que ainda estávamos aprendendo a lidar com esse novo fator recorrente.

Como nos interrompíamos rudemente com beijos francos e singelos depois de um silêncio extenso no meu sofá. - apesar de isso ter acontecido só duas vezes.

"Ela morreu muito nova."

"Sinto muito." Digo com a voz baixa, mas ele sorri fraco e reconfortante.

"Ah, tudo bem. Já faz muito tempo." ele assente pra si mesmo, se aproximando do meu corpo. Queria beija-lo. Queria pra caralho, mas me contive. "Bem, onde vamos?"

[...]

Eu não planejei nada. Mas por sorte tinha um estoque vagabundo de salgadinhos e pão com pasta de amendoim no armário à pronta disposição.

Guardei tudo em uma bolsa e reservei água fervente na garrafa térmica - Louis me segredou sua obsessão por Yorkshire Tea enquanto tocávamos os nossos pés enrolados no sofá e eu passava os lábios delicadamente sob seu ombro.

Nos sentamos no topo mais alto de Folks, e como éramos criaturas da madrugada, nada mais justo do que ser quase meia noite e não ter nada para ver além das estrelas.

Por sorte a lua brilhava como raios solares incandescentes pelo céu azul e irradiava aquela sensação intrigante de conforto. Talvez seja pelo fato dela ser aliada do silêncio. Ou talvez por ser amante da escuridão. Duas coisas das quais passei minha vida inteira aprendendo a apreciar.

Sempre fui alguém noturno, desde muito novo. Tudo acontecia e fluía de um jeito mais leve e aliciante quando a cidade dormia e o ar parecia tão mais respirável. Tão menos sufocante e mais acolhedor.

Era libertador sentir que eu podia fazer qualquer coisa que eu quisesse às duas da manhã, ninguém veria, ninguém diria nada.

E dividir essa sensação inebriante deitado ao lado de um canteiro de pequenas flores com o xerife ao meu lado, tornava todos os pequenos aspectos da experiência ainda melhores.

Não dizemos nada por muito tempo, somente apreciando o vasto e abrangente céu estrelado e suas constelações. Minha pele toda se arrepiava ao sentir seu ombro tocar o meu, e por mais que nenhum de nós soubesse como agir, eu me senti extremamente confortável. Confortável com o fato de que ele, de alguma forma, compreendia uma parte de mim que mais ninguém jamais conheceu.

Éramos almas solitárias desesperadas por um fio inconsciente de ligação. Nunca percebi o quanto ansiava por uma companhia até desejar imensuravelmente a de Louis.

"Como você se sente?" Ele pergunta repentinamente, ainda vislumbrando todos os detalhes ardilosos do céu e memorizando a temperatura da minha pele quando se fincava com a dele. "Sobre isso."

E eu entendo de imediato sua divagação. E percebo que não faço ideia de como responder.

"Não sei como lidar com isso."

"Eu nem tento." Ele responde mais baixo, se apoiando nos cotovelos e se virando para mim. "O que você acha que deveríamos fazer?"

"Eu não sei."

Não consigo olha-lo nos olhos, mas sei que ele espera por qualquer mínimo vestígio de resposta.

Tudo sempre foi mais fácil de entender quando o único sentimento mútuo que compartilhávamos era ódio.

Pequena parte de mim sente falta do conforto gritante que era ser inimigo de Louis Tomlinson, apenas porquê era só isso. Inimigos e nada mais. Somente a faísca reluzente da raiva voando entre nossos corpos.

E não é como se fosse mais fácil desde que descobrimos essa parte estranha e ainda desconhecida que nos unia de um modo não convencional. Com certeza era mais leve a sensação de bagagem nas costas quando eu não precisava me importar com nada além das minhas próprias merdas e o xerife idiota que não conseguia manter poder nenhum sobre mim.

De alguma maneira, eu sentia como se precisasse fugir daquela temperatura morna que aquecia minhas veias sanguíneas e correr para o lado mais frio e intocado.

Se era uma parte ínfima da minha intuição se esgoelando para eu a ouvir, eu não sei. Mas algo perdurava o ar. Era como se tivesse uma pedrinha tapando minha respiração e sufocando meus pensamentos. De modo inconsciente, meu corpo tentava afastar aquele pré aviso e me arrastava para uma parte do cérebro que confortava meus mais selvagens devaneios.

Talvez fosse a antecipação dissipada em uma breve e contada ansiedade. Ou talvez fosse novamente uma gritante placa com glitter, dizendo corra.

breakfast at folks | hiatus.Onde histórias criam vida. Descubra agora